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Fotografia dramática pressiona acção de líderes europeus na crise dos refugiados

O choque causado pela fotografia do corpo de uma criança síria, de três anos, afogada numa praia turca, levou alguns líderes políticos europeus a pedir mais acção e menos palavras na crise dos refugiados. A Comissão Europeia pede o acolhimento, entre todos os Estados-membros, de 100 mil pessoas.

Reuters
03 de Setembro de 2015 às 14:28
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"Ele tinha um nome: Aylan Kurdi. […] A mobilização a nível europeu é urgente". A mensagem foi escrita numa conta de Twitter, esta quinta-feira, pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Repentinamente, alguns líderes europeus começaram a inquietar-se com a inacção em torno da crise dos refugiados que diariamente chegam aos milhares às fronteiras do espaço comunitário. A fotografia do corpo de uma criança síria, de três anos, afogada numa praia turca, foi difundida por todo o mundo e parece ter-se tornado no detonador que começou a agitar consciências entre alguns decisores políticos europeus.

"A Europa não pode apenas emocionar-se", afirmou esta quinta-feira o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, depois das reacções de choque à fotografia do cadáver do menino sírio. "Face a esta emergência, ou a Europa dá uma resposta política com P grande, ou perde a face", frisou, para depois acrescentar: "O momento não é de demagogia, mas de política a sério, porque quando uma criança corre o risco de se afogar, é preciso tudo fazer para a salvar".

Enquanto os líderes dos governo francês e italiano pediam respostas conjuntas da Europa para a crise humanitária, na Grã-Bretanha, o chefe do Executivo britânico, David Cameron, era alvo de críticas, pelas declarações que fez, quarta-feira, horas antes de a fotografia de Alyan Kurdi ter começado a ser difundida, de forma viral, pela redes sociais, e pelos principais órgãos de comunicação social em todo o mundo.

"Não penso que se possa dar uma resposta simplesmente acolhendo mais e mais refugiados", disse o chefe do Governo britânico durante uma visita a Northamptonshire, no centro de Inglaterra, quando questionado sobre os pedidos para que o Reino Unido dê asilo a um maior número de refugiados. David Cameron sublinhou ainda que a crise se deve solucionar com medidas que conduzam "à paz e à estabilidade" no Médio Oriente.

Tusk quer 100 mil acolhidos

Também esta quinta-feira, 3 de Setembro, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, lançou um apelo aos Estados-membros da União Europeia para aceitarem pelo menos 100 mil refugiados, de modo a permitir o alívio da pressão nos países da chamada "linha da frente".

"Aceitar mais refugiados é um gesto importante de verdadeira solidariedade", disse Tusk, citado pela agência Lusa, salientando ser actualmente necessária "uma distribuição equitativa de pelo menos 100 mil refugiados pelos Estados-membros". O mesmo responsável fez ainda um pedido de "demonstração de solidariedade com os Estados-membros que enfrentam uma vaga migratória sem precedente".

Em declarações à saída de uma reunião com Donald Tusk, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, dava contudo nota de outras preocupações, ao afirmar que a crise de migrantes é um problema alemão e não europeu, garantindo que ao seu governo cabe apenas registar as pessoas. "O nosso trabalho é apenas registá-los", notou o chefe do Executivo húngaro. "Se a chanceler alemã insiste que devemos registá-los, nós fazemo-lo, é um dever", disse ainda.

A Alemanha, através da chanceler Angela Merkel, tem sido contudo uma das vozes europeias mais atentas ao problema. Ao longo das últimas semanas, a líder germânica tem pedido de forma reiterada uma intervenção solidária do conjunto dos Estados-membros da União Europeia para esta crise migratória, e fez também saber que pretende receber no seu país cerca de 800 mil refugiados.

"Ele tinha um nome: Aylan Kurdi". O menino de três anos cujo corpo foi encontrado numa praia turca, fugia com o pai, a mãe e um irmão de cinco anos de Kobani, uma cidade síria devastada pela guerra.

Notícias avançadas esta quinta-feira, dão conta de que a família terá inicialmente tentado a obtenção de vistos para viajar para o Canadá. As autoridades canadianas terão recusado, segundo o jornal Ottawa Citizen, que cita uma tia de Alyan, Teema Kurdi, a residir naquele país da América do Norte há mais de 20 anos.

Quarta-feira, 2 de Setembro, quando o objectivo era chegar à fronteira da União Europeia, três dos membros da famíliam Kurdi perderam a vida. Só o pai do pequeno Aylan sobreviveu. 

(Notícia actualizada às 15h42 )


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