Notícia
Minuto-a-minuto: "Não podíamos fazer mais do que fizemos", diz Salgado
Foram pouco menos de 10 horas de audição a Ricardo Salgado. Com ataques a Carlos Costa, sem pedidos de desculpa aos clientes e com farpas a Queiroz Pereira e Fernando Ulrich.
01h08 - A audição a Ricardo Salgado terminou. Pela segunda vez que esteve no Parlamento, o antigo "dono disto todo" explicou-se novamente durante cerca de 10 horas.
01h07 - Durante cerca de 10 horas de audição, iniciada na quinta-feira e com término já na madrugada de sexta-feira, o nome de José Maria Ricciardi raras vezes foi referido. O líder do BESI, antecipando contradições, tinha-se disponibilizado para ser ouvido e até avançou com datas. Mas não foram suscitadas grandes contradições.
01:05 - "Eu não tinha tempo para gerir as minhas coisas", lamentou Salgado, depois de desmentir que alguma vez tenha investido em ETF e outros produtos complexos. "A minha situação está toda regularizada", garantiu o antigo presidente do BES.
01:02 - Ricardo Salgado diz que o BES nunca quis vender papel comercial com risco aos clientes. "Nós não sabíamos o que acontecia na ES International. Tivemos essa falha. Não podíamos fazer mais do que fizemos. E não estávamos a tentar forçar a colocação de papel comercial no mercado que não fosse válido. Quando soubemos, começámos imediatamente a comprar todo o papel comercial. Pode ter sido colocado algum, pelo desfasamento de tempo", garantiu.
00:54 - Ricardo Salgado lamentou os comentários de Fernando Ulrich sobre o presente de 14 milhões de euros que o antigo banqueiro recebeu do construtor José Guilherme. É que, juridicamente, é definido como uma liberalidade. "Tenho pena que o dr. Ulrich tenha feito comentários sobre um assunto pessoal. Ele não sabe as razões da liberalidade. Foi concretizada, e antes não deixei de consultar os meus advogados. Informei o BdP e o ministro das Finanças. É uma situação de amizade com mais de 40 anos. Tenho pena que o dr. Ulrich não tenha querido elucidar-se melhor comigo".
00h52 - Sobre o facto de o presidente do BPI ter dito, na sua audição, que não foi obrigado a dar autonomia informática ao seu participado Banco do Fomento de Angola, Salgado disse que, "provavelmente pela importância que o BFA tem em Angola, tinha mais facilidades que os outros banqueiros portugueses". O ex-presidente executivo do BES reiterou que recebeu uma carta do regulador angolano a forçar a deslocação do equipamento financeiro que estava em Lisboa para Angola.
00h51 - "É uma pessoa que eu considero, sem dúvida, e tem feito um excelente percurso. Assim espero que continue". São palavras de Ricardo Salgado sobre Fernando Ulrich.
00:47 - "O que é que estavam lá a fazer? Estavam contratados e eram bastante onerosos para o grupo", respondeu Salgado à pergunta de Pedro Saraiva, do PSD, que o confrontou com declarações dos antigos CEO e gestor financeiro da Rioforte que afirmaram que a gestão financeira da holding estava centralizada em Ricardo Salgado e José Castela, antigo controller financeiro do GES.
00h50 - "Perdemos muitos documentos e muitos papéis com as buscas e apreensões", justifica Salgado para o facto de não conseguir responder a muitas questões.
00h44 - "A ES Enterprise era a empresa que fazia orientação dos pagamentos dos serviços partilhados", diz, mais uma vez, Ricardo Salgado. Sabe-se que a empresa está a ser investigada pelo Ministério Público por ser um alegado saco azul do grupo. "Não era uma empresa operacional, era uma empresa, no fundo, coordenada".
00h42 - Além de Pedro Saraiva, o socialista Filipe Neto Brandão, o comunista Miguel Tiago e a centrista Cecília Meireles lançaram questões. O social-democrata Duarte Marques também o fez, aproveitando para corrigir a citação de Fernando Pessoa feita por Ricardo Salgado. O ex-CEO do BES afirmara, como motivo para não se desculpar perante os clientes do BES, que "pedir desculpa é pior do que não ter razão". O jornal i relembrou que a citação verdadeira, do heterónimo Álvaro de Campos, é: "Não dar desculpas é melhor que ter razão".
00h27 - Ao fim de mais de nove horas, com uma interrupção de 30 minutos, os deputados terminam a segunda ronda de perguntas. Passa-se para a terceira fase em que os deputados fazem perguntas de seguida. Começa Pedro Saraiva, do PSD, o deputado que será responsável por elaborar o relatório final da comissão de inquérito.
00:21 - "Essa listagem está com o Banco de Portugal", garante Ricardo Salgado quando questionado pela deputada Mariana Mortágua sobre a lista de clientes que, de acordo com o BdP, o BES podia reembolsar com dinheiro da conta para pagar o papel comercial do GES a clientes de retalho. A deputada duvida da informação e diz ao antigo banqueiro ter "a certeza que o BdP dirá que a lista não existe".
00h12 - "A sua insistência causa-me a minha admiração mas posso dizer que operações eram operações de mercado e, portanto, têm de ser analisadas enquanto tal", riposta Salgado às perguntas da deputada bloquista sobre as perdas em que o BES incorreu a adquirir obrigações a um preço mais elevado do que o preço a que havia emitido.
00h10 - "Não combinei com ninguém. Esse assunto era tratado na área financeira", diz Ricardo Salgado a Mariana Mortágua quando questionado sobre se combinou o esquema de recompra de obrigações com perdas para o BES através da utilização da Eurofin.
00:03 - Mariana Mortágua começa a segunda ronda de perguntas. O antigo presidente do BES diz que o banco ajudou muito o país e que esse apoio foi reconhecido. "Por duas vezes, em duas chamadas telefónicas, o ministro Vítor Gaspar agradeceu o apoio que o BES estava a dar ao país. Só pedimos ao Estado português reciprocidade, que nos ajudasse", relata Salgado explicando o que pediu ao primeiro-ministro em Maio de 2014.
23:59 - Salgado responde: "Em relação à ladainha, não sei o que lhe dizer. Tenho procurado explicar isso". Salgado invoca as provisões de dois mil milhões de euros que o Banco de Portugal obrigou o BES a fazer, e o facto de a garantia de Angola ter sido revogada, para tentar explicar.
"A 17 de Junho fui a Angola falar com o vice-presidente de Angola, o engenheiro Manuel Vicente, para lhe pedir para acelerar o reembolso da garantia, com transferência para um veículo que seria colateralizado por dívida pública angolana. O engº Manuel Vicente percebeu e compreendeu. Dissemos que estávamos a ser pressionados pelo BCE e pelo BdP para resolver o problema da garantia. Ele disse que ia acelerar o processo que permitia transformar a garantia em liquidez, relatou o antigo presidente do BES.
"Sabe o que saiu aqui no Expresso, que Ricardo Salgado foi pedir ajuda aos angolanos... O BES foi forçado a desaparecer por excesso de provisionamento e pelo problema da garantia de Angola. Não é uma ladainha, foi o que aconteceu. Foi destruído o mais importante banco privado português".
