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Quatro suspeitos detidos pelos afogamentos na costa da Turquia
A foto de Aylan, o menino sírio de três anos que morreu afogado com mais 11 pessoas numa tentativa de chegarem à Grécia, tem corrido mundo como símbolo do naufrágio da própria humanidade. A polícia turca já deteve quatro sírios suspeitos de estarem envolvidos na organização da travessia do barco que se virou.
A viagem prometia a chegada à Grécia, mas isso nunca chegou a acontecer. O barco naufragou ao largo da costa turca e 12 dos seus 23 ocupantes morreram afogados, entre os quais Aylan, de 3 anos, e o seu irmão Galip, de 5 anos. A mãe também perdeu a vida, só o pai sobreviveu. O seu relato marcante de como não conseguiu segurar os filhos – os olhos amargurados, a tentativa de regressar agora a casa e sepultar "os seus" – e as fotos de uma família outrora feliz, que se desfez na fuga de uma guerra que quiseram deixar para trás, têm corrido mundo e intensificado as críticas à forma como muitos países [e a Europa como um todo] estão a gerir a crise dos refugiados e da migração.
Esta quinta-feira, 3 de Setembro, a polícia turca anunciou ter já detido quatro suspeitos de envolvimento na organização da travessia dessa embarcação que se virou em pleno mar, avançou a agência noticiosa Dogan, citada pelo Irish Times.
Segundo a mesma fonte, os quatro detidos – entre os quais se inclui o comandante do barco – foram presos ainda na quarta-feira à noite e estão a ser interrogados.
Abdullah Kurdi, a sua mulher Rihan e os filhos Aylan e Galip tinham como primeiro objectivo chegar à ilha grega de Kos. A partir dali continuariam o seu caminho para tentarem chegar ao Canadá, onde pediriam asilo – a irmã de Abdullah, Teema Kurdi, que emigrou há mais de 20 anos para Vancouver, onde é cabeleireira, aguardava a sua chegada para os acolher em casa.
Não chegaram lá. Ontem e hoje, um pouco por todo o mundo, sucedem-se as condolências e as críticas. Muitos artistas expressam-se da melhor forma que sabem, desenhando cartoons. E para Aylan há ilustrações que "partem o coração". O Negócios escolheu o desenho do saudita Khaled Yeslam, que na sua conta de Twitter se auto-denomina 'um cidadão com azia', para ilustrar esta série.
Nas últimas semanas, muitas fotografias de refugiados a tentarem passar fronteiras, chegando de barco, tentando entrar em comboios e mesmo trepando muros de arame farpado têm sido partilhadas em todo o mundo. A fotografia de um pai sírio que chora de alegria, com o filho nos braços, quando chega a terra firme em segurança, é emblemática. Pela positiva. Mas pela negativa há muitas mais.
Na sexta-feira passada, as fotos partilhadas por Khaled Barakeh chocaram fortemente pela violência "gráfica". Várias crianças, tal como Aylan e Galip, jaziam junto à costa líbia. "Na noite passada, mais de 80 sírios e palestinianos morreram afogados no Mediterrâneo, próximo das margens da Líbia, quando tentavam chegar à Europa", descrevia o álbum a que o fotógrafo deu o título de "sepultura multicultural".