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Fitch mantém rating de Portugal. Crise política pesa na decisão

A agência manteve a notação do país de A- com "outlook" positivo inalterada face à última revisão, quando se esperava uma revisão em alta. Eleições antecipadas podem prejudicar a posição orçamental de Portugal, travar a execução do PRR e adiar projetos críticos, diz a Fitch.

Brendan McDermid/Reuters
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A Fitch Ratings decidiu manter o rating de Portugal em A-, com perspetiva positiva, disse esta sexta-feira a agência de notação em comunicado, quando os analistas previam uma revisão em alta, apesar da crise política recente.

Na mais recente avaliação a Portugal, em setembro do ano passado, a Fitch também manteve o rating em A-, mas elevou o "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade da dívida) de estável para positivo, sinalizando assim que poderia melhorar a notação soberana.

A análise do rating de Portugal é a primeira desde que o país entrou em crise política e surge apenas um dia depois da dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas para 18 de maio, no seguimento da queda do governo da Aliança Democrática (AD) liderado por Luís Montenegro devido ao chumbo de uma moção de confiança.

A firma assinala que estas serão as terceiras legislativas em três anos, salientando a "volatilidade política recorrente". A agência prevê que seja um dos grandes partidos do centro - PS ou PSD - a vencer as eleições e que o próximo governo mantenha "políticas orçamentais prudentes".

Contudo, ressalva a Fitch, "apesar forte historial do país de disciplina orçamental ao longo das várias mudanças de governo, o próximo período eleitoral poderá afetar a implementação de medidas orçamentais, potencialmente minando a posição orçamental de Portugal", refere a agência.

A Fitch assinala a subida dos riscos externos e internos, em que a "instabilidade relacionada com as eleições pode impedir a execução do PRR, penalizando o crescimento ao adiar projetos críticos. Adicionalmente, poderá enfraquecer a confiança do consumidor e das empresas, levando as famílias e as empresas a adoptar uma estratégias mais cautelosas de despesa e estratégias de investimento".

Já a nível externo, "os desafios têm origem nas tensões comerciais e questões geopolíticas, que podem penalizar as exportações e reduzir o crescimento", diz a agência.

Ainda assim, o "outlook" positivo reflete as perspetivas de uma continuação da redução da dívida pública e externa e um grau de esperada resiliência na economia portuguesa, apesar do aumento dos riscos externos e da incerteza em torno dos desenvolvimentos políticos.

A agência também destaca que o desempenho orçamental de Portugal deverá continuar a ser melhor do que a maioria dos pares europeus, com excedentes orçamentais moderados, sublinhando também a robustez do crescimento económico, que deverá acelerar para 2,3% este ano.

A Fitch foi a terceira das principais agências a avaliar Portugal este ano, mas a primeira a manter a notação, depois de em janeiro a DBRS ter subido o rating da dívida nacional para A (elevado) e de a S&P em fevereiro ter elevado a notação para A. Segue-se agora a Moody’s, que atribui um rating de A3 com perspetiva estável e irá pronunciar-se em maio.

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