22:57 - Miguel Tiago faz a última pergunta ao antigo banqueiro. "O que quer dizer com a ladainha 'o BES não faliu, foi condenado a desaparecer'"?
23:52 - Ricardo Salgado diz que nunca teria aceite as provisões de dois mil milhões de euros que o BES fez nas contas de 30 de Junho e que foram aprovadas já depois da sua saída do banco. "Se eu estivesse lá, tinha sido um problema muito sério. Nunca teria aceite aquelas provisões como estavam", garantiu Salgado, recordando que os administradores que representavam o Crédit Agricole também as contestaram.
22:45 - Ricardo Salgado explica o que foi fazer a Paris depois de descobrir os problemas do GES. "No início do ano fui reunir com o líder executivo do Crédit Agricole, Jean Paul Chiflet, dizendo que o grupo estava com dificuldades e, não escondo, pedi-lhe apoio financeiro. Ele disse-me que o Crédit estava a passar por momentos difíceis e estava a sair de Espanha, Itália e Grécia. Disse-me 'vou ver o que podemos fazer', mas disse que queria ficar no BES. Uma parceria de 30 anos não se quebra assim de qualquer maneira", sublinhou.
23h44 - Miguel Tiago relembra que Rui Guerra, que presidia ao BES Angola depois de Sobrinho, vendeu todas as suas acções do BES em Março e Abril de 2014, meses antes da derrocada do banco. "E fez bem", rematou Salgado, dizendo que não as terias vendido por saber de problemas na sucursal angolana: "O dr. Rui Guerra é uma pessoa impecável, se calhar necessitou dos recursos". "Eu guardei as minhas e investi mais em aumento de capital".
23h34 - Miguel Tiago assegura agora as perguntas a Ricardo Salgado. O antigo líder do BES repete que a sua estratégia para salvar o GES foi "interrompida", criticando o "ring-fencing impossível" ditado pelo regulador do sector financeiro.
23:28 - Cecília Meireles pergunta "como se deu esta passagem de José Honório homem de confiança de Pedro Queiroz Pereira, para José Honório homem de confiança do grupo Espírito Santo?" Salgado responde: Já tinha saído há bastante tempo do grupo Queiroz Pereira. A esposa do dr. Honório foi uma colaboradora excelentíssima do BES, na área institucional. O dr. José Honório estava disponível e quem se lembrou dele foi o dr. José Manuel Espírito Santo. E aceitou uma contribuição graciosa. Acabámos por não o remunerar porque esteve muito pouco tempo connosco. Fez um trabalho excelente na Portucel".
23h27 - O antigo banqueiro explica a existência de mais de 6 mil milhões de euros em dívida da ESI colocada a curto prazo pela dificuldade em aceder ao mercado com a descida do "rating" na sequência da crise portuguesa. "Infelizmente, a dívida foi colocada em clientes, mas não era obrigatório que os clientes viessem a perder o capital. Deixámos as provisões necessárias para resolver os problemas de todos", disse, acusando implicitamente, mais uma vez, o Banco de Portugal.
23h24 - "Acha que nos queríamos prejudicar a nós próprios?", disse Salgado para justificar um motivo para ele próprio não ordenar a falsificação de contas: a família Espírito Santo havia investido nos aumentos de capital da própria ESI.
23h21 - Cecília Meireles pergunta que motivo teria o "comissaire aux comptes" da ESI para falsificar as contas. "Só lhe posso dizer uma coisa: não dei instruções para ocultar o passivo. E mantenho isto que estou a dizer. Aquilo que ouvi do dr. Machado da Cruz foram cinco versões diferentes", respondeu Salgado. Mas não avançou uma eventual razão.
23:19 - Salgado confirma que ordenou a Peter Brito e Cunha para que a Tranquilidade investisse em dívida do GES. Mas diz que apesar dessa perda de 150 milhões, o comprador injectou esse valor na seguradora. Para Salgado, a Tranquilidade valia muito mais do que o preço pelo qual foi vendida, mesmo considerando está injecção de capital. "Era a melhor companhia de seguros portuguesa", remata o antigo presidente do BES.
23h18 - Ricardo Salgado critica a venda por 40 milhões de euros da Tranquilidade à Apollo. Relembra que um investidor que tinha dívida da ESFG ou da Esfil - Salgado não soube especificar - colocou uma acção cautelar para impedir a venda. E avançou que essa acção caiu porque a Apollo cedeu 8% do capital da Tranquilidade a esse investidor. Foi a forma encontrada pelo ex-banqueiro para defender que a seguradora foi mal vendida. "Dentro de alguns anos, vão ver a Apollo realizar um lucro brutal em cima da Tranquilidade".
23h10 - Porque avançou o aumento de capital de Maio e Junho de 2014 quando já sabia que a derrocada da área não financeira iria obrigar ao reforço?, pergunta o socialista Pedro Nuno Santos. "O aumento de capital foi compulsório, determinado pelo Banco de Portugal. Comprometemo-nos a fazer o aumento de capital. Mas o colapso dá-se depois", rematou Salgado.
23:08 - "A Apollo, um conglomerado misto de private equity, está a tentar comprar o Novo Banco. Espero que o faça", disse Salgado ao citar uma série de "conglomerados mistos", como o La Caixa, maior accionista do BPI, os investidores angolanos que controlam o BCP e o grupo chinês Fosun que comprou a Fidelidade. O antigo banqueiro recusou assim a ideia de que o problema do GES e do BES estava no facto de serem um conglomerado misto de empresas financeiras e não financeiras.
23:04 - "Ouvi aqui o vice-primeiro-ministro Paulo Portas a dizer que as únicas alternativas para o BES eram a nacionalização ou a resolução. Espanta-me. Antes de sairmos [do banco] tínhamos forma de organizar uma recapitalização privada", insistiu Salgado, criticando o facto de o Governo e o Banco de Portugal não terem ouvido os seus alertas para o risco sistémico da queda do GES.
23h00: A oitava hora de audição aproxima-se. Ricardo Salgado continua a relatar os encontros que teve com figuras políticas. "Fiz tudo o que estava ao meu alcance".
22:53 - Li na imprensa que eu tinha ido ao primeiro-ministro fazer queixas do sr. governador. Não foi isso. Foi um grito de alarme sobre o risco sistémico do BES. Fiz esse alerta ao primeiro-ministro e ao presidente da república", repete Salgado.
22:51 - "Eu não sabia muitas coisas. Ninguém podia jamais saber tudo o que se passava dentro do banco", diz Ricardo Salgado para justificar o facto de não conseguir a Pedro Nuno Santos que o inquiria sobre a venda da ES Turismo.
22h38 - "A Eurofin funcionava como empresa independente, era independente". Salgado reitera a ideia deixada na primeira audição para rejeitar saber dizer que papel teve a Eurofin em operações que ligavam a ESI a Álvaro Sobrinho.
22h30 - O antigo líder do BES repete a razão para ter afastado Álvaro Sobrinho da presidência do BES Angola: o desconforto dos accionistas angolanos para com a postura do angolano.
