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Ataques em Paris que provocaram 129 mortos e 352 feridos foram um "acto de guerra" do Estado Islâmico

Os ataques terroristas em Paris foram “acto de guerra”, disse o presidente francês. O Estado Islâmico já reivindicou os ataques que provocaram 129 mortos e 352 feridos, 99 em estado grave. Entre as vítimas há dois portugueses.

Reuters
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François Hollande voltou este sábado a falar ao país sobre os ataques terroristas perpetrados em Paris na última noite, classificando-os de "actos de guerra".
 

A polícia actualizou fez um novo balanço, que é ainda provisório, dando conta de 129 mortos e 352 feridos, 99 dos quais estão em estado grave.


O presidente francês revelou que os ataques foram organizados pelo Estado Islâmico a partir do exterior de França, mas implementados com ajuda interna. Uma acusação admitida pelo próprio Estado Islâmico, que em comunicado já reivindicou a autoria destes ataques, os mais graves realizados na Europa desde 2004.

Os ataques foram desenhados para mostrar que a França permanecerá um alvo prioritário para o Estado Islâmico, enquanto o país continue com as actuais políticas, afirma o comunicado do grupo terrorista, citado pelas agências internacionais.

"Oito irmãos, com coletes explosivos e espingardas de assalto, visaram os locais escolhidos cuidadosamente no coração de Paris", indicou o comunicado do EI. "Que a França e aqueles que seguem o seu caminho saibam que serão alvos do EI", acrescentou a organização extremista sunita.

De acordo com o comunicado, os ataques de Paris foram uma resposta aos "bombardeamentos dos muçulmanos na terra do califado", termo que o grupo utiliza para designar as regiões do Iraque e da Síria controladas pelo EI.

No sábado passado o Estado Islâmico tinha divulgado um vídeo a apelar a ataques em França, caso o país continuasse com os bombardeamentos. "Enquanto continuarem com os bombardeamentos não vão viver em paz. Terão medo até de ir ao mercado", afirmou um dos militantes, segundo a Reuters identificado por Abu Maryam, o francês.

 
Acto de guerra cometido por um exército terrorista

François Hollande pediu aos franceses "unidade e sangue-frio", contra "um acto de guerra cometido por um exército terrorista (...) contra a França, contra aquilo que somos, um país livre". Hollande anunciou que a França vai cumprir três dias de luto nacional e que na segunda-feira haverá uma sessão especial no Parlamento francês, onde irá revelar as medidas a tomar para responder aos ataques.


"Enfrentado com a guerra, o país tem adoptar as acções apropriadas", disse Holande, revelando que "todas as medidas para proteger os nossos compatriotas e o nosso território começaram já a ser implementadas no âmbito do estado de emergência".

O que aconteceu ontem [sexta-feira] é um acto de guerra (...) que foi cometido pelo EI, organizado a partir do exterior e com cúmplices interiores que o inquérito deverá estabelecer
Hollande

 

Na noite de sexta-feira, o presidente francês tinha já revelado o encerramento das fronteiras em França, decretado o Estado de emergência, o reforço militar e afirmado que os ataques terroristas tinham "uma dimensão sem precedentes".

 

Uma noite de terror

 

Um novo balanço da polícia francesa, revelado este sábado à tarde, aponta para que os atentados terroristas tenham causado pelo menos 129 mortos e cerca de 352 feridos, 99 dos quais em estado grave.

Este balanço é ainda "provisório e em evolução", tendo o procurador de Paris, François Molins, revelado que "sete terroristas foram mortos durante a sua acção criminosa" e que um deles já foi "formalmente identificado".


As primeiras conclusões da investigação sugerem que "pelo menos três equipas" distintas de terroristas perpetraram os atentados.


Oito terroristas, todos com coletes de explosivos, atacaram seis locais, entre eles uma sala de espectáculos e o estádio nacional, onde decorria um jogo de futebol entre as selecções de França e da Alemanha.


O passaporte sírio encontrado pela polícia no local de um dos atentados de Paris pertencia a um refugiado registado na ilha de Lesbos em outubro, disse hoje um ministro grego.


