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Crise em Itália afunda bolsas europeias com investidores a fugirem do risco

A bolsa portuguesa está a ser das mais penalizadas pela crise em Itália. O índice da bolsa de Milão caiu para mínimos de nove meses e afunda 13% em três semanas.

Os investidores que prefiram ficar longe do sobe e desce do mercado podem privilegiar uma abordagem mais defensiva. Os fundos multiactivos podem ser uma boa alternativa para quem pretende obter retornos, mas não quer assumir riscos demasiado elevados.

Os fundos multiactivos ajustam-se a praticamente todos os investidores, uma vez que existem produtos com uma estratégia de investimento mais defensiva, equilibrada e agressiva. Apesar da instabilidade registada nos mercados accionistas nas últimas semanas, são os multiactivos agressivos, com maior exposição ao mercado accionista, que apresentam as melhores rendibilidades. Rendem, em média, 0,9% nos últimos três meses. Já os fundos que privilegiam uma estratégia mais equilibrada somam 0,81%, segundo os dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Património (APFIPP).

Ao investirem em diversas classes de activos, estes produtos de poupança reduzem o risco resultante de oscilações bruscas nos mercados financeiros. Ou seja, se as bolsas mundiais registarem quedas acentuadas enquanto está a banhos, a exposição a outros activos, como a dívida ou cambial, vai atenuar o efeito negativo das acções na carteira. No entanto, caso os problemas nos mercados aliviem e as bolsas registem subidas elevadas, esses fundos não irão obter retornos tão expressivos.
Reuters
29 de Maio de 2018 às 10:43
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A crise política em Itália está a ter um forte impacto na negociação bolsista desta terça-feira, com os índices europeus todos no vermelho e a volatilidade em forte alta, com os investidores a fugirem dos activos de maior risco devido ao regresso dos receios com o colapso do euro.

 

O Stoxx 600 desce 1,78% para 382,89 pontos, sofrendo a maior queda em 12 meses. Entre os índices nacionais o italiano é o mais castigado, com uma queda de 3,32% para 21.203,52 pontos, tendo já negociado em mínimos de nove meses. Em três semanas o índice italiano afunda 13%.

 

A bolsa portuguesa segue de perto este desempenho negativo, com o PSI-20 a afundar 2,69% para 5.364,93 pontos. O índice português está a cair pela quinta sessão consecutiva, período em que acumulou uma queda de 7,3%.

 

"A falta de uma solução óbvia para este impasse [em Itália] é perturbador, especialmente tendo em conta a dimensão da economia italiana e o stock de dívida do país", refere o Morgan Stanley numa nota enviada ontem a clientes, onde alertava que o mercado não estava a reflectir devidamente o problema em Itália.

 

A descida das acções é generalizada na Europa, com todos os índices nacionais a caírem mais de 1%, com o sector financeiro a comandar as perdas. O índice Stoxx para a banca europeia afunda 3,42%, com todos os 48 membros em terreno negativo. O BCP é o mais penalizado, com as acções do banco português a afundarem 7,49%. Seguem-se os bancos espanhóis e italianos com quedas acima de 5%.

 

"Os bancos com menor exposição a dívida soberana, níveis mais reduzidos de crédito malparado [NPL] e rendibilidade mais elevada parecem os mais defensivos neste ambiente", referem os analistas do Citigroup, que colocam no pólo oposto os "bancos de média capitalização, que são mais vulneráveis devido à exposição à divida soberana, NPL mais elevados e rendibilidade mais baixa".   

 

Volatilidade dispara. Investidores fogem do risco

 

Num dia em que até nem foram divulgadas notícias relevantes sobre Itália, os investidores estão claramente a fugir dos activos de maior risco. Os juros da dívida italiana estão a disparar em todos os prazos, tendo atingido máximos de quatro anos acima dos 3%.

 

Nas maturidades mais curtas as subidas são ainda mais acentuadas (excedem os 100 pontos base nos prazos abaixo de 5 anos), reflectindo os receios do mercado com a possibilidade de os partidos populistas de Itália ganharem força nas próximas eleições e provoquem a saída de Itália da Zona Euro (onde são a terceira maior economia).

 

Como habitual nestas alturas de turbulência, os investidores estão a refugiar-se na dívida alemã (juros das obrigações a 10 anos caem mais de 10 pontos base para 0,21%).  O dólar também beneficia, estando o euro a renovar mínimos de 10 meses abaixo dos 1,16 dólares.

 

O JPMorgan está a aconselhar os clientes a saírem das acções italianas e refugiarem-se na bolsa alemã.  

 

Outro indicador do nervosismo dos investidores está na evolução do índice que mede a volatilidade. O VStoxx, a versão europeia do norte-americano VIX, conhecido por índice do medo, atingiu esta manhã o nível mais elevado do último ano.

"O que o mercado vai tentar perceber é se os partidos do governo irão aprovar esta nomeação, levando as yields italianas a estabilizar e os mercados a recuperar, ou se pelo contrário, se não houver consenso, as bolsas europeias serão arrastadas pela possibilidade de eleições antecipadas", Carla Maia Santos, da corretora XTB. 

 

Investidores temem eurocépticos a liderar Itália

 

A justificar este desempenho negativo está a situação política em Itália. Os italianos foram às urnas a 4 de Março, e o Movimento 5 Estrelas ganhou as eleições. Contudo não conseguiu maioria. As negociações com a Liga decorreram e as duas forças políticas conseguiram escolher um nome para primeiro-ministro. Giuseppe Conte foi o escolhido. E aprovado pelo presidente da República, Sergio Mattarella. Contudo, a escolha para a pasta das Finanças foi chumbada pelo chefe de Estado. Conte escolheu Paolo Savona para o Ministério da Economia. Mas Mattarella rejeitou ter à frente das Finanças do país um eurocéptico que defende a saída de Itália da Zona Euro.

 

Esta situação levou a que Conte desistisse de formar governo. Mattarella foi rápido da solução. Convocou Carlo Cottarelli, um ex-responsável do Fundo Monterário Internacional (FMI) para o convidar a formar governo. Um convite que foi aceite.

 

Cottarelli aceitou e impôs uma condição: o Parlamento terá de viabilizar o Executivo através de uma moção de confiança. Caso contrário Itália ficará, de novo, sem governo.  Num cenário em que o Parlamento aprova este governo apartidário, as eleições deverão ser convocadas para o início de 2019. Se a moção for chumbada, então deverão ser convocadas eleições ainda em Agosto. 

 

Os receios dos investidores estão relacionados precisamente com as eleições. Ou melhor, com o potencial reforço do poder dos partidos eurocépticos.

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