22h29 - As perguntas de Abreu Amorim terminaram. Segue-se novamente o Partido Socialista pela voz do coordenador Pedro Nuno Santos.
22:27 - Abreu Amorim pergunta a Salgado se nega que, sob a sua gestão, o BES tenha violado determinações do BdP. "Houve da minha parte e do BES um empenhamento total no cumprimento das determinações do Banco de Portugal e do ring fencing. 'Errare humanum est'. É possível que tenha havido algumas falhas pontuais. Estou totalmente disponível para esclarecer".
22h26 - Salgado responde ao deputado social-democrata com um ataque ao presidente da Semapa: "O sr. Queiroz Pereira é filho de uma grande figura do nosso país, o sr. Manuel Queiroz Pereira. Em homenagem à sua memória, gostaria de dizer que lhe devemos muito. [Já] o sr. Queiroz Pereira [filho] fez aqui referências. Não tive sequer tempo para ver a apresentação do sr. Queiroz Pereira. O sr. Queiroz Pereira fez aqui comentários caricatos, inclusivamente fez uma referência que as minhas irmãs estavam a fazer bolos para fora. Fez também uma outra referência de que eu não lidava bem com a verdade".
"As minhas irmãs já responderam a dizer que poderiam perfeitamente fazer bolos e vender mas que isso não acontecia. O Sr. Queiroz Pereira esqueceu-se de dizer, provavelmente porque não sabe, que tenho uma excelentíssima relação de amizade com as minhas irmãs. Nunca puseram processos judicias contra mim, o que não acontece com o sr. Queiroz Pereira", adiantou ainda Ricardo Salgado, lembrando dos litígios que opuseram Pedro Queiroz Pereira com as irmãs Maude e Margarida.
22h25 - Abreu Amorim lembra que Queiroz Pereira disse, no Parlamento, que Salgado sabia de tudo o que se passava no grupo.
22h24 - Salgado repete na resposta que estava afastado da gestão do GES.
22h21 - Carlos Abreu Amorim para Salgado: "Tem revelado nas várias perguntas que lhe têm sido feitas algum desconhecimento sobre a forma como os investimentos do BES e do BESA eram efectuados. Não lhe parece que há uma certa contradição?"
22:18 - O deputado do PSD quer saber porque é que a ESAF aparece na lista do Swissleaks. "Trata-se de uma surpresa. Não tenho conhecimento que a ESAF tenha tido aplicações no HSBC. Ficarei a aguardar a análise que vier. Não me recordo nunca ter havido um investimento no HSBC", respondeu Salgado.
22:17 - "Estou completamente no escuro em relação à segunda auditoria forense, sobre o BESA", diz Salgado para recusar responder às perguntas sobre o banco angolano. O ex-presidente do BES garante que nunca houve créditos dados sem comprovativo, uma das irregularidades potenciais identificadas pela Deloitte.
22:15 - "Não é uma garantia, e não sendo uma garantia não tinha de ir ao conselho de crédito. Ficaram no banco mau, custa-me dizer isso, mas é assim que o banco é conhecido. Se não fossem as cartas de conforto, o banco perdia um volume de depósitos muito grande", diz Salgado perante a insistência de Carlos Abreu Amorim.
22:11 - Salgado diz que as cartas não eram garantia de reembolso das aplicações do Estado venezuelano. "Foram feitas para manter a confiança dos venezuelanos e manterem os depósitos no BES", justifica o antigo banqueiro.
22:08 - Carlos Abreu Amorim volta a questionar o antigo Presidente do BES. O deputado do PSD diz-se perplexo com a possibilidade de Ricardo Salgado não ter tido papel activo nas violações das determinações do Banco de Portugal. O social-democrata questiona Salgado sobre as cartas de conforto que garantiam o reembolso do investimento do Estado da Venezuela em dívida do GES.
21:35 - O antigo banqueiro volta à sala de audições da comissão de inquérito. Está a postos para a segunda ronda de perguntas dos deputados. O testemunho de Ricardo Salgado dura há sete horas.
21: 30 - Ricardo Salgado, acompanhado do seu advogado, Francisco Proença de Carvalho, entra no bar dos deputados no intervalo de 30 minutos que o presidente da comissão de inquérito sugeriu. Ao balcão, entre deputados e jornalistas, o antigo presidente do BES alimentou-se para mais um par de horas que a audição ainda promete durar, de acordo com a estimativa de Fernando Negrão.
21h28 - "Prevê-se ainda um bom par de horas [de audição]", diz Negrão. Pausa para 30 minutos numa audição que começou pouco passava das 15 horas. Terminou agora a primeira ronda de perguntas dos deputados.
21h24 - "A auditoria forense não viu muita coisa. As operações de financiamento a ESfil e ao ES Bank Panamá tinham como garantia acções da Rioforte e o edifício de Miami", afirmou o ex-presidente do BES para justificar a afirmação segundo a qual os créditos a estas entidades dados no primeiro semestre de 2014 pelo BES não violaram as exigências do Banco de Portugal. Esta foi apenas uma das formas de Salgado criticar a auditoria forense.
21h17 - "Não desobedecemos ao 'ring fencing' do Banco de Portugal", repete Ricardo Salgado a Mariana Mortágua.
21h11 - Mariana Mortágua continua a fazer perguntas sobre a ESI e a ocultação de passivo naquela que era a empresa de topo do GES.
21h02 - O BES "nunca teve operações com o HSBC, daquelas que agora estão em investigação na Suíça", diz Salgado numa resposta à deputada do Bloco de Esquerda, referindo-se ao caso conhecido como Swissleaks, divulgado recentemente.
"Não me recordo". "Assim de repente não sei". "Não tenho elementos". Ricardo Salgado repete a Mariana Mortágua, do BE, as expressões que utilizou em inúmeras situações ao longo da sua audição, que se aproxima das seis horas de duração.
20h46 - "Não era trigo limpo recuperar o grupo. A própria PwC dizia que havia grandes riscos de execução" do plano de recuperação do GES, aponta Mariana Mortágua, contestando a ideia de Salgado que o BES e o GES poderiam ter sido salvos se tivesse havido tempo para desalavancar o grupo através da venda de activos e de aumentos de capital.
20h36 - Salgado diz já não ter a certeza sobre o motivo para Hélder Bataglia ter recebido sete milhões de euros da ES Enterprise. Terá sido uma compensação por desenvolvimentos, e parte para fazer investimentos, segundo a descrição do antigo banqueiro. O gestor invoca o segredo de justiça para não dar mais explicações.
20h32 - Salgado diz que a ES Enterprise servia para regularizar serviços partilhados. Mas sobre o pagamento feito a Hélder Bataglia o antigo banqueiro diz que se deveu "a desenvolvimentos no Congo Brazzaville" que foram pontuais. Salgado recorda que os pagamentos feitos por esta sociedade "offshore" estão a ser investigados pelo Ministério Público, no âmbito do processo Monte Branco, em que o antigo líder do BES é arguido.
20h30 - Mariana Mortágua começa as suas questões a cumprimentar Salgado e quem o acompanha, "com quem, tão bem preparou as suas respostas". A deputada do Bloco de Esquerda quer saber a quem eram dadas as ordens para os pagamentos feitos pela ES Enterprise.
