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BCP vai reembolsar o Estado em 1.850 milhões de euros

O banco recebeu autorização do Banco de Portugal para pagar ao Estado uma parte substancial da ajuda que recebeu para se recapitalizar. BCP fica com rácio de capital de 12,5%, quando o mínimo exigido é de 7%.

Miguel Baltazar/Negócios
07 de Agosto de 2014 às 11:38
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O Banco Comercial Português anunciou esta quinta-feira que vai reembolsar o Estado português em 1.850 milhões de euros, "após ter obtido do Banco de Portugal a devida autorização".

 

Após este reembolso, o banco ficará com um rácio de capital de 12,5%, que se situa mais de cinco pontos percentuais acima do mínimo exigido (7%).

 

Este rácio de capital incorpora o impacto do reembolso ao Estado e também a venda da operação na Roménia, que permitiu ao banco liderado por Nuno Amado um encaixe de 39 milhões de euros. Em comunicado o BCP salienta que este rácio "common equity tier 1" proforma a 30 de Junho de 2014, tem também por base a interpretação conservadora da lei relativa à reforma sobre os DTA’s (impostos diferidos).

 

O reembolso ao Estado surge poucos dias depois do Banco Espírito Santo ter sido alvo de um resgate, com uma recapitalização de 4,9 mil milhões de euros através do Fundo de Resolução, depois de ter visto o seu rácio de capital descer para 5% e devido aos prejuízos de 3,6 mil milhões de euros apurados no primeiro semestre deste ano.

 

O BCP, no comunicado emitido hoje, diz que a autorização do Banco de Portugal surgiu depois da "análise efectuada à evolução dos rácios de capital do banco e de acordo com o anunciado no âmbito do aumento de capital realizado".

 

O banco liderado por Nuno Amado concluiu o mês passado um aumento de capital de 2.250 milhões de euros, tendo anunciado desde logo que queria reembolsar o Estado em 1.850 milhões de euros. Agora viu esse reembolso ser aprovado pelo Banco de Portugal.

 

Poupança de 300 milhões

Com este reembolso, o BCP antecipa o calendário inicialmente definido para o pagamento de CoCos, permitindo uma poupança superior a 300 milhões de euros no resultado líquido, e reafirma a sua intenção de reembolsar os 750 milhões adicionais até ao início de 2016, evidenciando a capacidade de execução do plano
estratégico traçado.


 
BCP em comunicado

 

Este reembolso antecipado de uma grande parte da ajuda estatal irá ter um impacto substancial nas contas do banco, já que os instrumentos de capital convergente ("Cocos") que o Estado subscreveu implicam o pagamento de uma taxa de juro acima de 8%.

 

No comunicado emitido hoje o BCP reafirma que este reembolso antecipado permite uma "poupança superior a 300 milhões de euros no resultado líquido", uma meta que já tinha comunicado quando anunciou o aumento de capital. O banco deverá poupar 500 milhões de euros em juros que teria de pagar ao Estado como remuneração pelos "CoCos".

 

Nessa altura o BCP definiu várias metas de resultados para os próximos anos, fixando o objectivo de atingir uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de 15% em 2017 e distribuir pelos seus accionistas 50% dos lucros alcançados no mesmo ano. Tendo em conta o valor actual dos capitais próprios, já com o aumento de capital, o objectivo para o ROE traduz-se num resultado líquido superior a 800 milhões. Um valor que, a confirmar-se, será o mais elevado da história do banco.

 

Reembolso de 750 milhões até início de 2016

 

O BCP reiterou também o calendário com que se tinha comprometido no reembolso do resto da ajuda estatal, ao reafirmar "a sua intenção de reembolsar os 750 milhões adicionais até ao início de 2016, evidenciando a capacidade de execução do plano estratégico traçado".

 

O banco já tinha antecipado em Maio o pagamento de 400 milhões de euros. A ajuda pública ao BCP totalizou 3.000 milhões, pelo que após o pagamento desta tranche adicional, ficavam a faltar 2.600 milhões de euros. Agora, com o reembolso de mais 1.850 milhões de euros, faltam 750 milhões de euros.

 

O BPI, que também recebeu uma ajuda estatal de 1.500 milhões de euros em Junho de 2012, já reembolso a totalidade dos fundos públicos.

 

Ao todo foram seis os pagamentos efectuados pelo BPI. O primeiro, de 200 milhões de euros, logo em 13 de Agosto de 2012. O banco ainda devolveu mais 100 milhões de euros em 2012, tendo em 2013 saldado mais 280 milhões de euros. Este ano foram efectuados dois pagamentos, no valor de 920 milhões de euros, e o último, de 420 milhões de euros que saldou, definitivamente, as contas com o Estado.    

 

As acções do BCP seguem a subir 1,48% para 8,92 cêntimos, depois de nos primeiros minutos de negociação terem chegado a cair mais de 20%.

 

(Notícia actualizada pela última vez às 12h10) 

 

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