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Crise no BES: Analistas dizem que Portugal reagiu melhor do que Chipre
Charles Calomiris, professor na Columbia Business School, e Hans Humes, fundador e CEO da Greylock Capital Management, comentam na Bloomberg TV a decisão do Banco de Portugal.
O Banco de Portugal assumiu o controlo do Banco Espírito Santo, agora Novo Banco, num resgate que ascende a 4,9 mil milhões de euros e que fará com que os detentores de obrigações subordinadas tenham perdas. Os analistas ouvidos pela Bloomberg TV estão confiantes nesta solução.
Charles Calomiris diz que uma das coisas construtivas a dizer é que, em contraste com o que se passou com a banca cipriota, "que foi catastrófico, com o Governo a tomar as medidas erradas, ao ir atrás dos depositantes; aqui, neste caso de Portugal, vão atrás dos detentores de dívida júnior".
"Penso que a fórmula tem futuro, as autoridades mostram que estão a ser sérias ao reconhecerem os problemas, ao isolarem-nos e ao imporem perdas sobre os detentores de dívida subordinada. Parece-me uma boa fórmula", acrescenta Calomiris.
Hans Humes concorda. Diz que em Chipre a decisão foi uma demonstração de uma decisão disfuncional na Europa, porque reagiram à impressão de que eram russos que tinham o dinheiro dos negócios. "Em vez de fazerem algo racional, reagiram a algo político. Demorou até chegarem a uma boa solução em Chipre. O que se passa com o BES mostra que os europeus podem reagir melhor e de forma mais ponderada num programa de resgate na banca", sublinha.
Recorde-se que a solução apresentada pelo Banco de Portugal consiste num modelo totalmente novo. O BES é partido ao meio, o bom para um lado, o mau para outro. O Estado entra com 4,4 mil milhões de euros para recapitalizar o BES bom, mas fá-lo emprestando o dinheiro ao Fundo de Resolução, uma entidade liderada pelo Banco de Portugal e pelo Ministério das Finanças. Os bancos, que legalmente são obrigados a contribuir para esse mesmo fundo, terão de entrar com outros 500 milhões.
Assim, o BES mau fica com os activos tóxicos e com os actuais accionistas esperando recuperar algum dinheiro. No entanto, quem tiver dívida subordinada (dívida júnior) terá de assumir perdas.