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Ataques terroristas em França deixam mundo em estado de alerta

Já se desconfia de quem será o cérebro por detrás deste ataque, continuam as operações policiais e a detenção de suspeitos. Prosseguem as homenagens às vitimas e reforça-se a ofensiva contra o auto-denominado Estado Islâmico. A França está em estado de emergência e colocou o mundo em estado de alerta.

16 de Novembro de 2015 às 14:00
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Os parisienses tentam regressar à normalidade enquanto as operações policiais de identificação e detenção de suspeitos continuam em França e na Bélgica. Alegadamente, já se sabe quem é "o cérebro" por detrás dos ataques. O homem mais procurado em França continua em fuga. Enquanto isso, homenageiam-se as vítimas e pede-se uma resposta firme, eficaz e concertada.

As autoridades francesas identificaram como o "cérebro" dos atentados de sexta-feira em Paris o belga Abdelhamid Abaaoud, noticiou a cadeia de televisão britânica Sky News. O visado estará alegadamente ligado ao ataque num comboio de alta velocidade com destino a Paris, frustrado por dois soldados norte-americanos, e com um outro ataque contra uma igreja, escreve a Lusa. Abaaoud, que também usa o nome de Abu Omar al Baljiki, é de origem marroquina e as autoridades pensam que de momento se encontra na Síria.

No entanto, escreve a Reuters, as autoridades belgas não confirmam a suspeita. "Isso são rumores, não está confirmado de todo e não vamos tecer comentários sobre isto", disse o procurador de Bruxelas Eric Van Der Sypt à Reuters

Entretanto, está a ser levada a cabo em Bruxelas esta segunda-feira, na zona de Molenbeek, uma operação policial que visa deter Salah Abdeslam, suspeito de estar envolvido com os ataques a Paris da passada sexta-feira, que vitimaram pelo menos 129 pessoas – entre os quais dois portugueses - e feriram mais de 400 pessoas.


A operação policial que visa o homem mais procurado em França nos últimos dias ocorre depois de terem sido identificados vários dos envolvidos nestes ataques. Um dos terroristas suicidas identificados é Ahmad Al Mohammad, detentor de um passaporte sírio cuja autenticidade está ainda por confirmar. O segundo é Samy Amimour, um francês de 28 anos, já identificado pela polícia e alvo de um mandado internacional de captura desde 2013. As emissoras RMC e BFM TV noticiaram, entretanto, ter sido identificado um outro terrorista suicida, Salim, de 29 anos, natural de Paris.

Antes, as autoridades identificaram Ibrahim Abdelslam, irmão de Salah Abdeslam, e Ismael Omar Mostefai, alegadamente filho de uma portuguesa e de um argelino.


Em Paris, as autoridades francesas detiveram 23 pessoas para interrogatório e apreenderam 31 armas nas vastas operações de busca desde Domingo à noite no quadro do estado de emergência decretado após os atentados, anunciou o ministro do Interior, noticiou a lusa esta segunda-feira.

 

O medo e a tensão nas ruas de França

A tensão e o medo são grandes em França. A presença policial nas ruas foi reforçada, decretou-se o Estado de emergência e restabeleceu o controlo de fronteiras.

François Hollande, presidente francês, declarou que Paris "será impiedosa (...) e que todas as medidas para garantir a segurança dos cidadãos foram tomadas no quadro do estado de emergência". "As forças de segurança interna e o exército foram mobilizados ao mais alto nível das suas possibilidades" e "todos os dispositivos de segurança foram reforçados", garantiu.

No Domingo instalou-se o pânico junto ao Bataclan com as pessoas a correr em várias direcções e a procurar refúgio, dando conta de rumores de tiros.

A situação durou apenas alguns minutos, regressando depois tudo à normalidade. Entretanto, a polícia admitiu que as pequenas explosões acidentais de origem ainda indeterminada podem ter sido provocadas pelo rebentamento de petardos ou de uma bilha de gás numa esplanada.