20h25 - "Não posso falar sobre os meus valores pessoais", devido ao segredo de justiça no caso Monte Branco, no qual o antigo banqueiro é arguido, diz Salgado para não responder a Miguel Tiago sobre o presente de 14 milhões que, segundo o próprio, recebeu de José Guilherme.
20h17 - "A mim é como darem-me uma facada chamarem ao BES o banco mau", realçou Salgado.
20h13 - "Fomos para a Líbia porque muitos empresários foram para a Líbia", diz Salgado sobre a presença através do Aman Bank, onde tinha a maioria do capital mas não tinha controlo de gestão (era do Estado líbio). Miguel Tiago riposta ao dizer que não perguntou porque é que o GES foi para a Líbia. O comunista questiona se o GES falou com o comité das Nações Unidas que olhava para o embargo ao país.
20h09 - Ricardo Salgado não sabe se o Banco de Portugal fez reparos sobre movimentos feitos na conta 'escrow' do BES. Diz apenas que ela era "permanentemente seguida", mas defende desconhecimento porque era o gestor Joaquim Goes que a acompanhava do lado do banco.
20h06 - Fernando Negrão interrompe as perguntas de Miguel Tiago para dizer que está a receber mensagens de cidadãos a questionar o porquê de se utilizar "tanta terminologia anglo-saxónica", nomeadamente a palavra "findings". O presidente da comissão explicou que são as conclusões preliminares detectadas pelo Banco de Portugal sobre as responsabilidades nos últimos meses de vida do BES que ainda estão sujeitas a confirmação. "Há muita gente a ver e a tentar perceber", explicou.
20h02 - "O Banco de Portugal acompanhava a conta 'escrow' diariamente. Éramos obrigados a enviar todos os movimentos de entradas e saídas das contas escrow". A conta 'escrow' é a que teve de ser constituída pelo BES para garantir que os títulos de dívida da Rioforte e ESI nas mãos de clientes do banco eram reembolsados. Mais uma vez, o ex-presidente do Banco Espírito Santo tenta desconstruir as conclusões da auditoria forense.
19h58 - Miguel Tiago pergunta sobre as determinações relativas às quais a Deloitte acusa, na auditoria forense, a gestão do BES e GES de não ter cumprido. "Nós não tínhamos critério: era seguir à letra o que o Banco de Portugal dizia". Salgado repete que seguia a "classificação" do regulador no que dizia respeito a reembolsar os clientes de retalho do BES que tinham dívida do GES.
19h51 - Mais de quatro horas e meia depois do arranque, a audição de Ricardo Salgado continua. Depois do PSD, PS, CDS, é o PCP que se encontra a fazer perguntas, não estando ainda a meio do tempo para as suas questões. Falta o BE. Isto na primeira ronda. Seguindo o que está definido, haverá ainda lugar a mais duas rondas com perguntas por todos os partidos. A primeira audição, a 9 de Dezembro, estendeu-se por cerca de 10 horas.
19h40 - "Refira-se só à questão que lhe fiz", pede Miguel Tiago. Ao longo da audição, que já se prolonga há quatro horas e meia, Salgado tem sido criticado por não responder directamente ao que lhe é perguntado e também por gastar algum tempo com aspectos que não lhe foram questionados.
19h36 - Miguel Tiago insiste na ideia de que todos os depoentes ligados ao grupo e à família Espírito Santo atiram responsabilidades para Ricardo Salgado. O antigo gestor conhecido anteriormente como "dono disto tudo" diz que já respondeu a essa percepção.
19h35 - Ricardo Salgado defende que "os poderes políticos também não entenderam o que estava a acontecer". E acrescenta: "O banco não faliu, o banco foi forçado a desaparecer". A ideia dita na primeira audição volta a ser repetida na segunda.
19h32 - "Está mais do que demonstrado que, apesar de a situação da ESI ser conhecida, apesar de ter havido provisão para proteger os riscos reputacionais na ESFG, apesar do prospecto que teve 30 alterações e factores de riscos, houve um aumento de capital que foi subscrito em quase 180%. Portanto, a confiança existia até ao aumento de capital [de Maio e Junho de 2014]", continuou Ricardo Salgado.
19h27 - "Não lhe posso responder. Não houve do meu lado falsificação de contas", diz Salgado. "Estivemos 40 anos no Luxemburgo sem qualquer problema e de repente caiu-nos tudo em cima por não termos acompanhado de forma eficiente o grupo. O grupo tinha defeitos de organização", respondeu o antigo banqueiro. Sobre o conselho superior, Ricardo Salgado recorda as gravações das suas reuniões que, curiosamente, disse desconhecer na primeira ida ao Parlamento. "Infelizmente as gravações foram difundidas e revelam que não há controlo nem comando centralizado. Parece-me que fica claro dessas gravações", sublinhou.
19h25 - Depois de um intervalo de cinco minutos a audição a Ricardo Salgado recomeça com as questões de Miguel Tiago do PCP. O deputado quer saber como é que o antigo presidente do BES "montou sozinho" diversas irregularidades, como a ocultação de dívida da ESI.
19h17 - Fernando Negrão anuncia um intervalo de cinco minutos.
19h14 - A partir do momento em que há uma associação a um parceiro brasileiro - da PT com a Oi - "a parceria estratégica [entre PT e BES] seria alargada". Mas os problemas aconteceram, com a aplicação em excedentes de tesouraria em dívida de empresas do Grupo Espírito Santo que faliram. "É claro que os parceiros brasileiros tentaram defender os seus interesses. Os da PT não foram tão bem defendidos", criticou. A companhia portuguesa perdeu força na combinação de negócios com a Oi.
19h11 - Cecília Meireles volta ao tema PT. "Gostava que ficasse com uma ideia um pouco melhor da gestão do que está a querer enunciar: éramos parceiros estratégicos da PT", começa por responder Ricardo Salgado.
18h58 - Cecília Meireles pergunta a Ricardo Salgado pelos activos que o Grupo Espírito Santo tinha na Eurofin. Salgado responde ao lado: "O grupo investiu na Eurofin porque a Eurofin dava uma remuneração adequada e assegurava reciprocidade com o grupo. A Eurofin é uma empresa independente. A ES Resources tinha 20% que o grupo acabou por vender. Francisco Machado da Cruz foi administrador e decidiu ficar. A Eurofin tinha uma boa relação operacional com o grupo. Tornou-se independente e mostrou a sua viabilidade."
18h49 - Em resposta à pergunta de Cecília Meireles sobre o facto de José Manuel Espírito Santo ter dito que "não havia assunto no GES que não passasse por Salgado", o ex presidente do BES diz: "Só da área financeira fazia 515 reuniões por ano. Tinha 220 dias úteis ocupados por ano. Era completamente falso que tivesse esse poder absoluto no banco. Tinha muita visibilidade porque se assumiu como o maior banco privado português e tinha muito reconhecimento internacional. Há pessoas que descartam responsabilidades para cima de outras. Sobretudo em momentos como este".
