Os accionistas do antigo Banco Espírito Santo são os mais penalizados pela intervenção delineada pelo Banco de Portugal. Na sexta-feira, eram donos de um dos maiores bancos portugueses, ainda que com riscos. Esta segunda-feira, já são apenas detentores de uma participação numa entidade que ficou apenas com os activos tóxicos desse banco.

"As acções não são e nunca foram activos sem risco", reagiu a ministra das Finanças quando questionada sobre o impacto nos pequenos investidores, na entrevista na SIC desta segunda-feira, 4 de Agosto. "Todos os accionistas recebem dividendos quando há lucros e perdem quando há prejuízo", acrescentou.

"Faz parte das regras do funcionamento de mercado", continuou Maria Luís Albuquerque na sua intervenção.

A ministra relembrou que o actual enquadramento legislativo europeu impõe perdas a accionistas e credores subordinados (que não são preferenciais), de modo a excluir os contribuintes deste encargo. É essa diferença legislativa que fez com que a intervenção no BES não pudesse ser idêntica à de BPI, CGD, BCP ou Banif.

"Não há aqui nenhuma intenção de penalizar esses pequenos investidores que não tiveram influência na gestão", quis esclareceu a governante. 

O regulador do mercado de capitais português clarificou que o BES (que neste momento é apenas o banco mau - os bons activos foram transferidos para o recém-criado Novo Banco) vai permanecer cotado, ainda que a negociação esteja suspensa. Entre os activos tóxicos encontram-se a posição no BES Angola ou as dívidas do Grupo Espírito Santo.

Os analistas consultados pelo Negócios no domingo receavam que a decisão em torno do BES pudesse ter um impacto negativo nos restantes bancos. Contudo, a Bolsa de Lisboa viveu uma sessão positiva na segunda-feira. O índice de referência PSI-20 somou 0,98% com a ajuda do BCP, que disparou 6%. O BPI, que tinhado estado em forte alta, acabou por ceder 0,84%. O Banif recuou 1,14%.