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Receios em torno da Grécia levam juros dos periféricos a subir

As taxas de juros dos países periféricos, no mercado secundário estão a subir. Os receios dos investidores face ao novo Governo grego, que é contra a austeridade, estão na base desta evolução.

Miguel Baltazar/Negócios
28 de Janeiro de 2015 às 11:58
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Os receios com a evolução da situação política na Grécia estão a ter efeito nos mercados. E não é apenas a bolsa grega – que derrapa mais de 8% - e os juros da dívida pública no mercado secundário – a dez anos estão em torno dos 10% - que estão a sofrer os efeitos destes receios. Os juros de outros países considerados da periferia da Zona Euro estão também a subir.

 

No caso de Portugal, as "yields" da dívida pública a dois anos avançam 4,2 pontos base para os 0,349% e a cinco anos somam 11,3 pontos base para os 1,620%, de acordo com as taxas genéricas da Bloomberg. A dez anos, a maturidade considerada de referência, os juros exigidos pelos investidores para comparem dívida nacional avançam 16,3 pontos base para 2,606%.

 

Em Espanha, os juros estão igualmente a subir. A dois anos, os juros exigidos pelos investidores para trocarem dívida entre si, avançam 2,9 pontos base para 0,341% e a cinco anos somam 7,4 pontos base para 0,856%. A dez anos, as "yields" espanholas somam 7,2 pontos base para 1,462%.

 

No caso italiano, a dois anos, os juros crescem 3,5 pontos base para 0,393%, 5,5 pontos base a cinco anos para 0,808%. E avançam 8,3 pontos base para os 1,615% a dez anos.

 

Por outro lado, a Irlanda acompanha também este sentimento mas com subidas muito ligeiras. A cinco anos, os juros somam 3,1 pontos base para 0,523% e 2,5 pontos base, para 1,144%, a dez anos.

 

O Syriza venceu as eleições legislativas do último domingo, 25 de Janeiro, na Grécia. Com uma orientação de esquerda radical, este partido mostra-se contra as políticas de austeridade, que vigoraram no país nos últimos anos, depois de, desde 2010, a Grécia ter recebido dois programas de resgate, no valor total de 240 mil milhões de euros.

 

Este Executivo, que tomou posse esta terça-feira, 27 de Janeiro, é constituído por 10 Ministério. Esta manhã, no primeiro encontro deste Govermo, Alexis Tsipras, o novo primeiro-ministro grego, defendeu que este Governo é "de salvação nacional". "O nosso objectivo é negociar a redução da dívida". Para os próximos quatro anos, a Grécia tem quatro grandes desafios que deverá enfrentar: a crise humanitária no país, após cinco anos de troika e austeridade; a recuperação económica e a criação de emprego; a reestruturação da dívida; a luta contra o clientelismo, corrupção e evasão fiscal.

 

No primeiro encontro com o seu Executivo, Alexis Tsipras sublinhou que este é o momento da Grécia recuperar a sua soberania, ao mesmo tempo que salientou que é necessário negociar responsavelmente com os credores internacionais. 

 

Uma das principais bandeiras do Syriza é o perdão da dívida grega, que supera 170% do PIB, mesmo depois de os privados terem, em 2012, renunciado reclamar mais de 60% do valor dos títulos em sua posse. Ainda que a Europa possa estar disponível para aliviar a factura grega, um perdão de dívida não deverá ter lugar. Ainda esta terça-feira, 27 de Janeiro, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, deixou claro que uma renegociação do valor nominal da dívida grega está fora de questão.

 

Por outro lado, o programa de ajustamento grego termina no final de Fevereiro, pelo que, o tempo urge para que um acordo entre Bruxelas e Atenas seja alcançado. Isto numa altura em que este programa está em "stand-by" devido a discrepâncias entre o anterior executivo grego, liderado por Antonis Samaras, e a troika. 

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