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Itália arrasta Portugal e juros atingem máximos de Setembro

Os investidores continuam a exigir juros mais altos para investir na dívida portuguesa. A "yield" dos títulos a dez anos já superou os 2,5%.

29 de Maio de 2018 às 12:36
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A indefinição política em Itália continua a castigar os activos italianos e a arrastar os activos dos países periféricos. A taxa de juro associada à dívida a dez anos de Portugal já superou os 2,5%, esta terça-feira, atingindo o valor mais elevado desde o passado mês de Setembro. Mas a subida é mais expressiva nos prazos mais curtos.

A "yield" da dívida portuguesa está a subir na generalidade dos prazos. A excepção são os títulos a 12 meses, onde a taxa de juro desce ligeiramente (0,6 pontos base) para os -0,174%. Mas, nos prazos a dois e três anos, a dívida sobe mais de 20 pontos base para os 0,386% e 0,493%, respectivamente.

Já no prazo de referência, a dez anos, a "yield" avança 12,7 pontos base para os 2,198%, isto depois de ter chegado a atingir os 2,536% durante a sessão. Este é o valor mais elevado desde Setembro. Esta segunda-feira, os títulos das obrigações portuguesas a dez anos anularam as quedas que chegaram a registar desde o início do ano.

"É um efeito colateral da situação em Itália", adianta Jens Peter Sørensen ao Negócios. O analista do Danske Banke frisa que este desempenho "não está relacionado com o desempenho da economia portuguesa, que poderá ser sujeita a revisão pela Fitch na sexta-feira".


No curto prazo, o desempenho da dívida portuguesa vai "depender de Itália, mas duvido que vão além dos 2,5% no prazo a dez anos – em algum ponto, penso que os investidores vão diferenciar muito mais Itália e Portugal", realça Jens Peter Sørensen, em declarações enviadas por email ao Negócios. A dívida italiana a dez anos já chegou a superar os 3%, esta terça-feira.


E, se os juros da dívida pública dos países periféricos têm sido fortemente "castigados" nos últimos dias, a "yield" da dívida da Alemanha tem aliviado em todos os prazos. Um desempenho que reflecte a procura por segurança por parte dos investidores. A "yield" da dívida a dez anos da Alemanha desce 7,1 pontos base para os 0,273%.


Esta evolução divergente tem agravado o prémio de risco da dívida nacional. O diferencial face à dívida da Alemanha está a subir para os 191,9 pontos, estando a negociar nos valores mais elevados desde Outubro.


Sergio Mattarella, Presidente da República, italiano decidiu, este domingo, não aceitar a composição do Governo liderado por Giuseppe Conte. Na segunda-feira, Mattarella nomeou um governo de transição liderado por Carlo Cottarelli, ex-director do FMI.


A turbulência nos activos italianos e europeus reflecte os receios dos investidores de que o Movimento 5 Estrelas e a Liga obtenham votações ainda mais fortes nas eleições que vão decorrer no Outono ou início do próximo ano.


Cottarelli vai hoje apresentar a composição do seu governo de transição, que tem como objectivo apresentar o orçamento para 2019. Mas os investidores estão a reflectir os receios de que Cottarelli não consiga o apoio do parlamento e fique apenas em gestão corrente até às eleições que neste cenário decorrerão depois de Agosto. 

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