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Grécia já tem Governo anti-austeridade
Os elementos do novo Executivo helénico já foram anunciados. Confirma-se a expectativa de uma escolha de ministros que se opuseram aos memorandos assinados entre a troika e Atenas. Será um Governo com 11 ministros. Os membros do Executivo serão empossados ainda esta terça-feira. A primeira reunião de ministros deverá ocorrer já amanhã.
O novo primeiro-ministro grego Alexis Tsipras não perdeu tempo e já apresentou a sua equipa governamental. Tal como o prometido durante a campanha, o Executivo terá um número reduzido de Ministérios. A equipa governamental vai tomar posse ainda esta terça-feira, e amanhã, quarta-feira, realiza-se o primeiro Conselho de Ministro da era Tsipras. O novo Executivo será constituído por 11 ministros, contra os 18 ministros que compunham o Governo liderado por Antonis Samaras. No entanto, o novo primeiro-ministro grego cumpre a promessa de baixar o número de ministérios para 10, uma vez que o novo ministro do Estado não tem direito a um ministério.
O professor e economista Giannis Dragasakis assume o papel de vice-primeiro-ministro com especial incumbência para acompanhar os temas relacionados com a economia. Será dele a responsabilidade para negociar com a troika e supervisionar as restantes pastas da área económica.
Relativamente aos Ministérios, o acordo de coligação entre o Syriza e os Gregos Independentes
garante a este partido de direita nacionalista uma pasta com elevado valor simbólico para o partido. O Ministério da Defesa será assim ocupado por Panos Kammenos, líder dos Gregos Independentes.
Em termos proporcionais, a Grécia é um dos países da NATO com maiores níveis de despesa militar, algo que Kammenos não deverá querer reverter, até porque a linha programática dos Gregos Independentes assenta na defesa da integridade territorial e da identidade helénica. Algo sempre abalado pelo já longo conflito com a Turquia.
Numa das pastas mais relevantes, a das Finanças, confirma-se a expectativa. Será Yanis Varoufakis, um professor da Universidade de Atenas e desde a primeira hora um opositor da troika e do programa de austeridade aplicado na Grécia.
O nome de Varoufakis reforça a classificação do novo Executivo de anti-troika, até porque o novo responsável pelas Finanças gregas chegou a descrever os dois memorandos negociados com Atenas como "tortura orçamental".
O superministério do Desenvolvimento, que inclui as pastas da Economia, Infra-estruturas, Assuntos Marítimos e Turismo, vai ser ocupado pelo professor de Economia Política na Universidade de Creta Giorgios Stathakis.
Outro dos superministérios, da Reconstrução, Ambiente e Energia será liderado por Panagiotis Lafazanis, líder de uma facção mais à esquerda e eurocéptica do Syriza.
Nikos Kotzias, professor de Estudos Europeus na Universidade de Pireus e antigo conselheiro do ex-primeiro-ministro George Papandreou, será o ministro dos Negócios Estrangeiros.
O responsável pela pasta do Interior e Administração será Niko Voutsis.
Já o Ministério da Educação, Cultura e Assuntos Religiosos foi atribuído a Aristidis Baltas.
A pasta da Saúde e Segurança Social caberá a Panayiotis Kouroublis, que será o primeiro invisual a chegar à liderança de um Ministério na Grécia.
O ministro do Trabalho será o antigo porta-voz do Syriza, Panos Skourletis.
Para o Justiça, o nome escolhido foi o de Nikos Paraskevopoulos.
Por fim, o ministro de Estado será Nikos Pappas. Pappas não terá um ministério propriamente dito, uma vez que será incumbido do cargo de chefe de gabinete com a função de coordenar todos os 40 governantes que compõem o novo Executivo da Grécia.
GIORGIOS STATHAKIS
Ministro do Desenvolvimento
Professor de Economia Política e antigo membro do PC grego, com experiência governativa, terá a seu cargo um super-ministério com as pastas da Economia, Infra-estruturas, Assuntos Marítimos e Turismo. A recuperação da economia dependerá muito de Stathakis.
PANAYIOTIS KOUROUBLIS
Ministro da Saúde e Segurança Social
Cego desde os 10 anos devido à explosão acidental de uma granada do exército alemão, foi deputado do Pasok até 2011, saindo contra a austeridade. É deputado pelo Syriza desde 2012 e fica à frente de um dos ministérios que mais cortes sofreu.
PANOS KAMMENOS
Ministro da Defesa
O político de 49 anos entrou na política em 1993, eleito deputado pelo Nova Democracia. Profundamente "patriótico" e anti-troika, abandonou o ND e formou os Gregos Independentes em 2012. Defensor acérrimo da igreja ortodoxa, é conhecido pelas suas reacções intempestivas.