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Rainha das concessões de água em Portugal nas mãos de um fundo franco-britânico
Um ano após ter comprado o maior operador privado português nas concessões municipais de água ao grupo israelita Arison, a “private equity” Bridgepoint acaba de vender a Indaqua ao fundo Antin Infrastructure Partners, que tem a sede repartida por Londres, Paris e Nova Iorque.
Nos últimos quatro anos, a Indáqua, maior operador privado português nas concessões municipais, já mudou de mãos uma, duas, três vezes.
Em 2016, a Mota-Engil vendeu a sua posição de controlo na empresa, por 60 milhões de euros, à Miya, empresa fundada pela empresária israelo-americana Shari Arison - considerada a mulher mais rica de Israel -, integrando o grupo de investimento Arison.
Mais tarde, em dezembro de 2018, o grupo português acabou também por alienar, à mesma Miya, a sua posição maioritária na Vista Water, empresa angolana que desenvolve neste PALOP sistemas de abastecimento de água urbanos e rurais.
Três anos depois, no início do ano passado, o grupo israelita vendeu a Miya Water, a empresa que detém a Indáqua, à "private equity" internacional Bridgepoint.
Mas eis que, esta quinta-feira, 10 de setembro, a Bridgepoint anunciou que firmou a venda do controlo da Miya Water ao fundo Antin Infrastructure Partners, empresa fundada pelo francês Alain Rauscher e o britânico Mark Crosbie, e que conta com escritórios em Londres, Paris, Luxemburgo e Nova Iorque.
A Bridgepoint não revela o valor da operação, mas fontes do mercado financeiro avançavam, nos últimos tempos, que o negócio rondaria os 600 milhões de euros.
No âmbito das concessões municipais e parcerias público-privadas no negócio do abastecimento de água e tratamento de águas residuais em Portugal, a Indaqua ganhou o seu primeiro contrato público em 1996, no concelho de Fafe, detendo ainda a concessão do abastecimento de água em Santo Tirso/Trofa, Santa Maria da Feira, Vila do Conde, Matosinhos (onde está sediada) e Oliveira de Azeméis, a que acresce uma parceria público-privada em São João da Madeira.
"Após a conclusão da aquisição, a Antin irá trabalhar com a equipa de gestão de Miya, liderada pelo CEO Amit Horman, para apoiar oportunidades de crescimento na área das concessões de água e PPP na Europa e na América do Norte, assim como no desenvolvimento de projetos de eficiência hídrica em todo o mundo", avança a Bridgepoint, em comunicado.
"As perspetivas de crescimento da Miya" são sustentadas pelo facto de operar num "mercado atrativo", onde há cada vez mais um "maior foco na eficiência hídrica" e onde o setor privado necessita de "apoiar investimentos significativos", assinala.
Perspetivas subscritas por Mauricio Bolaña, sócio da Antin, que garante que a Miya "é uma operadora de classe mundial, com uma base sólida que vai servir de trampolim para capturar o forte crescimento potencial que existe no setor".
"Estamos muito satisfeitos em apoiar a equipa de gestão de Miya na próxima fase de desenvolvimento da empresa", afirma.
No mesmo comunicado, a Bridgepoint enfatiza que a Indaqua "é a maior operadora privada de água em Portugal e fornecedora global de soluções integradas de eficiência hídrica abrangentes para serviços públicos e privados".
"Com mais de 700 funcionários, a Miya atende mais de 600 mil pessoas em Portugal através de seis concessões de longo prazo e uma parceria público-privada", destaca a Bridgepoint.
(Notícia atualizada às 11:30)