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Vara: "Nunca me lembro de ter chamado chefe" a Sócrates

O ex-administrador da CGD diz que as notícias sobre a alegada influência do Governo na Caixa partem de uma "síntese mal feita" de escutas. "Nunca tive nenhuma conversa com ninguém do Governo sobre orientações de qualquer género".

Bruno Simão
22 de Março de 2017 às 19:03
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"Não me revejo naquele tratamento a alguém por chefe. Não me revejo naquilo". Foi assim que Armando Vara respondeu sobre a notícia do jornal Sol, publicada no passado sábado, que dá conta de uma conversa, em 2009, com um secretário de Estado em que se refere a José Sócrates como "chefe". "Nunca me lembro de ter chamado chefe àquela pessoa que está a pensar", declarou o administrador da Caixa entre Agosto de 2005 e Dezembro de 2007. A pessoa era o ex-primeiro-ministro. 

 

Primeiro, o ex-político não quis fazer comentários sobre as escutas que estão no processo Face Oculta.  "Ao que eu vi, aquilo faz parte de um processo em segredo de justiça. Devo eu adiantar mais alguma coisa sobre a matéria?" A pergunta foi feita, mas depois houve mais respostas sobre o tema.

 

O Sol falava numa escuta de Julho de 2009 entre Vara e o então secretário de Estado Laurentino Dias em que "o chefe", identificado como José Sócrates, deveria "dar um conforto" ao falar directamente com a Caixa sobre um financiamento ao Autódromo do Algarve. "Sabe o peso que isso tem do outro lado de lá [que o Sol, diz ser a Caixa], ou então o ministro das Finanças", indica a escuta citada pelo semanário. Deveria ser "o gabinete do primeiro-ministro ou até o próprio primeiro a dizer ao Bandeira para meter lá os 10 milhões", continua o mesmo jornal. Essa conversa tem lugar quando Vara já não estava na CGD – era vice-presidente no BCP desde o início de 2008.

 

"Foi caso único" em que falou com um governante. Segundo Vara, esse projecto de financiamento do Autódromo do Algarve tinha sido proposto à Caixa quando lá estava enquanto administrador mas que depois descobriu no BCP, que tinha financiado o projecto e era o principal credor. Mas a Parkalgar, que geria o recinto do autódromo, precisava de uma nova injecção e o objectivo das conversas citadas pelo jornal seria que fosse o banco público a fazer a capitalização.

 

Na comissão de inquérito, Vara disse que transmitiu a Laurentino Dias sobre que "achava que o projecto não tinha sido aprovado na altura [pela CGD entre 2005 e 2007], mas que, uma vez que o mal estava feito, era a melhor solução para ele". "O resto é especulação. Um resumo da conversa que não corresponderá à verdade", classificou. "Não me revejo nisso. Uma síntese mal feita", considera em relação às escutas. "Aquilo é um resumo que alguém fez. Lembro-me de alguma coisa da conversa, aquilo não é uma transcrição". 

 

"Nunca tive nenhuma conversa com ninguém do Governo sobre orientações de qualquer género em relação a supostos dossiês da Caixa", frisou Armando Vara.  

 

A notícia do Sol foi publicada como dando conta de uma alegada influência de José Sócrates na gestão da Caixa Geral de Depósitos, partindo da investigação feita pelo Ministério Público no âmbito da Operação Marquês, onde tanto Sócrates como Vara são arguidos. 

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