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Líder do setor privado da água em Portugal entra na corrida às concessões de eletricidade
A Indaqua vai participar, com o suporte da empresa que abastece Roma, nos concursos para a atribuição de concessões de distribuição de energia elétrica em baixa tensão, que serão lançados pelos municípios portugueses.
Líder das concessões de água em Portugal, abastecendo mais de 800 mil pessoas em 10 municípios, sobretudo no Norte do país, a Indaqua acaba de anunciar que pretende entrar nos concursos de concessão que se avizinham na distribuição de eletricidade em baixa tensão (BT), que serão lançados pelos municípios portugueses.
O maior operador privado do setor em Portugal conta para o efeito com a consultoria industrial da Areti, empresa do grupo Acea responsável pela distribuição de 9,2 TWh por ano de eletricidade, setor onde é a segunda maior operadora italiana, servindo 2,8 milhões de habitantes.
"Depois de recentemente ter expandido geograficamente, com a entrada no mercado espanhol de abastecimento de água, através da aquisição de uma empresa em Palma de Maiorca, a Indaqua procura agora expandir também as suas áreas de atuação para a distribuição de eletricidade em baixa tensão", avança a empresa, em comunicado.
A Indaqua lembra que a recente resolução do Conselho de Ministros que estabeleceu definitivamente a calendarização para os concursos de atribuição de concessões municipais de distribuição eletricidade "veio dar o tiro de partida num processo que se inicia a 31 de julho deste ano e se prolonga até 30 de junho de 2025, data-limite para o lançamento de todos os concursos públicos por parte dos municípios".
"Estes concursos representam um momento estratégico para o país, nomeadamente, para o cumprimento do Plano Nacional de Energia e Clima 2030. A gestão destas concessões vai exigir princípios fundamentais que estão perfeitamente alinhados com aqueles que temos seguido nas nossas concessões municipais de água e saneamento: sustentabilidade, eficiência e qualidade do serviço à população", enfatiza Pedro Perdigão, CEO do grupo Indaqua.
"Associarmo-nos à Areti e ao grupo Acea é uma garantia de partilha de experiência para ambos, que reforça a confiança neste passo conjunto: a Indaqua tem visibilidade sobre a gestão no mercado nacional e operações em vários concelhos em Portugal; a Areti tem o conhecimento específico sobre a distribuição de eletricidade", explica o mesmo gestor.
Com um efetivo da ordem das 750 pessoas, a Indaqua detém em Portugal oito concessões municipais de distribuição de água, assim como uma parceria público-privada (PPP) - em Santa Maria da Feira, Matosinhos, Oliveira de Azeméis, Santo Tirso/Trofa, São João da Madeira, Vila do Conde, Barcelos, Marco de Canaveses e Paços de Ferreira.
Acresce o serviço de abastecimento de água nas regiões de Muro e Alcúdia, em Maiorca, Espanha, no quadro da aquisição da Fusosa, em outubro passado.
Indaqua mudou de dono três vezes nos últimos anos
Nos últimos anos, a Indáqua já mudou de mãos uma, duas, três vezes.
Em 2016, a Mota-Engil vendeu a sua posição de controlo na empresa, por 60 milhões de euros, à Miya, empresa fundada pela empresária israelo-americana Shari Arison - considerada a mulher mais rica de Israel -, integrando o grupo de investimento Arison.
Mais tarde, em dezembro de 2018, o grupo português acabou também por alienar, à mesma Miya, a sua posição maioritária na Vista Water, empresa angolana que desenvolve neste PALOP sistemas de abastecimento de água urbanos e rurais.
Três anos depois, no início de 2019, o grupo israelita vendeu a Miya Water, a empresa que detém a Indáqua, à "private equity" internacional Bridgepoint.
A 10 de setembro do ano seguinte, a Bridgepoint anunciava tinha vendido o controlo da Miya Water ao fundo Antin Infrastructure Partners, empresa fundada pelo francês Alain Rauscher e o britânico Mark Crosbie, e que conta com escritórios em Londres, Paris, Luxemburgo, Nova Iorque, Singapura, Seul e Luxemburgo.
A Bridgepoint não revelou o valor da operação, mas fontes do mercado financeiro avaliaram o negócio em 600 milhões de euros.
Entretanto, no início do ano passado, o fundo Equitix esteve em negociações exclusivas para a compra da Indaqua ao Antin Infrastructure Partners, um negócio avaliado em cerca de 800 milhões de euros, mas a operação acabou por não se concretizar.