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Vara: "Não enviei nenhuma proposta de crédito" sobre Vale do Lobo

Armando Vara está a ser ouvido na comissão de inquérito à Caixa. Na intervenção inicial, disse que não falaria de Vale do Lobo. Mas está a responder a várias perguntas dos deputados sobre este assunto.

14 de Junho de 2019 às 16:36
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Armando Vara garante que não enviou qualquer proposta de crédito sobre o projeto de Vale do Lobo ao diretor comercial da área Sul da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Alexandre Santos, tal como este responsável recordou durante a sua audição na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco. Esta sexta-feira, 14 de junho, é Armando Vara a ser ouvido nesta comissão.

O assunto foi levantado pela deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que questionou o antigo administrador da Caixa sobre quantas propostas de crédito reencaminhou para Alexandre Santos, o diretor comercial da área Sul. Armando Vara assumiu que a pergunta era sobre o projeto de Vale do Lobo e foi sobre isso que respondeu, apesar de, no início da audição, ter garantido que não falaria sobre esta questão, uma vez que a mesma está a ser investigada no âmbito da Operação Marquês.

"Não encaminhei nenhuma proposta de crédito para o diretor de empresas Sul. Reencaminhei um documento de um cliente que queria apresentar uma proposta de financiamento à Caixa. Um documento daquela natureza era indispensável para uma pré-avaliação da Caixa sobre se tinha condições de se envolver nesse negócio", começou por dizer, deixando também uma pergunta: "Acharia normal se aquele dossier começasse a ser discutido sem que a Caixa dispusesse do 'business plan' daquela operação, sem saber o que é que aquela empresa pensava fazer, que projeções tinha para aquele negócio, etc.?"

Estas declarações são feitas depois de, em abril, Alexandre Santos ter dito nesta comissão de inquérito que, em 2006, recebeu um e-mail enviado por Armando Vara, que à data tinha o pelouro do crédito às empresas, que continha um dossier preparado para o negócio de Vale do Lobo. "Não era habitual", admitiu então o diretor comercial da área Sul. "Não tenho memória de de ter recebido mais nenhum dossier preparado", acrescentou.

Agora, Armando Vara desvaloriza estas considerações e diz que serão até positivas. "Quando o senhor diretor diz que ficou admirado com a qualidade do trabalho apresentado, não é porque não se apresentassem outros, ou porque não fosse sempre obrigatório haver sempre um trabalho a anteceder a concessão de crédito. É porque, talvez, aquele fosse o melhor que lhe chegou às mãos. Disse isso com sentido positivo. Seria, para mim, uma surpresa monumental admitir que uma direção abria processos de crédito sem pedir os elementos todos que se exigiam".

E reforçou: "Eu não lhe enviei uma proposta de crédito. Enviei um documento que era o que a empresa [Vale do Lobo] tinha feito para seu próprio governo".

Mariana Mortágua repetiu a pergunta: "Quantos projetos de crédito enviou a Alexandre Santos?"

"Tenho muita vontade de responder, não devo, mas vou fazê-lo na mesma", recomeçou Armando Vara, administrador da Caixa entre agosto de 2005 e dezembro de 2007.

"Não tenho a certeza de quantos enviei. Sei que era normal enviar propostas. Recebi muitas que enviei para onde tinha de ser enviado. Isso serviu para que a direção empresas sul entendesse que sim, [Vale do Lobo] era suscetível de ser estudado, depois logo se via. Como esse, enviei vários. O que é que aconteceu a muitos? Não faço ideia", concluiu sobre este assunto.

Filipe Pinhal "só pode ter-se enganado na data"

Filipe Pinhal, antigo administrador do BCP, afirmou, durante a sua audição nesta comissão parlamentar de inquérito, que, na altura da guerra de poder dentro do banco, foi alertado por vários elementos que faziam parte da sua lista, incluindo Manuel Fino, Paulo Macedo e Miguel Maya, de que teria de integrar Carlos Santos Ferreira e Armando Vara se queria que esta lista fosse aprovada.

Esta tarde, Armando Vara diz apenas que foi convidado para a administração do BCP por Carlos Santos Ferreira, que saía da presidência da Caixa para o banco privado, no final de 2007, sem precisar a data.

Já sobre as declarações de Filipe Pinhal, não teve dúvidas e repetiu à exaustão: "Só pode ter-se enganado na data. Eu não sabia de nada. Enganou-se na data, não há outra explicação. Não é possível, à data em que ele disse que estavam a acontecer certas coisas, porque não estavam. A ideia não tinha nascido. Uma boa razão: enganou-se na data. Nem quero crer noutra. Sempre considerei Filipe Pinhal como uma pessoa de enorme seriedade. Ao tempo, isso não existia na nossa cabeça", afirmou.

Vara atira resultado das eleições ao PSD

Virgílio Macedo, deputado do PSD, insistiu, durante a sua intervenção, na tese de que a passagem de Armando Vara pela Caixa e pelo BCP teve sempre ligações políticas. Quando questionou diretamente o antigo banqueiro sobre este assunto, Vara respondeu-lhe com outra pergunta: "Que é que eu hei-de fazer para o convencer?"

O deputado social-democrata retorquio que "são os portugueses que têm de ser convencidos" e Armando Vara aproveitou a deixa para comentar os resultados eleitorais mais recentes do PSD.

"Ainda bem que falou nos portugueses. Lembra-se, com certeza, dos resultados das últimas eleições", atirou.
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