O jornal francês Le Monde noticiou que está a ser procurada uma "segunda equipa" de autores dos ataques de Paris, que terão conseguido escapar na sexta-feira à noite da capital francesa.

Várias pessoas foram detidas hoje na sequência de operações policiais no bairro Molenbeek, em Bruxelas, Bélgica, confirmou o porta-voz do ministro da Justiça, Koen Geens.

O local onde aconteceram mais mortes foi a sala de espetáculos Bataclan, onde pelo menos quatro assaltantes irromperam durante um concerto de rock do grupo norte-americano Eagles of Death e acabaram com a vida de cerca de 80 pessoas num estabelecimento com capacidade para 1.500.

Dois portugueses entre as vítimas

De acordo com a Lusa, que cita fonte oficial do ministério dos Negócios Estrangeiros, um português, que se encontrava perto do Estádio de França, morreu nos atentados terroristas de sexta-feira em Paris. Trata-se de um home de 63 anos, que trabalhava em serviços de transportes/turismo e encontrava-se perto do Estádio de França.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, escreveu uma carta à família do português morto nos ataques de sexta-feira em Paris, expressando "profunda dor e consternação" pela tragédia que "jamais será esquecida".

Mais tarde foi confirmada uma segunda vítima mortal de nacionalidade portuguesa
"Temos efectivamente a confirmação de dois portugueses mortos, um senhor de 63 anos, e uma senhora, luso-descendente, binacional, luso-francesa, que nasceu em 1980 já em França e que tivemos há poucos minutos a confirmação de que faleceu no ataque ao [ sala de concertos] Bataclan", disse José Cesário à Lusa.

Um espanhol, dois belgas, dois romenos e duas tunisinas foram os outros estrangeiros identificados até ao momento entre os 129 mortos dos atentados em Paris, segundo as autoridades dos respectivos países.

Os investigadores dos seis atentados perpetrados na capital francesa identificaram já "várias dezenas" dos mortos, informou a ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira, frisando que o processo "requer algum tempo, mas sobretudo rigor".


Uma reportagem da Lusa dá conta da porteira portuguesa que acolheu sobreviventes dos ataques em Paris. Margarida de Santos Sousa, porteira num prédio mesmo ao lado do Bataclan, a sala de concertos onde morreram mais de 80 pessoas ontem à noite, recebeu em casa cerca de 15 sobreviventes e socorreu cinco feridos, um em estado grave

Trata-se dos ataques mais mortíferos na Europa desde 2004, quando uma dúzia de bombas explodiram em quatro comboios em Madrid, provocando 191 mortos e cerca de 2000 feridos.

Depois dos atentados de 7, 8 e 9 de Janeiro, que começaram com o ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo, o exército francês criou a Operação Sentinela, com cerca de 10 mil homens, para fazer face a ameaças terroristas no país. 

"Desta vez é a guerra"

Os principais diários franceses descrevem "a guerra em plena Paris", "massacres em Paris" e "desta vez é a guerra" na sequência dos ataques da noite desta sexta-feira, descrevendo todos "uma vaga de atentados sem precedentes.

Na capa do Le Parisien, sob fundo negro de luto, lê-se "Desta vez é a guerra", com uma fotografia a ocupar metade da página e a mostrar um cadáver no chão e outro numa maca, com os socorristas em plena acção. Veja a primeira dos jornais franceses.

O Ministério da Cultura de França anunciou o encerramento de museus, na sequência dos atentados ocorridos na sexta-feira na capital francesa, enquanto as competições desportivas previstas para a região parisiense foram canceladas. 

A Torre Eiffel, o complexo de parques temáticos da Eurodisney e o Museu do Louvre, manterão hoje as portas fechadas. Um porta-voz da emblemática "dama de ferro" de Paris disse à agência espanhola Efe que o encerramento do monumento corresponde às medidas decretadas pelo presidente de França, François Hollande, e pelo governo francês. Os parques Disneyland e Disney Studios, situados na localidade de Marne-la-Vallée, na periferia parisiense, nem sequer abriram hoje ao público. 

(notícia actualizada pela última vez às 19:12, com novo título e mais informação)

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