18h43 - "A minha relação com José Manuel Espírito Santo eram de irmandade. Mantenho totalmente a confiança no dr. José Manuel Espírito Santo". É desta forma que Salgado responde a Cecília Meireles.
18h40 - "A grande maioria dos 'findings' (da auditoria forense) não estão bem", sublinha Ricardo Salgado. "A lista de clientes de retalho foi enviada e aceite pelo Banco de Portugal", esclarece o antigo presidente do BES, adiantando que nessa lista estavam os fundos caravela em que investiam clientes de retalho.
18h34 Cecília Meireles pergunta a Salgado se houve ou não 739 milhões para pagar a clientes que não eram clientes de retalho, 500 milhões para a área "private" e o restante para outros segmentos. O antigo presidente do BES respondeu: "Não era para dar tratamento especial a esses clientes, era para agir de acordo com as exigências do BdP. Eram clientes não institucionais. Estamos tranquilos em relação a este finding" (conclusão) da auditoria forense."
18h33 Ricardo Salgado diz que o dinheiro para reembolsar os clientes do papel comercial também se destinada a clientes do BES Açores, do Best e até da ESAF, desde que fossem clientes de retalho, ou seja, não qualificados como institucionais.
18h31 "O que posso dizer ao sr. Martins e ao sr. Falcão é que houve dinheiro posto de lado para o reembolso destes clientes", disse Ricardo Salgado em resposta à deputada do CDS.
18h28 Ricardo Salgado responde que sempre foram dadas ordens para serem mostrados os prospectos destas emissões aos clientes. "Os prospectos diziam que havia risco", respondeu o antigo presidente do BES.
18h27 Cecília Meireles recorda a história de um emigrante no Brasil, João Martins, que depositou as suas poupanças no BES. E de outro investidor que aplicou dinheiro em papel comercial do GES. "A estas pessoas tem mais alguma coisa a dizer? Pensavam que o seu banco não tinha risco e esse risco materializou-se".
18h18 "De forma alguma houve recursos do BESA para financiar o GES", repetiu Salgado, acrescentando que "os procedimentos de crédito no BES foram sempre impecáveis".
Pedro Nuno Santos questiona Salgado sobre os donos da empresa Vaningo. "A Vaningo era uma empresa angolana cujo crédito estava garantida pelo presidente de Angola. Não era do GES. Mas fizemos muita coisa para ajudar o banco", disse Ricardo Salgado. O deputado não conteve o riso. E Salgado disse-lhe "Não se ria". "Peço desculpa, não me controlei", respondeu Pedro Nuno Santos. Salgado retorquiu: "Compreendo que seja difícil ter ideias positivas depois desta desgraça que aconteceu. Há de saber-se um dia quem são os donos da Vaningo.", invocando o segredo bancário angolano para não responder à questão.
18h14 Pedro Nuno Santos pergunta a Salgado se houve dinheiro do BESA para a família ir a aumentos de capital, para empresas diversas pagarem créditos ao BES e para o antigo banqueiro, para Morais Pires e para Álvaro Sobrinho. "Para mim e para Morais Pires não! Não respondo por ele, mas conheço a probidade do homem e a sua qualificação técnica", respondeu Salgado. "É inadmissível que o BdP esteja a construir o processo na imprensa para uma condenação já decidida. Os recursos que recebi foram divulgados na imprensa do dr. Álvaro Sobrinho. Não recebi mais um centavo", contra-atacou.
18h13 Ricardo Salgado lamenta que o novo banco só tenha recuperado 680 milhões de euros do crédito de 3.300 milhões que o BES concedeu ao BESA. O deputado socialista recorda-lhe que os 680 milhões serão pagos ao longo do tempo. "Ainda por cima", critica Salgado, "foi uma negociação desastrosa".
18h07 O deputado do PS, Pedro Nuno Santos, pergunta a Salgado sobre a relação entre o BES e o BESA. Salgado responde: "Era a área internacional que seguia essa relação e o responsável era Amílcar Morais Pires. Muitas dessas operações eram para financiar exportadores portugueses. Tudo estava protegido por uma garantia absoluta que era do presidente de Angola. Os angolanos ficaram sem compromisso e foram negociar com os nossos sucessores condições inaceitáveis".
18h05 Pedro Nuno Santos pergunta a Ricardo Salgado porque não denunciou publicamente que os brasileiros da Oi sabiam que a PT tinha investimentos em dívida da Rioforte quando, em Julho, foram renegociados os termos da fusão da PT e da Oi. "Não tive tempo. Já tinha começado o colapso. Estava completamente absorvido no BES", justificou o antigo líder do BES.
18h04 "Pedi a Zeinal Bava e transmiti a Henrique Granadeiro que o investimento fosse feito por um ano", em linha com a parceria estratégica acordada com os parceiros brasileiros. "Ninguém estava à espera do colapso que veio a acontecer", lamentou Ricardo Salgado.
Pedro Nuno Santos questiona: "Zeinal Bava sabia do investimento da PT na Rioforte?" Salgado responde: "Acredito que sim". Pergunta do deputado: "Granadeiro sabia?" Resposta de Salgado: Acredito que sim". E os accionistas brasileiros "sabiam e depois desmentiram. Estava nas contas do aumento de capital".
17h56 "A PT deslocou o investimento da ESI para a Rioforte por sugestão da área financeira. Não sei por quem. Essa conversa foi tida com a área financeira. Esse investimento já lá estava", respondeu Ricardo Salgado. O deputado do PS insistiu. "Eu não trato de operações
financeiras. Trato com os responsáveis da PT de desenvolvimentos estratégicos", respondeu Salgado, recusando ter "combinado" aquele investimento, como Morais Pires afirmou em carta recente aos deputados da comissão de inquérito.
17h54 "Com quem é que operação de investimento da PT na Rioforte foi combinada?", perguntou Pedro Nuno Santos. Ricardo Salgado voltou a contar a história da parceria estratégica entre a PT e o BES, que remonta a 2000.
17h53 Pedro Nuno Santos pede a Ricardo Salgado que não perca horas a dizer o mesmo que já disse antes. "Não repita as mesmas respostas. Já ouvimos uma intervenção inicial de uma hora", disse o deputado do PS em tom de crítica.
17h49 Ricardo Salgado diz que vai explicar o que se passou com a PT. Quando foi estabelecida a imparidade de 700 milhões de euros na ESFG, os investidores procuraram fazer arbitragem entre a dívida da ESI e da Rioforte. "Os investidores na ESI pediram para arbitrar as suas posições na ESI pela Rioforte", sublinhou Salgado. "Foi a mesma posição que a PT. A PT não aplicou assim de mão beijada 900 milhões no grupo", sublinhou.
17h42 Pedro Nuno Santos quer saber porque é que a Rioforte comprou a ESFG à ESI. "A ideia era reconfigurar o grupo para que houvesse a sua consolidação", explicou Ricardo Salgado. "Não houve movimentação de capitais praticamente nenhuma", garantiu. Pedro Nuno Santos recordou que esta operação fez aumentar a dívida da Rioforte, tornando-a devedora à ESI.
