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Merkel e Hollande discutem respostas à crise dos refugiados

Encontro servirá para "harmonizar" estratégias de acolhimento. Berlim prepara-se para receber 800 mil, quatro vezes mais do que o número de refugiados recebidos no ano passado.

Negócios 24 de Agosto de 2015 às 14:01
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Angela Merkel e François Hollande reúnem-se em Berlim nesta segunda-feira, 24 de Agosto, para tentar "harmonizar" estratégias nas políticas de acolhimento dos refugiados e pensar numa "política europeia completa" para lidar com os requerentes de asilo, numa altura em que a Europa está a ser alvo do maior influxo de imigrantes dos últimos 50 anos.

 

"Tem de haver um novo ímpeto para se fazer o que já foi decidido e olhar para o problema sob novas perspectivas", afirmou à France Presse fonte da presidência francesa, citada pela Lusa. A mesma fonte admitiu que as decisões já tomadas na União Europeia "não chegam e não são suficientemente rápidas".

 

As prioridades de Merkel e Hollande passarão por fazer uma lista de países que possam ser considerados seguros, pelo que os respectivos cidadãos não terão resposta a pedidos de asilo, a não ser em circunstâncias excepcionais. Até agora não tem havido consenso para elaborar esse tipo de lista, o que ilustra a falta de "uma política europeia completa" para lidar com os milhares que procuram refúgio no continente. Os dois líderes querem também acelerar a instalação de centros de acolhimento na Grécia e na Itália para identificar requerentes de asilo e imigrantes ilegais. Os líderes europeus concordaram em receber 40 mil refugiados da Síria e da Eritreia, nos próximos dois anos, mas sem as quotas que chegaram a ser propostas pela Comissão Europeia para garantir a respectiva repartição.

 

"Enquanto estes centros não estiverem instalados e não houver solidariedade interna dentro da União Europeia, o regresso dos migrantes aos seus países de origem - que dissuadiria novas chegadas - não vai acontecer", argumentou a fonte do Eliseu.

 

Em Roma, as autoridades italianas afirmaram que só no sábado recolheram 4.400 migrantes que tentaram atravessar o Mediterrâneo em 22 embarcações diferentes, o número diário mais alto dos últimos anos. Em Julho, cerca de 107 mil refugiados chegaram à Europa – também um recorde mensal. A maioria dos refugiados são pessoas que fogem da guerra e da pobreza na Síria, no Afeganistão e em países africanos. Chegam à Bulkgáia, Itália e à Grécia, que encaminhou para a fronteira com a Macedónia cerca de 45 mil refugiados que tentaram neste fim-de-semana ultrapassar cercas de arame farpado e um forte dispositivo policial. A polícia de choque usou granadas, bombas de gás lacrimogéneo e cassetetes, sem porém conseguir deter os migrantes. Skopje tinha declarado o estado de emergência na quinta-feira, 20 de Agosto, e decidiu fechar a fronteira aos clandestinos, que continuaram a afluir, num ritmo de dois mil por dia, rumo à Sérvia. O objectivo final é entrar no espaço Schengen de livre circulação europeia, e rumar ao Norte. Áustria, Alemanha e Reino Unido têm estado entre destinos mais procurados pelos refugiados.

Alemanha espera 800 mil

O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou hoje que o aumento do número de pedidos de asilo - que este ano deverá exceder 800 mil - é "o maior desafio para a Alemanha desde a reunificação", em 1990. Este valor representa 1% da população alemã, é quatro vezes superior ao número de refugiados recebido pela Alemanha no ano passado e quase duplica as estimativas do Departamento de Imigração e Refugiados do próprio ministério do Interior, que em Maio antecipava 450 mil novos pedidos de asilo.


A Alemanha recebeu, no ano passado, cerca de 202 mil de um total de 626 mil pedidos de asilo entregues nos países da União Europeia. Só neste ano já chegaram à Europa 340 mil pessoas, a comparar com as 280 mil que chegaram em 2014.

Estamos perante um novo desafio, ao qual temos de responder explorando novos caminhos", declarou o ministro do Interior no fim-de-semana, Thomas de Maizière, acrescentando que a procura de soluções terá de passar também pelos "länder" (estados alemães) e poderes locais do país, assim como pela totalidade da União Europeia".

Nada sugere que a onda de refugiados vai diminuir nos próximos meses, uma vez que "lamentavelmente, não se vislumbram soluções para as crises humanitárias e conflitos armados" que obrigam as pessoas a deixar os seus países de origem, indicou.

 

A Alemanha responderá à situação "de forma responsável" e vai oferecer aos refugiados "um acolhimento digno", afirmou Thomas de Maizière, advertindo porém que a devolução daqueles cujo pedido de asilo não for aceite deverá ser feita "com maior celeridade", referindo-se às pessoas chegadas dos Balcãs, cerca de 40% do total dos peticionários, que não se considera terem direito a asilo por não procederem de zonas de conflito. Até agora, o máximo histórico de solicitantes de asilo na Alemanha tinha sido 438.000, correspondente ao ano de 1992, em plena guerra nos Balcãs.

Entretanto, grupos neonazis voltaram a confrontar-se este domingo com a polícia em Heidenau, próximo de Dresden, na segunda noite de manifestações contra a chegada de cerca de 600 refugiados ao centro de acolhimento daquela cidade. "É repugnante como extremistas de direita e neonazistas tentam espalhar a sua mensagem idiota de ódio em torno de um abrigo de asilo", condenou hoje o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert. Segundo a Reuters, 31 polícias ficaram feridos, depois de terem sido atacados com garrafas, pedras e "cocktails Molotov" por cerca de 150 extremistas.

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