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"Tristeza", a palavra de Mario Draghi para o Brexit

Ondas de choque do Brexit continuaram a fazer-se sentir na segunda-feira e fizeram baixas de monta no 3º Fórum do BCE que, até quarta-feira, reúne alguns dos principais especialistas em política monetária do mundo. Mark Carney e Janet Yellen cancelaram a presença.

Miguel Baltazar/Negócios
27 de Junho de 2016 às 20:56
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Na abertura do 3° Fórum do BCE em Sintra, Mario Draghi disse ter dificuldades em encontrar a palavra adequada para associar à decisão britânica. "Tristeza" acabou por ser a escolha do presidente do BCE. "Tristeza", que pediu aos participantes para porem de parte durante os três dias do encontro que se dedicará à análise da arquitectura financeira e monetária internacional.

 

"Vamos pôr de parte dos tempos extraordinários que estamos a viver. Vamos pôr de parte as questões que temos para os nossos amigos britânicos (...) vamos pôr de parte as questões que temos para nós, para a Europa. Vamos pôr de parte... tenho dificuldades em encontrar a palavra para descrever o que aconteceu, provavelmente a melhor palavra será tristeza – que está em todos nós – quando testemunhamos uma mudança desta magnitude" afirmou o presidente do BCE na abertura do encontro, para deixar um apelo: "vamos deixar de parte tudo isto e concentremo-nos no Fórum do BCE".

 

Foi com estas palavras que Mario Draghi abriu o Fórum, que seguiu com a intervenção de Alan Blinder sobre a "independência dos bancos centrais", um dos valores mais queridos para os banqueiros das economias avançadas. Blinder é professor na universidade de Princeton, nos EUA, e é um dos mais conhecidos economistas no mundo na área da banca central, onde também já trabalhou: entre 1994 e 1996 foi vice-presidente da Reserva Federal norte-americana. Antes disso fez parte da equipa de aconselhamento económico de Bill Clinton, entre 1993 e 1994.

 

Brexit põe Carney e Yellen fora de Sintra

 

A intervenção de Draghi foi só mais um dos sinais de alarme com a decisão britânica de deixar a União Europeia que se continuaram a sentir segunda-feira, a que se juntaram baixas importantes num dos principais painéis de debate do Fórum do BCE, que teve início na noite de segunda-feira, dia 27, e continuará até quarta-feira, dia 29. O balanço do dia nos mercados, feito antes do jantar que marcou o início do encontro, é esclarecedor sobre as nuvens que continuam a pairar sobre a economia internacional.

 

A libra continuou a cair, já acumula uma queda de quase 14% desde quinta-feira, atingindo os 1,32 dólares, um mínimo de três décadas. A bolsa britânica também permaneceu no vermelho, com o FTSE a cair 2,55%, liderado por quedas no sector financeiro: as acções do Royal Bank of Scotland e do Barclays chegaram mesmo a ser suspensas por um breve período, após quedas de 26% e 18%, respectivamente.

 

Fora do Reino Unido o abalo também se continuou a sentir, ainda que em menor escala. O S&P 500, nos EUA, recua 2%, e na Europa o principal índice da banca, o Euro Bank Stoxx, acrescentou mais 6% de queda aos 18% que já havia registado na sexta-feira. Em Portugal o PSI-20 perdeu 2,3%, sendo a boa notícia a acalmia dos mercados de dívida, com a yield a 10 anos da dívida a recuar ligeiramente para 3,302%.

 

Perante o estado de alerta internacional, o Fórum do BCE foi perdendo desde a tarde de domingo alguns dos seus mais ilustres convidados, e o banco central teve mesmo de cancelar o debate que estava agendado para quarta-feira à tarde, no qual Jean-Claude Trichet, ex-presidente do BCE, iria moderar uma conversa entre quatro governadores: Mario Draghi (BCE), Mark Carney (Banco de Inglaterra), Janet Yellen (Fed) e Alexandro Tombini (Brasil).

 

No final de segunda-feira, o BCE confirmou que Mario Draghi nem sequer estará em Sintra na quarta-feira, voando para Bruxelas para participar no Conselho Europeu que debaterá as consequências políticas do Brexit na União Europeia. Antes, já Mark Carney e Janet Yellen tinham feito saber que faltariam ao evento. Os cancelamentos permitir-lhes-ão gerirem a resposta à turbulência a partir das respectivas sedes, mas evitará também que tenham de se pronunciar em público sobre as consequências do Brexit e possíveis respostas a dar.

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