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Guterres diz que só há financiamento para 41% dos refugiados sírios

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados insiste nas críticas à falta de uma estratégia europeia para lidar com os refugiados e diz que as soluções têm surgido por pressão dos cidadãos. Guterres lamenta a falta de financiamento para lidar com este drama.

Reuters
08 de Setembro de 2015 às 10:01
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A maior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial começa a resolver-se não por acção dos governos dos países europeus mas por pressão dos cidadãos. É este o "fenómeno novo" em que António Guterres, em entrevista ao Público, diz ter "esperança de que terá uma profunda influência nas decisões da União Europeia" – uma "extraordinária reacção positiva da sociedade civil" que contrasta com "governos amedrontados" com algumas "manifestações xenófobas".

 

António Guterres também se queixa de falta de meios financeiros para lidar com os refugiados. "A resposta humanitária está, neste momento, financiada a 41% e, pior ainda, no caso dos refugiados que estão na Turquia, apenas a 21%", lamenta o alto comissário, que lembra que é pela Turquia que "está a ocorrer o fluxo maior de refugiados, predominantemente sírios".

 

O ex-primeiro-ministro português diz ser importante "prestar homenagem" ao papel da chanceler alemã Angela Merkel e aos dirigentes políticos alemães. Isto porque "tiveram a coragem de afirmar com grande coerência uma abertura em relação aos refugiados que procuram a Alemanha como solução para a sua tragédia ainda antes desta onda que as opiniões públicas agora abraçam".

 

A propósito da reacção negativa da Hungria, Guterres recordou o que sucedeu no passado, a exemplo do que já havia feito a 4 de Setembro. "A primeira operação do ACNUR, quando terminou de lidar com as consequências da II Guerra Mundial, foi exactamente na crise dos refugiados húngaros", a propósito da revolta de Budapeste contra Moscovo, em 1956.

 

"Nessa altura, milhares de húngaros foram recebidos na Áustria e na Jugoslávia de portas abertas e de uma forma admirável", e em "quatro meses, 140 mil húngaros foram relocalizados, metade em outros países europeus e outra metade fora da Europa, numa grande demonstração de solidariedade". Guterres tem "esperança" que "o povo húngaro (…) acabe por obrigar o seu Governo a mudar de posição".

 

"Quem quer pôr bombas vem de avião"

 

Guterres também concedeu uma entrevista à Rádio Renascença, também no âmbito da crise de refugiados, publicada esta segunda-feira, dia 7, em que afastou a possibilidade de, entre a vaga de pessoas que procuram a Europa estarem infiltrados terroristas. "A nossa experiência é a de que os movimentos terroristas e os movimentos de combatentes não se fazem metendo-se em barcos que podem afundar-se".

 

"Essa gente ou tem passaportes reais ou tem passaportes falsos, toma uma 'low cost' para a Turquia, ou vem de 'low cost' da Turquia para os países europeus, entra pelas fronteiras habituais. Há que não baralhar as coisas", afiançou.

 

Guterres diz que é essencial que a Europa compreenda e aceite a "necessidade de, na Grécia, na Hungria e na Itália, ter centros de recepção com capacidade para acolher as pessoas, para lhes dar um tratamento humano, alimentação, cuidados de saúde, as coisas básicas que as pessoas necessitam numa situação destas e, ao mesmo tempo, isso seja feito num ambiente acolhedor". Porque "a pior coisa que pode acontecer é chegar à Europa e sentir-se recebido com hostilidade, com violência".

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