Notícia
Juros gregos disparam mais de 100 pontos e bolsa desliza mais de 8%
Os investidores receiam que a torneira do Banco Central Europeu feche para os bancos gregos, caso o país não chegue a acordo com a troika. No mercado secundário de obrigações soberanas, a dívida a três anos subiu mais de 650 pontos base desde as eleições. Os bancos gregos afundaram mais de 35% desde as eleições.
Os mercados continuam a reagir negativamente à chegada de Alexis Tsipras ao poder na Grécia. Os juros das obrigações soberanas gregas estão a subir pelo terceiro dia consecutivo na sessão desta quarta-feira, 28 de Janeiro, enquanto a bolsa continua a afundar.
O novo Governo grego tomou posse na terça-feira, 27 de Janeiro, e hoje na sua primeira reunião decidiu travar os processos de privatização da empresa de energia PPC e do porto de Piraeus, o maior do país.
A dívida a três anos da Grécia regista o maior avanço entre as diversas maturidades e sobe 256,9 pontos base para 16,591%. Um avanço de 651 pontos base desde o início da semana.
No prazo de cinco anos, a taxa de juro avança 163,8 pontos para 13,438%, ampliando para 440 pontos a soma desde as eleições.
A dívida de referência a 10 anos avançou 204 pontos base em três sessões. Hoje está a somar 101,2 pontos para 10,488%.
Também no mercado de capitais os investidores estão a revelar o seu receio em relação ao futuro da Grécia. A bolsa de Atenas está a afundar 8,32% e já perdeu mais de 81% nas três últimas sessões.
A banca grega está a ser a grande responsável pelo tombo da praça helénica, com as cotadas do sector a afundarem mais de 18%: Piraeus (-21,87%), Eurobank (-21,48%), National Bank (-19,55%), Alpha Bank (-18,38%).
A banca grega têm sofrido fortes perdas nos três últimos dias, com estas cotadas a afundarem mais de 25%: Piraeus (-42,45%), National Bank (-38,56%), Eurobank (-35,84%) e Alpha (-35,19%).
Estes quatro bancos perderam no seu conjunto um total de 7,7 mil milhões de euros, desde a vitória de Alexis Tsipras e do Syriza nas eleições de Domingo, 25 de Janeiro, segundo as contas do jornal britânico Telegraph.
Torneira do BCE pode fechar para a banca grega
A liquidez dos bancos gregos está a deixar os investidores preocupados. Neste momento, muitos questionam se as instituições financeiras do país vão continuar a ter acesso a financiamento do Banco Central Europeu (BCE), após expirar a extensão do prazo de resgate internacional no final de Fevereiro.
Um alto responsável do Bundesbank, banco central alemão, veio a público alertar que a não conclusão do programa de ajustamento porá em risco o financiamento aos bancos.
"Isso teria consequências fatais para o sistema financeiro grego. Os bancos gregos iriam depois perder o acesso ao dinheiro do banco central", disse Joachim Nagel ao jornal Handelsblatt, citado pela Reuters.
A Moody's também veio avisar que a incerteza criada pela vitória do Syriza é negativa para o rating de crédito da Grécia. Este clima "mina a confiança dos depositantes e tem um efeito adversos nas perspectivas de crescimento económicas".
O novo Governo grego planeia negociar a redução da dívida com os credores internacionais. Mas várias vozes, de Berlim a Bruxelas, já alertaram Atenas que perdão de dívida não está em cima da mesa.