Na sequência daquilo que classificou como "ataques terroristas sem precedentes no país", o presidente Francês defendeu o prolongamento do estado de emergência no país por três meses, sendo que o prolongamento por mais de 12 dias terá de ser legislado e votado no Parlamento.


Os ataques, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, foram perpetrados por pelo menos sete terroristas e visaram um estádio de futebol, uma sala de concertos e quatro cafés e restaurantes do centro de Paris.

De acordo com o comunicado emitido pelo auto-proclamado Estado islâmico, os ataques de Paris foram uma resposta aos "bombardeamentos dos muçulmanos na terra do califado", termo que o grupo utiliza para designar as regiões do Iraque e da Síria controladas pelo EI, escrevia a Lusa no sábado, 14 de Novembro.


A resposta de França não tardou, e o país realizou no domingo ataques aéreos contra o grupo terrorista, lançando 20 bombas sobre a cidade de Raqqa, na Síria. "O primeiro objectivo destruído era utilizado pelo DAESH (sigla árabe do auto proclamado Estado Islâmico) como posto de comando, centro de recrutamento jiadista e depósito de armas e munições. O segundo objectivo era um campo de treino terrorista", refere o Ministério da Defesa em comunicado citado pela Lusa.

Esta segunda-feira, a agência noticia que a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos destruiu, pela primeira vez, 116 camiões-cisternas utilizados pelo grupo extremista Estado Islâmico no leste da Síria. O ataque teve como objectivo atingir uma das principais fontes de financiamento do grupo extremista, que controla a maioria dos campos de petróleo na Síria, em particular na província de Deir Ezzor.


Prosseguem as homenagens e reacções

Esta segunda-feira, a Comissão Europeia e a NATO cumpriram às 12:00 um minuto de silêncio e colocaram as bandeiras a meia haste em memória das vítimas dos "atentados bárbaros" de sexta-feira à noite. Numa carta enviada ao Presidente francês, François Hollande, o líder do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, manifestou-se revoltado com "o terrorismo mais odioso". Os atentados, segundo um comunicado da NATO, "são um ataque aos nossos valores fundamentais da liberdade, democracia e direitos humanos". "O terrorismo e o extremismo nunca poderão derrotar a democracia e as nossas sociedades abertas", refere a NATO.

Obama classificou estes ataques como uma tentativa "de aterrorizar civis inocentes", um ataque não só aos franceses mas contra a Humanidade, e garantiu que os EUA vão colaborar com França para "levar os terroristas à justiça".

O Papa Francisco, por sua vez, disse numa breve declaração ao canal de televisão TV200, da Conferência Episcopal Italiana, estar "comovido" e, referindo aos ataques terroristas, disse que "isto não é humano".

O Presidente da República portuguesa em declarações aos jornalistas pediu "uma resposta firme, determinada e sem contemplações ao terrorismo (…) utilizando os meios que forem necessários para combater o flagelo que é o terrorismo". Cavaco Silva disse ainda que a Europa está a lidar com "um inimigo tão violento quanto sofisticado" e que se quer preservar os seus valores e o seu modo de vida, a "europa não pode continuar de braços caídos", mas antes dar uma resposta concertada "tão rápido quando possível". O presidente da República Portuguesa disse ainda que este ataque "não foi apenas um ataque à França, foi um ataque a toda a Europa, foi um ataque ao mundo ocidental".

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho considerou que é urgente encontrar respostas conjuntas mais eficazes no combate ao terrorismo e que isso implica um reforço da cooperação no plano da União Europeia e a nível internacional.

Entretanto, o gabinete de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros informou que José Cesário, secretário de Estado das Comunidades, vai deslocar-se a Paris esta segunda-feira para "a acompanhar de perto a situação da comunidade portuguesa naquela cidade" , refere a nota enviada às redacções. Está ainda previsto que o responsável português visite ao consulado-geral de Portugal, se encontre com conselheiros das Comunidades Portuguesas e preste uma homenagem às vítimas junto à sala de espectáculos de espectáculos Le Bataclan.

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