A farmacêutica portuguesa Bial desistiu de prosseguir com o investimento no desenvolvimento da molécula que estava em ensaios clínicos em França, que resultaram na morte de um homem. "Abandonámos a investigação dessa molécula para objectivos comerciais, mas continuamos a investir para saber o que aconteceu", ressalvou o CEO da Bial, António Portela, nesta manhã de 5 de Julho, em conferência de imprensa, no Porto, durante a apresentação de um novo medicamento da empresa. 

Questionado pelo Negócios sobre o investimento sem retorno no desenvolvimento desta molécula, o gestor reconheceu apenas que a Bial perdeu "dezenas de milhões de euros" neste projecto, sem adiantar o valor total do prejuízo.

A Bial quer ter acesso a todos os dados médicos dos voluntários que participaram no ensaio clínico. Portela lembrou que, de acordo com as próprias autoridades francesas, a vítima mortal "era portadora de uma patologia vascular endocraniana oculta, susceptível de explicar o desfecho fatal" e que os "ensaios efectuados com animais, submetido a doses muito mais fortes e durante um período mais longo, não pareciam fazer prever os efeitos indesejáveis verificados no ser humano".

A Procuradoria de Paris abriu, no passado dia 14 de Junho, uma investigação judicial "por homicídio involuntário" para apurar as circunstâncias que resultaram na morte de um homem que participou no ensaio clínico da Bial em Janeiro deste ano, na cidade francesa de Rennes. 

Aquando do ensaio, realizado pela empresa francesa Biotrial para a Bial, seis voluntários foram hospitalizados, dos quais quatro sofreram lesões cerebrais e um acabou por morrer. O CEO da farmacêutica confirmou que a parceria com a Biotrial "está suspensa". 

(Notícia actualizada às 12:54 com mais informações)