17h40 "A questão era resolver o problema dos clientes. Para que a confiança do banco se mantivesse", afirmou Ricardo Salgado para dizer que respeitou o "ring fencing" e que o dinheiro da conta "escrow" só serviu para pagar a clientes de retalho.
17h37 "Porque não participou na auditoria forense?", questionou o deputado do PS. "Fiquei profundamente chocado com o julgamento sumário que o governador fez no dia 3 de Agosto, acusando a administração do banco dos maiores desvios de capitais. A partir daí recusei-me participar. Estou convencido da bondade dos nossos procedimentos", insistiu Salgado.
17h34 Pedro Nuno Santos, diz a Ricardo Salgado que "devia ter falado com a Deloitte, que estava disponível para isso" quando o antigo banqueiro começou a apresentar explicações para contestar as conclusões da auditoria forense que conclui que o BES violou as exigências do Banco de Portugal sobre o "ring fencing" do banco face ao GES.
17h34 Ricardo Salgado diz que não houve dinheiro da conta "escrow" para pagar clientes do segmento "private", contrariando a auditoria forense. "Os clientes private não qualificados, como os do segmento BES 360, eram clientes de retalho", sublinhou o antigo banqueiro. Pedro Nuno Santos revela que não pode "esmiuçar toda a auditoria forense" nesta sessão.
17h29 "Desculpe-me a teimosia. Eu avisei três vezes o Banco de Portugal sobre o risco sistémico. A última vez foi a 31 de Março. Essa carta foi apresentada ao Presidente da República e ao primeiro-ministro. O que descrevi nessa carta foi o que aconteceu. Disse sempre para se cumprir o ring fencing. O que fiz foi dizer para se cumprir o ring fencing até ao colapso final", sublinhou Salgado. O antigo líder do BES diz que só saíram fundos da conta "escrow" [conta criada para reembolsar papel comercial detido por clientes de retalho], contrariando a auditoria forense
17h26 "Não contornámos o 'ring fencing'. Fizemos tudo para reembolsar os clientes do banco" que tinham papel comercial da ESI, refere Ricardo Salgado, insistindo que a auditoria forense aponta "potenciais desobediências ilegítimas".
17h23 Pedro Nuno Santos interrompe Salgado, que fazia uma longa exposição a explicar como cumpriu o "ring fencing", e pede: "vamos fazer isto de forma mais sintética". O deputado do PS faz perguntas directas e o antigo presidente do BES responde que cumpriu. "Havia um objectivo que era eliminar a exposição do BES a ESI, que o banco violou, insiste Pedro Nuno Santos. "Tenha paciência. Nós cumprimos exactamente com o 'ring fencing' e foi por causa disso que o grupo colapsou. Se não, se calhar, não tinha colapsado", contrariou Salgado.
17h20 - Ricardo Salgado diz que algumas das conclusões da auditoria forense são "infundadas".
17h19 - De acordo com a primeira parte da auditoria forense, o BES violou as determinações do Banco de Portugal destinadas a proteger o banco dos problemas financeiros do GES por 21 vezes.
17h18 - Pedro Nuno Santos, deputado do PS, pergunta a Ricardo Salgado porque não respeitou as medidas de 'ring fencing' determinadas pelo Banco de Portugal. O antigo banqueiro diz que "foi integralmente cumprido".
17h17 - Fernando Negrão, que preside à comissão de inquérito, pede menos enquadramento e respostas mais directas a Ricardo Salgado.
17h16 - Carlos Abreu Amorim, do partido maioritário do Governo, vai terminar a sua primeira fase de perguntas. Cada grupo parlamentar tem oito minutos na primeira ronda. Conclui: "A versão com que aqui fez teima não faz qualquer sentido". Salgado bebe um copo de água entretanto. O advogado volta a esboçar um sorriso. "Não tem sustento. O meu diagnóstico é duro mas é aquilo que sinto", atacou Salgado.
17h12 - A auditoria forense pedida pelo Banco de Portugal relata que o BES cedeu créditos ao BESA que passaram depois para "offshores". Uma delas é a Savoices. Carlos Abreu Amorim questionou a Salgado se era uma sociedade sua. Salgado respondeu que já não tinha "offshores" em seu nome e que a Savoices foi encerrada há mais de dois anos.
17h09 - "Não tenho esses elementos". É assim que Salgado responde sobre os efeitos da crise do grupo nos accionistas angolanos do BES.
17h04 - Hélder Bataglia, presidente da Escom, havia dito na sua audição que recebeu dinheiro pela ES Enterprise uma vez. Salgado referiu que "houve uma operação pontual".
17h03 - Abreu Amorim pergunta porque, não sendo um saco azul, não constava do organograma do grupo: "Não fazia parte. É uma falha".
17h00 - Ricardo Salgado avança com explicações para negar a ideia de que a Espírito Santo Enterprise seja um saco azul. O ex-banqueiro sublinha a história do grupo dizendo que era preciso, no início da vida do grupo, uma empresa de serviços partilhados. A empresa assegurava o "controlo interno, o somatório de relatórios de todos os controlos internos de todas as instituições financeiras do grupo". Além disso, também tratava dos serviços partilhados de serviços jurídicos e de auditoria. Numa fase sequencial, também prestou serviços partilhados à área não financeira".
16h56 - Carlos Abreu Amorim pergunta pela ES Enterprise, que se acredita que seja um saco azul do GES. "Não é um saco azul, senhores deputados", respondeu Salgado
16h54 - "As coisas demoram muito tempo em Angola". Fala-se de activos que o GES tinha no país africano e da dificuldade que foi registar a propriedade. "Quer-nos convencer que quem consegue em Angola uma garantia soberana não consegue o registo de prioridade?", atirou Abreu Amorim.
16h41 - "Ninguém na família sabia exactamente o que é que se passava. Se soubéssemos não teríamos investido os nossos recursos nos aumentos de capital [da sociedade do GES, em 2011 e 2014]".
16h40 - Ricardo Salgado continua a dizer que Machado da Cruz, que também foi ouvido na comissão de inquérito mas à porta fechada, não foi despedido do GES logo depois de se ter descoberto que havia passivo escondido na ESI porque era a única pessoa que sabia preencher os relatórios necessários nos Estados Unidos relativos à unidade do BES no país. "Foi uma situação extremamente infeliz".
16h38 - Salgado nega ter tido encontros, em Lisboa e Cascais, com o "commissaire aux comptes" para estabelecer a estratégia de defesa sobre a ocultação de contas. O ex-presidente do BES repete que já ouviu mais do que uma versão sobre a posição de Machado da Cruz. Mas continua a dizer que "o dr. Machado da Cruz prestou bons serviços ao grupo".
16h36 - Tenciona processar o Dr. Machado da Cruz?, pergunta o deputado social-democrata. Francisco Proença de Carvalho, o advogado de Salgado, esboça um sorriso. Por sua vez, Salgado diz que é uma pergunta difícil de responder. "Julgo que não sei o que se virá passar. Vamos assistir ao desenrolar da situação através dos tribunais de Luxemburgo".
