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Assalto ao BCP? "Nunca vi nenhum tipo de complô" na CGD, diz Vara

O ex-administrador da CGD rejeita que tenha havido um "movimento conspirativo" para participar na guerra de poder do BCP, mas assume que, hoje, não voltaria a aceitar o convite para a vice-presidência do banco privado.

Lusa
14 de Junho de 2019 às 19:58
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A pergunta foi feita repetidamente, sob várias formas, ao longo da audição a Armando Vara na segunda comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD). A ideia era sempre a mesma: o banco público participou, ou não, na guerra de poder por que o BCP passou em 2007? A resposta foi sempre no mesmo tom: "não houve qualquer movimento conspirativo". E garante: se soubesse que viria a ser alvo destas acusações, "não teria aceitado ir para o BCP".

Armando Vara foi ouvido, esta sexta-feira, 14 de junho, na comissão parlamentar. O tema BCP foi uma constante na audição ao antigo administrador do banco público, atualmente detido na prisão de Évora depois de ter sido condenado por crimes de tráfico de influência, que saiu da administração da Caixa, em dezembro de 2007, diretamente para a vice-presidência do banco privado. Mas o antigo banqueiro garante que não houve qualquer conspiração.

Desde logo, defendeu, a Caixa tanto não estava interessada em "assaltar" o BCP, que estava a reduzir a participação no capital deste banco. "Começámos a desinvestir no banco ao ponto de desinvestir mais de metade da participação, sempre com o cuidado de não criar dificuldades ao banco", recordou. Isto porque, como também admitiu, Paulo Teixeira Pinto, à data secretário do conselho de administração do BCP, "considerava que uma participação qualificada da Caixa no banco o defendia de uma OPA", pelo que pediu que a CGD mantivesse, "no mínimo, uma participação de 1%".

Quanto ao financiamento da Caixa a Joe Berardo, superior a 300 milhões de euros, para o empresário reforçar a posição acionista no BCP, Armando Vara desvaloriza a operação e rejeita que o crédito tenha sido concedido para que a lista através da qual se candidatou à administração do BCP tivesse depois apoio dentro do banco. "Não vejo nenhum nexo causal. O que é que representava a participação das pessoas que a Caixa financiou? Não representava nada", sublinhou.

Perante a insistência desta ideia, resumiu: "Acho completamente irracional pensar que o racional da operação era esse. O racional era o negócio. Nunca vi nenhum tipo de constituição de um complô".

Já sobre as suspeitas de que terá sido o Governo de então, que tinha José Sócrates como primeiro-ministro, a fazer pressão para que Armando Vara e Carlos Santos Ferreira constassem da lista que veio a candidatar-se ao poder no BCP, o antigo administrador da Caixa também recusa esta ideia. "Tenho bem presente que interesses se movimentavam contra a nossa - ou a minha - ida. A seu tempo, hei-de escrever sobre o assunto".

Mas assume: "Se tivesse consciência do que se viria a passar, provavelmente não teria aceitado ir para o BCP". E conclui: "A minha convicção é que não houve da parte da caixa qualquer movimento conspirativo nessa matéria".
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