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BES regista 4,3 mil milhões de euros de imparidades
Só em imparidades o Banco Espírito Santo contabilizou um custo de 4,3 mil milhões de euros no primeiro semestre, o que levou aos prejuízos de 3,57 mil milhões de euros.
"O custo com imparidades e contingências atingiu 4.253,5 milhões de euros influenciado pelos factores de natureza excepcional", assume o Banco Espírito Santo no comunicado divulgado esta quarta-feira, 30 de Julho.
O conselho de administração diz acreditar que "o reforço [de provisões] realizado fortalece o balanço, cria condições para a recuperação económica do grupo e mitigará os futuros impactos do AQR (Asset Quality Review) em curso".
Provisões para exposição directa ao GES
O Banco Espírito Santo explica, em comunicado, que decidiu ter feito provisões de 1.206 milhões de euros para eventuais perdas relacionadas com empresas do Grupo Espírito Santo. Isto "apesar de à data da aprovação das contas não se conhecer, com a precisão necessária, o plano de reestruturação do GES". Estas provisões não incluem imparidades para a exposição às companhias de seguro, Tranquilidade e subsidiárias.
Desse valor, a exposição directa ao Espírito Santo Financial Group e subsidiárias levou a uma provisão de 823 milhões de euros.E a exposição à Rioforte e subsidiárias levou a uma provisão de 144 milhões de euros.E a Escom levou a um reforço de provisões de 239 milhões de euros.
Dívidas subscritas por clientes
Mais provisões tiveram de ser registadas por dívida do GES subscrita por clientes que o BES tem estado a pagar no caso dos clientes de retalho. Mas foi neste ponto que o Banco diz agora ter descoberto, após 10 de Julho, da existência de duas cartas emitidas pelo banco a benefício de entidades credoras da ESI (Espírito Santo International), "cuja aprovação não havia sido realizada de acordo com os procedimentos internos instituídos no banco, nem constava dos seus registos contabilísticos a 30 de JUnho". Por isso, a provisão para este caso foi de 856 milhões de euros.
Participação na PT
O BES detém 10% da PT, o que obrigou, face à desvalorização da empresa em bolsa, a uma provisão de 106,1 milhões de euros. Mas o BES garante que "o impacto nos rácios de capital foi diminuto", porque "a perda potencial já vinha sendo deduzida ao capital próprio".
Veículos desconhecidos
Uma provisão de 121 milhões de euros foi constituída por causa de instrumentos financeiros que a actual administração não percebe a sua existência. Em Julho, diz em comunicado o BES, foram identidicadas três sociedades veículos cujos activos eram obrigações emitidas pelo banco. "Os actuais membros do conselho de administração que estavam em funções à data de 30 de Junho desconheciam as transacções realizadas através de intermediários financeiros referidos, bem como a constituição, desenho e funcionamento daqueles SPE [sociedades veículo], bem como de um quarto veículo cujo valor dos activos deverá rondas os 77 milhões". Por causa destes veículos, aliás, o banco admite tomar as medidas para ser ressarcido de eventuais prejuízos.
"Em conclusão, os impactos do ajustamento do valor das emissões, da consolidação dos veículos e demais contingências associadas às emissões do grupo BES detidas por clientes de retalho, determinaram um registo de encargos nas contas do primeiro semestre no valor total de 1.249 milhões".
Há ainda a registar outras imparidades, por via do banco na Líbia (AMan Bank - 10,2 milhões de euros), pela desvalorização de activos (85,4 milhões, sendo 5 milhões de provisões para imóveis, 60 milhões para activos detidos para venda e 20,4 milhões para instrumentos financeiros).
(Notícia actualizada às 22h15 com mais detalhes sobre imparidades)