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Itália está a um "pequeno passo de perder a confiança dos investidores", alerta Banco de Itália
Num dia de forte queda nos juros de Itália e na bolsa de Milão, o governador do Banco de Itália deixou recados aos partidos populistas do país.
A economia italiana está "apenas a um pequeno passo" de perder a confiança dos investidores. O alerta foi deixado esta terça-feira, 29 de Maio, pelo governador do Banco de Itália, Ignazio Visco, num dia em que os activos italianos estão em forte queda, com os investidores a temerem que a realização de novas eleições conduza a terceira maior economia da Zona Euro a abandonar a moeda única.
No encontro anual do Banco de Itália, Visco deixou um recado aos partidos populistas que estão em confronto com o Presidente da República por este ter bloqueado a escolha de um eurocéptico para o cargo de ministro da Economia (com a pasta das Finanças) do governo de Giuseppe Conte.
Sergio Mattarella escolheu Carlo Cottarelli para primeiro-ministro e o antigo director do FMI vai hoje apresentar a composição do seu governo de transição, que tem como objectivo apresentar o orçamento para 2019. Mas os investidores estão a reflectir os receios de que Cottarelli não consiga o apoio do parlamento e fique apenas em gestão corrente até às eleições que neste cenário decorrerão depois de Agosto. A bolsa italiana está a afundar mais de 3% para mínimo de nove meses e os juros da dívida estão a disparar, superando os 3% a 10 anos e registando uma subida acima de 100 pontos base nos prazos mais curtos.
Visco afirmou que "não há justificações - excepto emocional - para esta reacção a que estamos a assistir hoje mercados", afirmou o Governador.
"Temos que seguir em frente com a agenda de reformas", afirmou Visco, citado pela Reuters. O governador lembrou que a economia italiana e as finanças públicas do país estão finalmente a recuperar depois de vários anos de trabalho duro, sendo que aumentar o défice não é a resposta certa.
O Movimento 5 Estrelas e a Liga têm criticado fortemente as regras europeias e atribuído às pressões de Bruxelas e Frankfurt os constrangimentos para a formação de um governo liderado por estes dois partidos populistas.
"Não estamos a ser constrangidos pelas regras europeias, mas sim pela lógica económica", afirmou Visco, acrescentando que não há "nenhum atalho" para reduzir a dívida pública de Itália, que está em 130% do PIB e é a segunda mais elevada da Zona Euro.
"As regras do jogo podem ser debatidas e até criticadas" e "certamente podem ser melhoradas", acrescentou.
No programa do Governo do 5 Estrelas e da Liga chegou a constar uma proposta para o BCE eliminar as obrigações italianas detidas pelo BCE, no valor de 250 mil milhões de euros. A proposta acabou por cair na versão final do programa.