16h31 - Carlos Abreu Amorim pergunta se Salgado não sabia da ocultação de dívida na Espírito Santo International: "A minha opinião é sempre a mesma. Não tenho nenhum elemento novo que me permita alterar: não dei instruções para a ocultação da dívida". Foi isto que afirmou na primeira audição, a 9 de Dezembro. Outra coisa, diz Salgado, é que se sabia que não havia contas consolidadas no grupo. Foi quando se consolidou as contas da ESI, no âmbito do exercício determinado pelo Banco de Portugal ETTRIC 2, que se concluiu que havia mais de mil milhões de euros que não estavam contabilizados como dívida.
16h25 - Ricardo Salgado admite que se devia ter começado a reduzir a dívida da área não financeira mais cedo, em 2007. Contudo, esta só se iniciou em 2010, com a venda da Escom, que nunca se concretizou já que nunca foi paga na totalidade. "Não houve tempo", reitera Salgado, dizendo que o passivo da ESI foi sendo aumentado a partir da crise financeira internacional.
16h22 - Ricardo Salgado tem uma caneta na mão e vai rodando-a enquanto fala. Carlos Abreu Amorim pede explicações sobre a ESI.
16h19 - "As pessoas podem mudar de opinião, mas não vou comentar aquilo que é verdadeiro insulto", disse Salgado, acrescentando que enviou uma carta ao presidente do ISEG em resposta. O ex-banqueiro relembrou que foi aí que se licenciou e frisou que a faculdade até tinha uma sala com o nome BES.
16h18 - Carlos Abreu Amorim tinha referido, nas suas perguntas, a frase de João Duque quando o presidente do ISEG, numa entrevista, afirmou ter premiado "um escroque da pior espécie" quando lhe atribuiu um doutoramento "honoris causa".
16h17 - "Em relação ao pedido de desculpa, gostava de recordar um poeta português muito importante para o nosso país que é Fernando Pessoa: 'Pedir desculpa é pior que não ter razão'. Eu estou aqui a defender a minha razão. E acho que a melhor forma de defender os interesses dos clientes é provar que tenho razão. Essa razão espero vi-la a obter quanto for julgado nos tribunais", responde Salgado.
16h16 - "Sou responsável certamente e cometi erros", continua o banqueiro. "Não tenho nenhum problema em os assumir".
16h15 - "Sinto-me naquela situação de ser apresentado perante um tribunal no qual o decisor, o juiz, me chama para dizer que a sentença está declarada mas que vai prosseguir o julgamento. Parece-me que o Dr. Carlos Abreu Amorim está a ir além daquilo que é considerável em termos de justiça", respondeu Ricardo Salgado na primeira resposta a deputados.
16h14 - "Este é o momento para tentar reverter o resvalar da sua reputação. Assuma as suas responsabilidades concretas neste descalabro". Carlos Abreu Amorim faz este apelo a Salgado.
16h11 - É o Partido Social Democrata, pela voz de Carlos Abreu Amorim, que inicia as perguntas. O deputado social-democrata pede que Salgado, além de "lamentar", peça desculpa aos accionistas, investidores, clientes, trabalhadores do BES e GES e portugueses em geral.
16h11 - Praticamente ao fim de uma hora, como anunciado, terminou a intervenção inicial do homem que foi presidente executivo do Banco Espírito Santo.
16h10 - "Nunca, em momento algum, tive intenção de prejudicar interesses do BES, clientes e accionistas", conclui Salgado.
16h10 - "Continuo sem compreender a actuação do regulador", concluiu Ricardo Salgado a intervenção inicial.
16h06 - "A 22 de Dezembro, o Banco de Portugal tomou a deliberação que permitiu aumentar o capital próprio do Novo Banco em mais de 500 milhões de euros". Salgado refere-se ao empréstimo montado pelo Goldman Sachs e que distribuiu dívida por vários investidores através da Oak Finance, que saiu do BES "mau" para o Novo Banco. Essa decisão, de Dezembro de 2014, foi tomada "para melhorar o balanço do Novo Banco, e foram prejudicados" outros investidores ligados ao BES, ataca Ricardo Salgado.
16h04 - Salgado anuncia que acaba a sua intervenção inicial a responder à pergunta: "onde está o dinheiro". E avança: "O dinheiro não desapareceu. Não houve qualquer desvio de fundos. Basta ver com atenção as contas do BES para concluir que não houve desvio de dinheiro". Salgado também garantiu que o dinheiro não foi desviado para a família.
16h03 - "27 dias antes da resolução, o governador referiu que, caso fosse necessário, estava disponível a linha de recapitalização pública". Com base nesta ideia, Salgado deixou uma pergunta aos deputados: "quem forçou a resolução?"
16h00 - Era para esta hora que estava inicialmente marcado o arranque da audição de Salgado na comissão de inquérito à gestão do BES. Começou cerca de 50 minutos antes. Nestes minutos, o terceiro banqueiro da família Espírito Santo tem lançado duras críticas ao Banco de Portugal e tem mesmo personalizado os ataques na pessoa do governador Carlos Costa.
15h59 - O ex-CEO do Banco Espírito Santo defende que muitas das cartas enviadas pelo Banco de Portugal para o banco, a obrigar a constituição de provisões ou a dar determinações, tinham outros fins que não aqueles para as quais eram anunciadas. Segundo Salgado, o regulador estava "já a preparar terreno para as medidas de resolução". Sobre este tema, disse que as cartas eram enviadas mas sem um intuito verdadeiro. E quis fazer uma citação: "Já o padre António Vieira dizia que em nenhuma parte como em Portugal se gasta tanto em papel".
15h56 - Ricardo Salgado cita Carlos Costa. "Temos de saber claramente que há um espaço e que há espaço que tem de ser dado [a uma instituição financeira]". Ricardo Salgado diz que, apesar de o governador ter dito esta frase, não a cumpriu em relação ao BES.
15h53 - "O regulador inviabilizou uma injecção de capital no BES". Mais um ataque de Ricardo Salgado ao Banco de Portugal. Defende que houve fundos interessados em ajudar o banco, dos quais o regulador teve conhecimento, mas defende que apenas foram tomadas notas.
15h51 - Salgado considera que o regulador "estava ciente de que passou a ser necessário injectar capital adicional no BES" no início de Junho.
15h50 - O BES detinha um "buffer" de capital de 2,1 mil milhões de euros acima do rácio mínimo regulamentar, relembra Salgado sobre a situação do banco no início de Junho de 2014. "Portanto, o BES estava sólido". O que o deixou instável foi a recusa do Banco de Portugal em aceitar uma nova liderança no banco, acusou.
15h47 - "Não houve oposição do Banco de Portugal". O ex-presidente do BES volta a dizer, como da primeira vez que falou aos deputados, que quando avançou o nome de Amílcar Morais Pires para o substituir nunca teve oposição do regulador do sector financeiro.
15h45 - "Vamos, então, aos factos". Ricardo Salgado repete a ideia de que está a enunciar factos para criticar a acção do Banco de Portugal. Bebe um copo de água, entretanto.
15h44 - Queda do valor das acções do BES e fuga de depósitos: "foram estas duas circunstâncias que determinaram a destruição do BES".
