Notícia
Armando Vara: Vale do Lobo teve luz verde "sem qualquer objeção"
O antigo administrador da Caixa, atualmente a cumprir pena de prisão em Évora por crimes de tráfico de influência, está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco público.
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A participação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) no projeto de Vale do Lobo teve a luz verde de todos os administradores do banco público e não mereceu "qualquer objeção". A garantia é dada, esta sexta-feira, 14 de junho, por Armando Vara, antigo administrador da instituição, que, para além desta declaração, recusa responder a quaisquer outras questões sobre o financiamento a este empreendimento turístico que tem gerado perdas de milhões para a Caixa, uma vez que o mesmo está a ser investigado no âmbito da Operação Marquês, na qual é arguido.
Armando Vara está a ser ouvido, esta sexta-feira, 14 de junho, na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco. Administrador do banco público entre agosto de 2005 e dezembro de 2007, está detido na prisão de Évora desde janeiro deste ano, depois de ter sido condenado a cinco anos de prisão efetiva, por três crimes de tráfico de influência, no âmbito do processo Face Oculta.
"Os factos relativos à concessão de créditos a Vale do Lobo são objeto da investigação da Operação Marquês, que está sob segredo de justiça. Por isso, não devo, por ora, pronunciar-me mais sobre qualquer questão relacionada com o financiamento a Vale do Lobo. Todos os esclarecimentos sobre esse assunto serão prestados no âmbito da investigação. Não responderei a perguntas sobre o financiamento a Vale do Lobo", afirmou Vara.
Isto para, logo de seguida, deixar algumas considerações sobre esse mesmo assunto. "Não posso deixar de manifestar estranheza com o facto de ser sistematicamente ignorado que, no conselho alargado de crédito de 2006, o presidente do conselho de administração da Caixa entendeu convocar uma reunião sobre Vale do Lobo, que contou com a presença de todos os administradores da Caixa, bem como com os promotores do projeto, Diogo Gaspar Ferreira e Rui Horta e Costa", recordou.
O projeto de financiamento, assegura, foi bem recebido por todos esses administradores. "Após a reunião, houve luz verde para a participação da Caixa no projeto, sem qualquer objeção", assegurou.
O antigo banqueiro, que depois de sair da Caixa assumiu o cargo de vice-presidente do BCP, chegou a pedir para não ir à Assembleia da República, tendo em conta que está preso, mas o pedido foi rejeitado pelos deputados da comissão parlamentar.
O convite para integrar a administração da Caixa, recordou já Armando Vara durante a primeira comissão de inquérito à CGD, em 2017, partiu do então ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos. Com José Sócrates, na altura primeiro-ministro, garantiu que nunca falou sobre esse assunto.
O nome de Armando Vara tem sido referido, por várias vezes, ao longo desta comissão de inquérito, sobretudo pelo seu envolvimento no empreendimento turístico de Vale do Lobo. Há dois anos, quando foi ouvido pelos deputados da primeira comissão, o também antigo ministro socialista afirmou acreditar que a Caixa "não perderá dinheiro com aquele ativo", que, aliás, no seu entedimento, "valoriza mais" a cada dia que passa.
"Sairei infloexcluído da situação em que me encontro"
Ainda durante a intervenção inicial, Armando Vara fez referência à prisão, a que se refere como "martírio" e onde diz não ter acesso nem a um computador.
"Uma pessoa nas minhas condições, e as pessoas com quem partilho este martírio, encontra-se sem acesso sequer a um computador. Não tenho acesso a nenhuma base de dados. Tudo o que escrevo, escrevo à mão", afirmou.
E deixou críticas ao sistema prisional. "Sairei infoexcluído da situação em que me encontro, o que dá bem a dimensão do absurdo de um sistema que passa a vida a falar de reintegração".
Notícia atualizada às 14h59 com mais informação.
Armando Vara está a ser ouvido, esta sexta-feira, 14 de junho, na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco. Administrador do banco público entre agosto de 2005 e dezembro de 2007, está detido na prisão de Évora desde janeiro deste ano, depois de ter sido condenado a cinco anos de prisão efetiva, por três crimes de tráfico de influência, no âmbito do processo Face Oculta.
Isto para, logo de seguida, deixar algumas considerações sobre esse mesmo assunto. "Não posso deixar de manifestar estranheza com o facto de ser sistematicamente ignorado que, no conselho alargado de crédito de 2006, o presidente do conselho de administração da Caixa entendeu convocar uma reunião sobre Vale do Lobo, que contou com a presença de todos os administradores da Caixa, bem como com os promotores do projeto, Diogo Gaspar Ferreira e Rui Horta e Costa", recordou.
O projeto de financiamento, assegura, foi bem recebido por todos esses administradores. "Após a reunião, houve luz verde para a participação da Caixa no projeto, sem qualquer objeção", assegurou.
O antigo banqueiro, que depois de sair da Caixa assumiu o cargo de vice-presidente do BCP, chegou a pedir para não ir à Assembleia da República, tendo em conta que está preso, mas o pedido foi rejeitado pelos deputados da comissão parlamentar.
O convite para integrar a administração da Caixa, recordou já Armando Vara durante a primeira comissão de inquérito à CGD, em 2017, partiu do então ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos. Com José Sócrates, na altura primeiro-ministro, garantiu que nunca falou sobre esse assunto.
O nome de Armando Vara tem sido referido, por várias vezes, ao longo desta comissão de inquérito, sobretudo pelo seu envolvimento no empreendimento turístico de Vale do Lobo. Há dois anos, quando foi ouvido pelos deputados da primeira comissão, o também antigo ministro socialista afirmou acreditar que a Caixa "não perderá dinheiro com aquele ativo", que, aliás, no seu entedimento, "valoriza mais" a cada dia que passa.
"Sairei infloexcluído da situação em que me encontro"
Ainda durante a intervenção inicial, Armando Vara fez referência à prisão, a que se refere como "martírio" e onde diz não ter acesso nem a um computador.
"Uma pessoa nas minhas condições, e as pessoas com quem partilho este martírio, encontra-se sem acesso sequer a um computador. Não tenho acesso a nenhuma base de dados. Tudo o que escrevo, escrevo à mão", afirmou.
E deixou críticas ao sistema prisional. "Sairei infoexcluído da situação em que me encontro, o que dá bem a dimensão do absurdo de um sistema que passa a vida a falar de reintegração".
Notícia atualizada às 14h59 com mais informação.