"Estão em curso ataques terroristas com uma dimensão sem precedentes. Há várias dezenas de mortos, há muitos feridos, é um horror. Por minha decisão, mobilizámos todas as forças possíveis para que seja possível neutralizar os terroristas e colocar em segurança todos os bairros visados", afirmou François Hollande na sua declaração ao país.

O presidente francês fez a declaração pelas 23:00 de Lisboa (meia-noite em Paris) já depois de ter reunido um gabinete de crise e de ter colocado as forças anti-terrorismo a chefiar as operações na rua após os ataques em sete bairros distintos de Paris.

O Libération salientava entretanto, por essa hora, que tinham sido enviados 200 soldados Sentinela para os 10º e 11º arrondissement para reforçar a segurança. Mais tarde, esse número foi aumentado para 400. Do exército foram também destacados 1.500 soldados.

Depois dos atentados de 7, 8 e 9 de Janeiro, que começaram com o ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo, o exército francês criou a Operação Sentinela, com cerca de 10 mil homens, para fazer face a ameaças terroristas no país. 

"Pedi também reforços militares. E convoquei igualmente o Conselho de Ministros. Duas decisões serão tomadas", anunciou Hollande esta noite no discurso endereçado ao país.

A primeira prende-se com a decisão de decretar o estado de emergência, "o que significa que vários locais serão encerrados e que a circulação será proibida nalguns lugares. O estado de emergência será decidido para todo o território nacional", acrescentou o chefe do governo francês. O que não acontecia desde 1958, lembra o The Telegraph.

"A segunda decisão que tomei diz respeito ao encerramento das fronteiras, para que as pessoas que cometeram estes crimes possam ser apanhadas. Sabemos de onde vem este ataque. Devemos dar mostras de compaixão e solidariedade, mas temos também de dar mostras de unidade", disse.

Mais tarde, o Eliseu rectificou o comunicado de Hollande, alterando o "encerramento das fronteiras" para "restabelecimento dos controlos nas fronteiras".

"Face ao terror, a França tem de ser forte, tem de ser grande. Há que apelarmos também, cada um de nós, à responsabilidade. O que os terroristas querem é criar medo em nós, querem que paralisemos de medo. Mas face a esse medo há uma nação que sabe defender-se. Não terminámos as operações", sublinhou ainda o presidente, acrescentando que as forças de segurança estavam naquele exacto momento (23:57 em Paris, menos uma hora em Lisboa) a lançar um ataque "a um local em Paris".

Segundo a AFP, François Hollande já cancelou a sua deslocação este sábado à Turquia, para a reunião do G-20. Será representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, e pelo ministro das Finanças, Michel Sapin.

De acordo com um comunicado do Eliseu, citado pelo Libération, Hollande reunirá este sábado de manhã, às 09:00 locais (08:00 em Lisboa) um Conselho de Defesa.

Pelas 02:00 da manhã em Paris (01:00 em Lisboa), à mesma hora em que Hollande falava junto ao Bataclan - onde as forças de segurança puseram termo ao sequestro de mais de 1.500 pessoas que ali assistiam a um concerto quando foram feitas reféns, e onde houve a lamentar mais de 100 mortos, tendo a polícia abatido três terroristas - , o Eliseu publicava um comunicado a oficializar o estado de emergência nacional decretado e anunciado duas horas antes por Hollande, a par com o encerramento das fronteiras. A medida "entra imediatamente em vigor, em todo o território metropolitano e na Córsega", sublinha o documento.

Às 02:24, a câmara municipal da cidade anunciava que "a partir de amanhã, todas as instalações municipais estarão encerradas: escolas, museus, bibliotecas, ginásios, piscinas, mercados alimentares".

As linhas de metro em Paris estão também encerradas.