"Não dei instruções para ocultação do passivo da ESI", repetiu Ricardo Salgado, contrariando a versão que o contabilista do GES deu na Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão do BES e do GES.

O antigo banqueiro apontou responsabilidade a Francisco Machado da Cruz pelo facto de a ESI não ter contas consolidadas. "Não tínhamos contas consolidadas, era uma fragilidade. Machado da Cruz prestou bons serviços ao longo dos anos e informava sempre que só se houvesse uma maioria de accionistas a requerer a consolidação é que ela era obrigatória. Nós acreditámos nisso".

Ricardo Salgado "negou totalmente" a ideia de que já este ano terá tido reuniões com o contabilista da ESI para acertar uma versão comum sobre a ocultação do passivo na holding de controlo do grupo Espírito Santo. "Houve uma reunião na véspera de Machado da Cruz ir à Arendt", o escritório de advogados onde o contabilista diz que ocultou passivo da ESI a mando de Salgado.

O antigo banqueiro levantou suspeitas sobre a versão do contabilista. "Já ouvi cinco versões de Machado da Cruz". No entanto, recusou dizer se o vai processar por causa desta acusação. "Essa situação vai correr nos tribunais do Luxemburgo", limitou-se a afirmar.