15h40 - Salgado faz insinuações sobre a escolha da PwC para fazer o ETTRIC 2, o exercício determinado pelo Banco de Portugal que descobriu que havia dívida escondida na Espírito Santo International, aquela que era sociedade de topo do Grupo Espírito Santo. Ricardo Salgado diz que, depois disso, dois directores de supervisão do Banco de Portugal transitaram para a PwC: Luís Costa Ferreira e Pedro Machado. Alguns deputados esboçam sorrisos.
15h36 - O ex-presidente executivo do BES defende que conseguiu, em seis meses, reduzir mais de 70% da dívida do GES que estava nas mãos dos clientes de retalho do BES. Diz que não pôde continuar esse caminho por o processo ter sido "interrompido". "Trata-se de um facto objectivo", lançou.
15h35 - Os deputados vão ouvindo a declaração de Salgado. Na sala, ouvem-se as teclas dos computadores dos jornalistas. Alguns deputados vão tirando notas nos seus computadores.
15h33 - Nesse sentido, o ex-banqueiro diz que Carlos Costa é protagonista de uma "manifesta falta de isenção". Por isso, lançou um processo de "suspeição" à postura de Carlos Costa. "Aguardo há mais de um mês a decisão dos restantes membros da administração do Banco de Portugal", disse.
15h32 - Salgado defende que foi alvo de uma "pré-condenação anunciada de viva voz e em directo" pelo governador quando, a 3 de Agosto de 2014, Carlos Costa frisou que havia esquemas potencialmente "fraudulentos" cometidos pela gestão do BES.
15h31 - "No passado mês de Fevereiro, fui confrontado por um processo de decisão no qual o regulador presume que sou responsável pelo agravamento da situação do BES", anuncia Salgado. "Solicitei ao Banco de Portugal a consulta do processo administrativo". Foi-lhe dito que não havia nada para consultar a não ser a decisão.
15h29 - "O 'ring-fencing' prejudicou o BES em vez de protegê-lo", afirmou Ricardo Salgado. O 'ring-fencing' foi a separação entre BES e a área não financeira do GES que o Banco de Portugal quis determinar e que, segundo a auditoria forense, não foi cumprida pela gestão do banqueiro.
15h28 - Salgado dá a sua versão do dinheiro que saiu da conta destinada a clientes do retalho com papel comercial do GES para o Montepio e BCP. Eram empréstimos que tinham sido concedidos ao BES para pagar a esses clientes e que, quando chegaram à maturidade, tiveram de ser reembolsados.
15h25 - Sobre as cartas a duas sociedades da Venezuela em que se garantia a dívida da ESI nas suas mãos, Salgado afirma que elas não estavam "sujeitas a condições". E os proprietários "nem sequer" as mostraram que queriam usar, disse. Está aqui um ataque ao Banco de Portugal, à KPMG e à administração de Vítor Bento que constituiu uma provisão de cerca de 300 milhões de euros para proteger estas cartas.
15h25 - "À excepção das cartas-conforto, em que consegui identificar a minha intervenção, o relatório da auditoria não identifica a actuação concreta de qualquer administrador do Banco Espírito Santo", diz. Não há nomes nas fases da auditoria já conhecidas.
15h21 - Os fotógrafos e os repórteres de imagem abandonam a sala. Nas restantes audições têm menos tempo para tirar fotografias. Esta quinta-feira, puderam permanecer na sala cerca de 15 minutos. Ao mesmo tempo, Ricardo Salgado vai criticando as desobediências de que a sua gestão é acusada na auditoria forense.
15h20 - Ricardo Salgado diz que não houve vontade do Banco de Portugal em procurar terceiras confirmações das informações recebidas".
15h19 - Os dados da auditoria forense "são insuficientes". Salgado diz que muitas das desobediências referem que "não foi disponibilizada informação" ou que "informação é inconclusiva".
15h18 - Salgado começa a sua defesa com ataques à auditoria forense. E lança farpas ao Banco de Portugal dizendo que só teve acesso ao documento que o critica e que menciona que pode ter cometidos crimes "pelos jornais. "É verdadeiramente inadmissível", lançou.
15h17 - Ao invés, Salgado falou pela primeira vez dos lesados pela derrocada do grupo e do banco. "Lamento profundamente", disse. "Nunca esquecerei os clientes e colaboradores que em nós confiavam", acrescentou ainda.
15h16 - Salgado repete ideias já lançadas na primeira audição: "só quero lutar pela minha honra e pela da minha família. Sei que os anos que restam de vida serão passadas nesta luta".
15h14 - Ricardo Salgado começa esta segunda audição a dizer que se criou uma "imagem rápida e simples" sobre a queda do BES: a de que "era o único responsável" com conhecimento de todos os actos e factos. "Não terei tudo a ver com tudo como tantas vezes tem sido sugerido", contrapõe o que agora passou a ser designado de ex-dono disto tudo.
15h12 - Ricardo Salgado irá fazer uma intervenção inicial de cerca de uma hora.
15h11 - Fernando Negrão começa por pedir pouco ruído na sala, já que há muito mais pessoas do que habitualmente.
O presidente da comissão relembra que "há matéria nova" nesta segunda audição. Mas deixa um aviso": Não estamos aqui nem para acusar nem para julgar ninguém. Isso cabe ao poder judicial. Temos uma competência: fiscalização e legislativa. É nosso dever apurar os factos que ocorreram e que levaram ao fim do Grupo BES e GES. Esses factos é nossa obrigação apurar". Fernando Negrão pede "perguntas claras" aos deputados e respostas esclarecedoras a Salgado.
15h10 - "Cuidado aí ao centro por causa da câmara". O aviso vem de um funcionário da Assembleia que pede aos inúmeros repórteres de imagem na sala para não se colocarem à frente das câmaras do canal Parlamento.
15h07 - Ouvem-se "flashes" das máquinas fotográficas. Ricardo Salgado entrou na sala 6. Vem acompanhado pelo advogado Francisco Proença de Carvalho, como no dia 9 de Dezembro. Tal como dessa vez, entrou pela porta das traseiras da sala, contrariando aquilo que aconteceu com a quase totalidade das personalidades chamadas à comissão de inquérito.
15h00 - A hora marcada para a audição chegou, mas o ex-banqueiro ainda não está na sala. Os deputados conversam entre si. Os repórteres de imagem seguram nas câmaras mas ainda há pouco para filmar.
14h52 - Faltam oito minutos para a audição de Ricardo Salgado. Há jornalistas, fotógrafos, repórteres de imagem na sala 6 do Parlamento. Há deputados do PSD e do CDS. Também há funcionários da própria Assembleia da República.
Primeiro foi a 9 de Dezembro. Agora é a 19 de Março. Ricardo Salgado vai ser questionado pela segunda vez pelos deputados da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES. Na primeira audição, passaram-se cerca de dez horas de perguntas e respostas. A segunda devia começar pelas 16 horas mas foi antecipada para as 15 horas.
Desta vez, nas mãos dos deputados há novos dados como as primeiras conclusões das auditorias forenses, que dizem que a gestão de Salgado desobedeceu mais de 20 vezes ao Banco de Portugal e que havia um descontrolo no crédito que saía do BES para a subsidiária BES Angola.
(Notícia em actualização)