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Associação de bancos defende que próximo governo tem de ter "capacidade de acção"
"Independentemente da solução governativa que vier a sua adoptada", a banca vai ajudar à criação de riqueza, promete Faria de Oliveira. O importante é criar condições, também, para que os bancos fiquem "fortes".
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"Todos os portugueses desejarão que o próximo governo tenha capacidade de acção estratégia, muita lucidez e grande realismo". O desejo foi deixado por Fernando Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), na última das sete audiências que o Presidente da República teve esta quarta-feira, 18 de Novembro, com responsáveis do sector financeiro.
Para Faria de Oliveira, que já foi líder da CGD, "é fundamental desde logo criar um clima de confiança e de segurança junto dos cidadãos e dos mercados, quer dos mercados financeiros quer dos mercados políticos".
O líder da APB foi o representante do sector que mais tempo esteve a falar com os jornalistas após o encontro com Cavaco, ainda que tenha repetido algumas das ideias anteriormente deixadas: "é muito importante que se prossiga uma garantia de cumprimento dos nossos compromissos internacionais, europeus e outros". Além disso, deve-se manter "o rigor das contas públicas" e a "trajectória de crescimento económico".
"Precisamos de bancos fortes"
Faria de Oliveira acredita que para haver riqueza é necessário investimento e, para isso, os bancos têm de ter robustez. "Precisamos de bancos fortes".
Sobre o passado, o líder da APB declarou que o "sistema bancário foi fortemente afectado" nos últimos anos e que tem feito "um grande esforço e um grande trabalho de ajustamento, de recuperação". Há "resultados visíveis" mas o trabalho "tem de ser prosseguido".
"Posso dizer que o sistema bancário português estará naturalmente comprometido e empenhado fortemente em apoiar o progresso do nosso país", declarou. Um apoio às empresas prometido por Faria de Oliveira "independentemente da solução governativa que vier a sua adoptada".
O presidente da APB foi auscultado por Cavaco Silva depois das seis reuniões que o Presidente da República teve com os banqueiros: Nuno Amado, Eduardo Stock da Cunha, Fernando Ulrich, António Vieira Monteiro, José de Matos e ainda José Félix Morgado. O encontro entre o Chefe de Estado e os banqueiros ocorre num momento em que a banca continua a enfrentar vários desafios. Um deles é o Novo Banco, detido pelo Fundo de Resolução (para o qual todos os bancos contribuem), e a sua nova fase de venda (já que o primeiro concurso internacional falhou).
Cavaco Silva está a ouvir várias personalidades num momento em que ainda não decidiu o que fazer depois de a Assembleia da República ter chumbado o programa do Executivo anteriormente indigitado, liderado por Pedro Passos Coelho. O Chefe de Estado já ouviu associações e parceiros sociais e quer ouvir mais personalidades, como representantes da banca, antes de chamar os partidos, o que é obrigado a fazer antes de indigitar um novo primeiro-ministro.
Neste momento, não se sabe se haverá um governo de gestão ou um liderado pelo PS - a única certeza é que a Assembleia da República não pode ser dissolvida pelo Presidente da República, dado que este tem os poderes limitados devido às eleições presidenciais de Janeiro.