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PSD envia respostas de Vara para Ministério Público por alegadas contradições
Armando Vara disse que não falara com José Sócrates sobre a Caixa Geral de Depósitos. Mais à frente, admitiu que "não se" lembrava. O PSD não gostou e vai fazer queixa.
A diferença entre o "não" e o "não me lembro" vai render a Armando Vara uma participação feita pelo Partido Social Democrata no Ministério Público.
O deputado social-democrata Hugo Soares lançou um requerimento, em nome do PSD, "para que sejam extraídas as várias respostas de Armando Vara e acometidas ao Ministério Público".
Em causa estão as conversas que, alegadamente, não existiram entre o ex-ministro socialista, que foi administrador da CGD entre Julho de 2005 e Dezembro de 2007, e o antigo primeiro-ministro entre 2005 e 2011.
Nas primeiras respostas que deu na comissão de inquérito, ao CDS, Armando Vara começou por dizer que, no seu mandato, não teve qualquer conversa com José Sócrates nem sobre o convite para administrar o banco público nem sobre a gestão de créditos. Depois, após insistência do PSD, afirmou que não se lembrava.
"Respondi ao Sr. deputado João Almeida não. Respondi ao Sr. deputado Hugo Soares não. Depois [Hugo Soares] começou: ‘tem a certeza, não terá falado". Foi por isso que Armando Vara disse que não se lembrava.
"Eu tenho a certeza de que não falei com ele. Que nunca falou comigo sobre questões da Caixa. Se, na minha memória, não entrou aqui qualquer coisa, na minha memória não está [qualquer] relação [entre] a Caixa e o Engenheiro José Sócrates".
Mesmo assim, o deputado do PSD não ficou convencido e manteve a queixa ao Ministério Público. As comissões parlamentares de inquérito têm poderes parajudiciais pelo que quaisquer falsas declarações são passíveis de actuação judicial. Havendo a participação, o Ministério Público tem de fazer as diligências para concluir se houve falsas declarações.