Segundo o Correio da Manhã, caso seja provado que esse montante foi acumulado de forma ilícita, as autoridades deverão exigir que esse dinheiro fique para o Estado. Um resultado diferente daquele que se observaria se estivéssemos a falar de uma suspeita de evasão fiscal (bastaria aí pagar os impostos devidos). Foi isso que aconteceu no caso "Face Oculta", por exemplo, quando foram provados crimes de corrupção e tráfico de influência.

O Correio da Manhã acrescenta ainda que o apartamento de Paris – que custou três milhões de euros – e o carro do ex-primeiro-ministro – de 95 mil euros – também poderão reverter para o Estado.

Já o jornal Sol, traz mais pormenores sobre como foram acumulados estes milhões. O semanário adianta que terá sido, em parte, recebido no âmbito de contractos entre o grupo Lena e o Estado, citando fontes com conhecimento do processo. Faz também um esclarecimento em relação ao Correio da Manhã, dizendo que apenas foram arrestados 17 milhões de euros e que essa decisão tem como objectivo proteger a posição do Estado em relativamente a impostos em falta.

O Sol refere ainda como o grupo Lena cresceu exponencialmente com a entrada de Santos Silva na empresa, momento a partir do qual conseguiu vários contractos com o Estado, entre os quais vários da "Parque Escolar", muitos sem concurso público.

Em 2010, já depois de ter abandonado o grupo Lena, Santos Silva transferiu para o BES – através de um perdão fiscal – 20 milhões de euros da Suíça. Era desse dinheiro que saíam os 12 mil euros que alegadamente eram pagos todos os meses a José Sócrates.