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Agências: Rússia e OPEP discutem possíveis cortes na produção

O excesso de oferta de petróleo a nível mundial e os sinais de enfraquecimento das economias consumidoras têm precipitado o preço do barril para as quedas. O cartel da OPEP tem-se mostrado intransigente na revisão dos limites máximos de produção.

Bloomberg
27 de Janeiro de 2016 às 17:52
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A Rússia e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deverão estar prestes a iniciar contactos para analisar o excesso de oferta de petróleo no mercado e para discutir a possibilidade de reduzir a produção.

A notícia é avançada esta quarta-feira por duas agências noticiosas russas que citam fontes da empresa estatal Transneft, dona da maior rede de oleodutos do mundo, e foi entretanto confirmada pelo Ministério da Energia.

Segundo a agência RIA, que reproduz declarações de Nikolai Tokarev, CEO da empresa, as primeiras reuniões preparatórias desse possível contacto tiveram lugar já hoje no Ministério da Energia russo. A agência TASS dá conta de que as autoridades de Moscovo estão a ponderar esses encontros.

O Governo de Moscovo acrescentou entretanto que as primeiras trocas de impressões de hoje estiveram relacionada com os preços "desfavoráveis" do petróleo. Afirmações que contrariam garantias dadas à Reuters também esta quarta-feira por responsáveis do Governo russo de que Moscovo não estaria a equacionar uma cooperação com o cartel de produtores liderado pela Arábia Saudita, ao contrário do que teria sido sugerido por um dos sócios do segundo maior produtor russo de petróleo, a Lukoil.

Nos minutos seguintes a terem sido conhecidos estes contactos, o preço do barril do West Texas Intermediate, referência para as compras norte-americanas, inverteu para ganhos, depois de ter estado a perder 4,17%. Às 17:30 apreciava 3,72% para 32,62 dólares. Em Londres o comportamento do Brent do Mar do Norte era semelhante: somava 4,87% depois de ter estado a perder 3,05%, cotando nos 33,35 dólares.

O excesso de oferta de petróleo no mercado - que a OPEP não quis travar na última reunião da organização, deixando inalterado o tecto máximo de produção diária dos seus membros -, o regresso do Irão ao estatuto de exportador depois de abolidas as sanções internacionais, bem como os sinais de fraqueza da economia mundial e dos principais países consumidores, em particular a China, têm pressionado para a baixa os preços do petróleo nas últimas semanas.  

Em Dezembro, a Arábia Saudita deixou subentendido que só cortaria os níveis de produção se esse primeiro passo fosse dado por outro grande produtor não pertencente à OPEP, como recordou há uma semana Ole Sloth Hansen, director de "research" de matérias-primas do Saxo Bank. "Se a Rússia cortar a sua produção, esse será seguramente o primeiro passo para os mercados estabilizarem", referiu então. E só aí os preços poderão voltar a subir.

Porém, existem factores que poderão alterar a actual realidade, travando a descida das cotações. Desde logo a China, cujo abrandamento económico provocou a diminuição dos preços das matérias-primas, em especial do petróleo. Se a economia chinesa recuperar de forma sustentada, Pequim aumentará a importação de crude. "A Arábia Saudita está na expectativa de que haja um aumento do consumo em função do baixo preço e aqui entra a China", resume o professor do ISCSP.

E há ainda que considerar a Rússia, que devido à quebra do petróleo enfrenta dificuldades económicas. Recentemente, a petrolífera estatal russa Transneft revelou que poderá diminuir o nível de exportações. Ole Sloth Hansen, director de "research" de matérias-primas do Saxo Bank, garante que "se a Rússia cortar a sua produção, esse será seguramente o primeiro passo para os mercados estabilizarem". Hansen recorda que, em Dezembro, a Arábia Saudita deixou subentendido que só cortaria os níveis de produção se esse primeiro passo fosse dado por outro grande produtor não pertencente à OPEP. E só aí os preços poderão voltar a subir.

Em Dezembro, a produção diária média dos 13 países que constituem a OPEP ficou nos 32,18 milhões de barris, abaixo dos 32,39 milhões do mês anterior. A Arábia Saudita é o maior produtor (assegura quase um terço da produção média diária, que no último mês de 2015 ascendeu a 10 milhões de barris), seguida do Iraque. A Rússia terá produzido, segundo a mesma OPEP, 10,79 milhões de barris de petróleo por dia, em média, no ano passado.

A oferta de petróleo por países da OPEP totalizou uma média de 31,8 milhões de barris por dia no ano passado, a que se juntou a produção de 63 milhões de barris por parte de países extra-OPEP. O valor produzido no mundo ficou assim em 94,9 milhões de barris por dia, acima da procura mundial de 92,92 barris. De acordo com o cartel, a produção mundial aumentou em 1,54 milhões de barris por dia no ano passado.

(notícia actualizada às 18:18 com dados da produção mundial de petróleo)

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