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O que se passava da última vez que o petróleo baixou dos 30 dólares?

A queda acentuada dos preços levou a matéria-prima a baixar da fasquia dos 30 dólares em Nova Iorque, nos EUA. Há mais de 12 anos que a cotação não tocava num valor tão baixo. Era uma realidade diferente da de agora. Veja o que se passava à data, quando o Mourinho ainda era treinador do Porto

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Já foi neste milénio, mas há mais de uma década que os preços do petróleo não estavam tão baixos. É preciso recuar a Dezembro de 2003 para encontrar a cotação do barril em Nova Iorque a menos de 30 dólares. Um ano já distante, marcado pela invasão dos EUA ao Iraque, de outra recessão em Portugal e dos combustíveis ainda regulados com preços abaixo da fasquia de um euro.

 

Combustíveis custavam menos de um euro. Eram regulados

No final de 2003, altura em que o barril de petróleo baixou dos 30 dólares, os portugueses ainda não tinham assistido à liberalização do mercado de combustíveis. Os preços de venda da gasolina e do gasóleo eram definidos pelo Governo. E estavam bem mais baixos dos praticados actualmente. De acordo com os dados da DGEG, o litro da gasolina custava 95 cêntimos, mais do que os 70 cêntimos do gasóleo. Actualmente, a gasolina custa 1,314 euros e o diesel está, em média, em 1,033 cêntimos, mas custa menos de um euro em vários postos.

 

Venda de carros estava a cair, mas a Renault já era líder

Com a quebra da economia, a venda de automóveis em Portugal encolheu em 2003. Foram comercializados, no total, 189 mil novos veículos, menos 16% do registado em 2002, segundo os dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP). Grande parte das fabricantes registou uma quebra nas vendas, mesmo a Renault que, à data, já encabeçava o "ranking" das marcas mais vendidas no mercado português. Comercializou, nesse ano, um total de 27.656 veículos. Peugeot e Volkswagen completavam o "top". Em 2015, as vendas de automóveis aumentaram 24% para 213.645. A Renault contina a liderar.

 

Economia portuguesa cai. Portugal em recessão
A economia portuguesa voltou a contrair em 2003, com o produto interno bruto (PIB) a recuar 1,3% para os níveis de 2001. Portugal entrou em recessão no terceiro trimestre de 2003, depois de experimentar uma ligeira recuperação na primeira metade do ano, evolução que não era antecipada pelo Governo liderado, à data, por Durão Barroso (que depois saiu em 2004 para o cargo de presidente da Comissão Europeia). O Executivo estimava uma contracção de 0,8% do PIB, mas o Banco de Portugal já tinha alertado para a possibilidade de a economia completar o ano com uma evolução negativa entre 1,5% e 0,75%.

 


Começou uma guerra. Caiu um ditador

Um conjunto de tropas dos EUA, Reino Unido, Austrália e Polónia deram início à primeira fase de invasão do Iraque a 20 de Março. Uma coligação liderada pelo governo do então presidente norte-americano, George W. Bush, marcando o início da Guerra no Iraque. Este confronto armado opôs estes países ao executivo de Saddam Hussein, então presidente do Iraque, mas não terminou com a sua captura a 13 de Dezembro de 2003. A guerra só terminou em 2011, com a derrota dos rebeldes que se opunham à invasão estrangeira do território árabe.

 

Após três anos de quedas, a bolsa nacional brilha

A bolsa nacional vinha de três anos consecutivos de quedas acentuadas, mas recuperou em 2003. Nesse ano, o PSI-20 ganhou 15,84% para os 6.747,41 pontos – está a cotar nos 5.144 pontos –, sendo este o primeiro de um total de cinco anos consecutivos de ganhos. Uma sequência positiva que culminou com a crise financeira de 2008. À data, o índice de referência da bolsa portuguesa tinha 20 cotadas. A banca dominava, mas já havia Jerónimo Martins e EDP. A Galp Energia não estava ainda em bolsa.

 

Time Warner era a mais valiosa do mundo. E a Apple?

Num ano de ganhos na generalidade dos mercados accionistas mundiais, as empresas mais valiosas do mundo ficaram ainda mais… valiosas. A liderar, destacada, estava a Time Warner. Avaliada em 378 mil milhões de dólares, era o "colosso" nas bolsas, seguido de outras duas cotadas norte-americanas: General Electric e Microsoft. E a Apple? Estava bem para baixo na lista das mais valiosas. A fabricante do iPhone, que agora está avaliada em 554,2 mil milhões de dólares, valia apenas 7,8 mil milhões. Era a 708.ª "maior" do mundo.

 

A normalidade dos juros da dívida de Portugal

Apesar das subidas e descidas, 2003 não foi um ano incomum para os juros da dívida. As obrigações do Tesouro a 10 anos estrearam-se no então novo ano com uma taxa de juro de 4,321%. 12 meses depois, a "yield" estava pouco inalterada: era de 4,443%. Mas a negociação neste período foi animada. A taxa de juro chegou a cair para um mínimo de 3,613%, registado em Junho. A tendência de queda terminava e, a partir de então, o custo de financiamento do Estado a 10 anos só subia. Atingiu um máximo de 4,642% a 1 de Dezembro.

 

Euro dispara com taxa do BCE em queda

Um ano atípico para o euro. A moeda única entrou em 2003 a valer 1,05 dólares. A partir de então, o certo é que, com mais ou menos correcções, a tendência do euro foi sempre a subir. A moeda encerrou 2003 a negociar nos 1,2595 dólares, acumulando uma valorização de 20%. Isto num ano em que o BCE reviu em baixa a taxa de juro de referência por duas vezes. Após a redução de 2,75% para 2,50% em Dezembro de 2002, a instituição monetária, então liderada por Wim Duisenberg, voltou a rever a taxa de referência em Março de 2003, desta feita para 2,50%. Três meses depois, o BCE colocava colocava-a nos 2,00% com que terminaria o ano.

 

Domínio do Porto no campeonato nacional rumo ao Euro 2004

No desporto, foi o ano do Futebol Clube do Porto. Depois de ter contratado José Mourinho para treinador em 2002, o clube azul e branco conquistou o campeonato nacional já depois de em Maio ter arrebatado a Taça UEFA. Na época 2003/2004 voltou a sair vitorioso, conquistando depois a Liga dos Campeões em 2004, ano em que o campeonato da Europa de futebol foi realizado em Portugal. A selecção nacional chegou à final, mas perdeu com a Grécia.

 


Senhor dos Anéis nos cinemas, 50 Cent na rádio

Na cultura, o "Senhor dos Anéis: O regresso do Rei" estreou nas salas de cinema nacionais a 13 de Dezembro. Um sucesso de bilheteira que depois se traduziu na conquista de vários óscares na cerimónia realizada no arranque do ano seguinte. Mas se no cinema a saga do Senhor dos Anéis dominava, nas rádios era a música do 50 Cent que fazia aumentar o som. "In da Club" era o "hit" a nível mundial quando em Portugal os Tribalistas lideravam o "top" vendas de discos.


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