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Analistas antecipam aumento de capital até quatro mil milhões de euros

O BES será forçado a realizar um aumento de capital. A dúvida é a dimensão desta operação. De acordo com as notas de investimento já publicadas, o reforço de capitais pode chegar aos quatro mil milhões de euros.

Sara Matos/Negócios
31 de Julho de 2014 às 12:39
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O banco liderado por Vítor Bento anunciou, esta quarta-feira, os resultados relativos ao primeiro semestre deste ano. O prejuízo do banco alcançou os 3.577,3 milhões de euros, neste período. A explicar este resultado negativo histórico está a constituição de provisões (dinheiro colocado de parte de modo a assegurar eventuais perdas futuras) com o objectivo de "fazer face à exposição perante as empresas do Grupo Espírito Santo".

 

No total, o custo das imparidades e contingências somou 4.253,5 milhões de euros.

 

Os números conhecidos agora oficialmente levam os analistas a antecipar a necessidade de um novo aumento de capital. As perdas do BES, e mesmo depois do aumento de capital realizado em Maio, colocavam, a 30 de Junho, o seu rácio "common equity tier 1 ("phased-in"), utilizado para um período transitório para a adequação às normas europeias, nos 5%, abaixo dos 7% exigidos pelo Banco de Portugal.

 

A previsão mais elevada é do CreditSights que estima que o BES precise de quatro mil milhões de euros para aumentar capital para cerca de sete mil milhões de euros, colocando o rácio nos 11,5% nas vésperas dos testes de "stress" ao sector financeiro europeu. Já o UBS estima um reforço de capitais na ordem dos três mil milhões de euros.

 

O Citi projecta uma operação entre 1,4 e 2,4 mil milhões de euros, "dependendo se Angola será desconsolidada ou não".

 

Uma estimativa que é superada pelo analista do BPI, Carlos Peixoto. Para um rácio na ordem dos 10%, o banco de investimento antecipa a necessidade de um aumento de capital de 3,5 mil milhões de euros, o que "representaria 100% do actual valor contabilístico e 181% da actual capitalização bolsista" do BES.

 

Contudo, "este valor poderia ser reduzido com a venda de activos que pode fazer parte do plano de recapitalização do banco", realça a nota do BPI, que tem as acções do BES sob revisão. E pode também ser superior, se "assumirmos que as perdas relacionadas com o GES superam as provisões realizadas, o banco enfrentar perdas relacionadas com a exposição de dois mil milhões de euros dos seus clientes institucionais ao GES e o BES tiver perdas adicionais em Angola".

 

O Citi sublinha que as perdas reveladas pelo banco superaram as suas previsões que apontavam para perdas entre os 0,6 e os 2,3 mil milhões de euros, devido a perdas superiores ao esperado relacionadas com a exposição a empresas do Grupo Espírito Santo (GES), com sociedades veículos cujos activos eram obrigações emitidas pelo banco, com Angola e risco de crédito.

 

O banco de investimento defende que os riscos que permanecem estão relacionados com a necessidade de intervenção do Estado e/ou "bail-in" [instrumento de resgate interno que consagra a imputação de perdas aos accionistas e credores e financia a resolução através de fundos alimentados pelos bancos em função do seu perfil de risco].

 

"Um apoio não diluitivo do Estado, a um custo razoável, produziria um resultado mais favorável para os actuais accionistas mas o destino dos obrigacionistas juniores continua incerto", explica o analista Stefan Nedialkov.

 

Como riscos potenciais, o Citi enumera também as perdas por descobrir uma vez que o plano de reestruturação está a ser desenhado, as questões reputacionais, e o tema de Angola.

 

Depois de conhecidos os resultados do primeiro semestre, o Citi reviu em baixa a avaliação para as acções do BES, de 0,58 euros para 0,36 euros. Uma avaliação que, ainda assim, confere às acções, margem para subir 42%. Também a recomendação desceu de "comprar" para "neutral".

 

"Agora avaliamos o BES com base em dois cenários que pesam 50%/50%: o primeiro assume um aumento de capital de 2,4 mil milhões de euros sem a diluição de Angola; o outro assume uma operação de 1,4 mil milhões de euros com a diluição de Angola", explica o Citi. Para estes cálculos, não é assumido o apoio do Estado.

 

As acções do banco seguem a desvalorizar 27,09% para os 25,3 cêntimos, depois de terem chegado já a afundar 51,01% para os 17 cêntimos, o valor mais baixo em que negociou desde que está cotado em bolsa.

 

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.  

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