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Crédito Agrícola gostaria de ser ouvido mas não contesta Cavaco

O banco considera ter "um papel relevante" como "agente económico de relevo no tecido económico e empresarial" em Portugal. Mas respeita a decisão de não ter sido convidado a falar ao Presidente da República.

Sofia Henriques
18 de Novembro de 2015 às 14:08
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Apesar da sua presença em regiões onde os outros bancos portugueses não estão representados, o Crédito Agrícola não foi chamado por Cavaco Silva para falar sobre a actual situação da economia portuguesa, como ocorreu com as maiores instituições financeiras. Embora respeite a decisão, o banco lamenta.

 

"O Crédito Agrícola não foi convidado para as audiências agendadas para amanhã", confirmou fonte oficial da instituição financeira quando contactada pelo Negócios.

 

No entanto, o banco – constituído por uma caixa central e por outras 74 caixas agrícolas associadas espalhadas por perto de 700 agências – acredita que tinha algo a dizer ao Presidente da República.

 

"O Crédito Agrícola como agente económico de relevo no tecido económico e empresarial considera ter um papel relevante mas não coloca em causa os critérios de selecção do Sr. Presidente da República", indica a mesma fonte autorizada do Crédito Agrícola, liderada por Licínio Pina (na foto). O Palácio de Belém não respondeu ao contacto do Negócios. 

 

Esta quarta-feira, Cavaco Silva recebe, em audiências, seis banqueiros e o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB). Entre os líderes de bancos encontram-se os responsáveis das quatro maiores instituições financeiras portuguesas (CGD, BCP, BPI e Novo Banco) mas também o presidente do Santander Totta e ainda da Caixa Económica Montepio Geral.

 

O Montepio tinha mais activos que o Crédito Agrícola, no final de 2014: 22,4 mil milhões de euros, do primeiro, face aos 15 mil milhões do segundo, de acordo com os dados disponibilizados pela APB. Contudo, o sistema integrado do Crédito Agrícola (que junta a caixa central e as restantes instituições) contava, no final de 2014, com 685 agências no país. A caixa económica Montepio Geral estava, na mesma data, presente em 436 balcões.

 

O líder do Montepio, José Félix Morgado, vai assim falar com Cavaco Silva sobre a situação financeira do país (num momento em que o Presidente aconselha-se para decidir o que fazer na indigitação de um novo governo), também depois de várias notícias que deram conta de instabilidade na instituição financeira. O Expresso, ainda na semana passada, deu conta de uma possível investigação do Departamento de Investigação e Acção Penal de Viseu à compra do Finibanco.

Porque ouve Cavaco os banqueiros

Cavaco Silva está a ouvir várias personalidades num momento em que ainda não decidiu o que fazer depois de a Assembleia da República ter chumbado o programa do Executivo anteriormente indigitado, liderado por Pedro Passos Coelho.

 

O Chefe de Estado já ouviu associações e parceiros sociais e quer ouvir mais personalidades, como representantes da banca, antes de chamar os partidos, o que é obrigado a fazer antes de indigitar um novo primeiro-ministro.

 

Neste momento, não se sabe se haverá um governo de gestão ou um liderado pelo PS, com o apoio parlamentar do BE, PCP e PEV. A única certeza é que a Assembleia da República não pode ser dissolvida pelo Presidente da República, dado que este tem os poderes esvaziados devido às eleições presidenciais de Janeiro. 

(Notícia actualizada às 15h07 com indicação de que a comunicação da Presidência não respondeu aos contactos feitos pelo Negócios no dia de ontem)

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