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Goodhart: “Bancos centrais lixaram os bancos comerciais com taxas de juro tão baixas”

Entre elogios às melhorias na capitalização dos bancos na Europa e à evolução da regulação, houve também margem para críticas. As taxas de juro baixas estão a pressionar os bancos e, por isso, representam um risco. Além disso, o sistema de “bail-in” pode, na verdade, colocar todo o sistema em stress.

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"Desafios da regulação financeira". Este foi o tema que arrancou o terceiro e último dia do Fórum do BCE, realizado em Sintra. Falou-se de "shadow banking", rácios de capital dos bancos, financiamento da economia, volatilidade e até das "fintech". Mas num encontro em que a política monetária é servida como o prato principal, houve quem apontasse críticas aos bancos centrais. Foi o caso de Charles Goodhart.

 

"A minha crítica aos bancos centrais é que não tiveram em conta o impacto das suas medidas nos bancos comerciais", atirou o professor emérito da London School of Economics. Ao lado de Benoît Coeuré, membro do Conselho Executivo do BCE, Charles Goodhart foi taxativo: "Os bancos centrais basicamente lixaram os bancos comerciais com taxas de juro tão baixas".

 

Esta afirmação surgiu em resposta à crítica feita pelo próprio Benoît Coeuré, sobre a ausência da rendibilidade dos bancos na reflexão do sistema regulatório. Mas as críticas de Charles Goodhart não ficaram por aqui. "A minha preocupação é que o sistema de ‘bail-in’ [para a resolução bancária] não sobreviva a uma crise, porque afectará os mercados no geral", disse o ex-membro do Comité de Política Monetária do Banco de Inglaterra.

 

Benoît Coeuré defendeu o sistema de "bail-in - no qual os depósitos acima de 100 mil euros são chamados a recapitalizar o banco em processo de resolução -, como estando entre um conjunto de medidas que visou a melhoria da regulação na Zona Euro, ao mesmo tempo que cria um sistema de incentivos para uma melhor gestão das instituições. Charles Goodhart retorquiu: "espero que tenha razão".

 

A resiliência dos bancos e o "shadow banking"

 

Darrell Duffie abriu o painel desta quarta-feira, caracterizando de "ambicioso" o plano definido pelo G20: "Tornar as instituições financeiras mais seguras, o mercado de derivados mais transparente e transformar o ‘shadow banking’". E sobre o primeiro ponto, o professor da Stanford University elogiou a evolução dos bancos na Europa, salientando que, agora, quase não há instituições com rácios de capital abaixo de 5%, com a grande maioria a ter mais de 12%.

 

Por outro lado, Stijn Claessens definiu que "a questão é se o crescimento pode passar de um sistema de financiamento baseado nos bancos para um sistema baseado no mercado". Mas o conselheiro sénior da Reserva Federal dos EUA focou-se no "shadow banking", apontando que uma das prioridades da regulação passa por reduzir a ligação entre este sistema e os bancos.

 

"Abordar os mercados numa perspectiva de sistema" deve também ser o futuro da regulação, defende Stijn Claessens, uma vez que permitiria uma melhor absorção de riscos pelos diversos mercados. E entre os desafios da regulação, Benoît Coeuré acrescentou a palavra "fintech". O responsável do BCE disse que estas têm "o potencial de mudar completamente o sistema" e concluiu que o desafio está no facto de aumentarem "a importância de instituições não-bancárias".

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