Notícia
BES Angola com prejuízos de 355 milhões de euros
O BES admite que a sua continuação em Angola está em risco se não acompanhar o aumento de capital exigido pelo Banco Nacional de Angola. A garantia de 5,7 mil milhões de euros dada pelo Presidente angolano devido aos créditos em risco do BESA "mantém-se válida".
O BES Angola (BESA) registou prejuízos de 355,7 milhões de euros no primeiro semestre deste ano. Com uma participação de 55,7%, é atribuível ao BES 198,2 milhões de euros de prejuízo, anunciou o banco português esta quarta-feira, dia 30 de Julho, através de comunicado emitido para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O BES aponta várias causas para este prejuízo. Primeiro, a identificação de 247 milhões de euros em juros incobráveis pela nova equipa de gestão do BESA. Como consequência, procedeu à respectiva anulação dos mesmos.
Devido a isso, e como a "quase totalidade dos juros estavam provisionados", procedeu à "correspondente reversão de provisões no montante de 227 milhões de euros".
No entanto, explica, devido à inspeção promovida pelo Banco Nacional de Angola, o BESA reforçou o seu capital em 303,1 milhões de euros. O reforço no semestre chegou aos 146 milhões de euros no total.
O BES sublinha também que o BESA fez uma provisão de 69,4 milhões de euros para efeitos de "contingências fiscais devido a possíveis diferenças de interpretação da aplicação de certas disposições do Código do Imposto
Industrial local."
Por prudência, diz o BES, a nova equipa de gestão do banco angolano "decidiu não reconhecer activos por impostos diferidos por reporte de prejuízos fiscais".
No comunicado, o banco de Vítor Bento afirma que o Banco Nacional de Angola "informou o BES Angola da necessidade de este proceder a um reforço substancial dos seus capitais". O regulador angolano pediu à instituição para inquirir os seus accionistas sobre a possibilidade de poderem reforçar o seu capital.
As cartas estão em cima da mesa para a permanência do BES em Angola. Se não decidir acompanhar o aumento de capital, no todo ou em parte, "poderá deixar de ter uma participação de controlo e/ou esta ser diluída para uma participação em que deixa de fazer consolidação integral do BES Angola". Ou seja, chegaria ao fim a presença do banco português naquele país lusófono.
Segundo o comunicado, o BES está "em contacto com as autoridades regulatórias angolanas e portuguesas", no sentido de ser encontrada uma solução conveniente aos interesses das autoridades angolanas e que
salvaguarde os interesses do BES e dos seus acionistas."
O banco de Vítor Bento assegura no comunicado que a "garantia soberana prestada pelo Estado angolano mantém-se válida". Isto é, a garantia dada pelo Estado angolano, de 5,7 mil milhões de dólares devido aos créditos em risco do BES Angola, é para manter.
O BES concedeu também um empréstimo de curto prazo no valor de três mil milhões de euros ao BESA, que Luanda compromete-se a reembolsar através de pagamentos faseados.