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Guterres lembra que Europa já recebeu refugiados da Hungria

O alto-comissário da ONU pede um programa à escala europeia para lidar com a crise dos refugiados, com acolhimento para 200.000 pessoas. "Momentos excepcionais exigem medidas excepcionais", declarou Guterres.

Reuters
04 de Setembro de 2015 às 13:54
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Ao pedir a acção de todos os países europeus no combate à crise dos refugiados sírios, António Guterres lançou uma farpa ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban.

 

"A primeira crise que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados [ACNUR] teve na sua história, após a Segunda Guerra Mundial, foi a crise húngara", declarou Guterres, num evento transmitido pela RTP Informação esta sexta-feira, 4 de Setembro.

 

Segundo o alto-comissário, durante essa crise, houve mais de uma centena de húngaros a pedir refúgio fora do seu país. "Todos eles foram aceites", recordou Guterres, dizendo que tiveram lugar tanto na Europa e noutras partes do mundo.

 

A Hungria tem sido um dos países que mais tem tido de lidar com os refugiados, num país que tem estado dividido. O seu primeiro-ministro não se mostra disponível para manter todos os cidadãos africanos que chegam a Budapeste, muitos para chegar a outros países, como a Alemanha: "Todos os países têm direito a ter um grande número de muçulmanos se quiserem. Se quiserem viver com eles, podem, mas nós não queremos, e creio que temos direito a decidir".

 

Guterres não se referiu directamente a Órban mas disse que a "ligação estreita entre a Hungria e a ACNUR" "deve ser um lembrete para que, quando a Europa quer, consegue resolver".

 

É nesse sentido que o antigo primeiro-ministro português, de saída do organismo da ONU em Dezembro, pede o consentimento dos países da Europa para que esta tenha "um mecanismo europeu que mobilize todas as agências, todos os mecanismos de protecção, todos os recursos financeiros e humanos, com o apoio da ACNUR", para lidar com esta "situação caótica". 

 

Não basta ser uma abordagem gradual, segundo Guterres, "tem de ser um programa de colocação em que todos os países têm de estar envolvidos". O programa que refere envolve o trabalho com 200.000 refugiados, embora o líder do ACNUR relembre que não poderá ser apenas um mecanismo de acolhimento, já que tem de haver também mecanismos de integração e protecção. Em comunicado, o português já tinha falado em quotas obrigatórias para os países. 

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, tinha dito que iria propor a distribuição de 160.000 refugiados pelos países da União. 

 

"Momentos excepcionais exigem medidas excepcionais", conclui Guterres, acrescentando que se está a lutar por "valores". "A Europa não pode falhar".

 

Os refugiados são, segundo o ACNUR, alguém que "temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da protecção desse país".

A guerra na Síria tem sido um dos motores que tem obrigado os cidadãos que passam por África e depois pelo Mediterrâneo à procura de refúgio na Europa, muitos deles atravessando o Mediterrâneo – já se registaram, pelo menos, 2.600 mortos na travessia, segundo a ONU. Neste momento, a União Europeia ainda não tem uma estratégia definida para lidar com a crise que já terá, segundo a mesma fonte, trazido para a Europa mais de 300.000 pessoas.

(Notícia rectificada às 17h11 para esclarecer origem de parte dos cidadãos refugiados)

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