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Sócrates à TVI: "Não fui confrontado com factos nem com provas" pelo juiz Carlos Alexandre

José Sócrates, ex-primeiro-ministro que se encontra em prisão preventiva, volta a escrever a um órgão de comunicação social para "legítima defesa". À TVI respondeu a seis perguntas, garantindo não ter sido confrontado com factos nem com provas.

Negócios 02 de Janeiro de 2015 às 21:50
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A corrupção, crime do qual é suspeito, é para José Sócrates "detestável, o mais ignominioso que pode ser imputado a um ex-governante". E acrescenta que não foi confrontado nem com factos nem com provas sobre esse alegado crime. "Por estranho que pareça a corrupção em nome da qual me sujeitaram à infâmia desta prisão preventiva é uma pura invenção, uma 'hipótese de trabalho' teórica da investigação, um crime presumido, sem qualquer concretização ou referência no tempo ou no espaço e do qual não há, nem podem existir, indícios ou provas. E por uma razão simples: porque não aconteceu".

 

José Sócrates começa assim a responder a um conjunto de seis questões colocadas pela TVI e cujas respostas foram divulgadas pelo canal de televisão esta sexta-feira, 2 de Janeiro, mais de um mês depois do ex-primeiro-ministro ter sido detido para interrogatório e colocado em prisão preventiva por suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal.

 

É um caso, escreve o ex-primeiro-ministro, baseado em presunções, como a de se presumir que o dinheiro de Carlos Santos Silva é seu. Assume, no entanto, que recorreu "várias vezes a empréstimos que o meu amigo Carlos Santos Silva me concedeu para pagar despesas diversas", quando Sócrates atravessou, nas suas próprias palavras, "algumas dificuldades de liquidez". Viveu, acrescenta, numa casa de Carlos Santos Silva em Paris, mas de onde diz ter tido de sair quando se iniciaram obras de restauro. Garante que a partir daí viveu em Paris em apartamentos arrendados.

 

Já em relação à venda do apartamento de sua mãe na Rua Braamcamp a Carlos Santos Silva, Sócrates explica que a mãe quis mudar para Cascais, depois da ida do ex-primeiro-ministro para Paris, onde estaria mais acompanhada. Sócrates referiu a pretensão da mãe de vender o apartamento a Santos Silva que o comprou. A mãe de Sócrates fez uma doação ao filho de 75% do valor do imóvel. Mas Sócrates defende-se dizendo que o activo já estava na família, foi, no entanto, nessa venda convertido em liquidez. "Acho espantoso que alguém pretenda ver nisto uma venda simulada, como agora dizem. Tanto quanto imagino, as vendas verdadeiramente simuladas não se fazem pelo preço de mercado, não obrigam ao abandono do imóvel pelo vendedor e não acabam no aluguer a terceiros pelo novo proprietário!".

 

Quanto às malas de dinheiro alegadamente transportadas pelo seu motorista, Sócrates desmente as notícias: "nunca o meu motorista foi a Paris; nunca me levou nenhuma mala de dinheiro; e nunca o meu carro foi além de espanha (onde fui passar curtos períodos de férias e pouco mais)". Pelo que as alegadas provas documentais (fotografias do motorista a transportar as malas) são, segundo Sócrates, "ficção". Como desmente qualquer ligação aos negócios de compra de direitos televisivos com Rui Pedro Soares.

 

José Sócrates diz que se pretende com a prisão preventiva e com o impedimento de dar entrevistas que o julgamento seja feito na opinião pública."Quando decidiram proibir-me de falar, o que pretendiam conseguir era que tudo estivesse do lado deles - o procurador, o juiz, os jornais. E podem, de facto, ter muido do lado deles. Menos a verdade". E assume que a prisão é ilegal, acrescentando que a prisão de Carlos Santos Silva, seu amigo, e João perna, seu motorista, são "injustas e injustificadas". 

 

E conclui: "este processo, pela sua natureza, tem contornos políticos e digo mais: este processo é, na sua essência, político", acrescentando que possa ter "consequências" na "disputa política". "Veremos quais. Como já disse, isto ainda agora começou".

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