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Capacidade da Coreia do Norte para ter uma bomba de hidrogénio gera onda de cepticismo

Países e especialistas nucleares mantêm algum cepticismo quanto à veracidade da reivindicação norte-coreana, que afiança ter feito um teste bem-sucedido a uma bomba de hidrogénio. Saiba o que é uma bomba H.

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North Korea's Nuclear Claims Met With Skepticism
06 de Janeiro de 2016 às 14:27
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A Coreia do Norte garante ter efectuado com sucesso o primeiro teste com uma bomba de hidrogénio, também conhecida como bomba H. No entanto, subsistem dúvidas quando à capacidade de Pyongyang para deter a tecnologia necessária a construir aquilo que o regime norte-coreano designou de "bomba H de justiça".

 

Apesar de o Departamento de Geologia dos Estados Unidos ter detectado registos sísmicos com uma magnitude de 5,1 no noroeste da Coreia do Norte, precisamente a zona onde Pyongyang levou a cabo os anteriores três testes nucleares (2006, 2009 e 2013), que levariam à aplicação de sanções por parte das Nações Unidas, Washington veio entretanto notar não poder ainda confirmar a veracidade das alegações norte-coreanas, anunciando estar a monitorizar a situação.

 

Segundo as autoridades da Coreia do Sul, país que se prontificou a denunciar a gravidade da reivindicação feita por Pyongyang, o aparelho utilizado no teste feito na madrugada desta quarta-feira, 6 de Janeiro, teria cerca de 6 quilotoneladas, aproximadamente o mesmo peso do aparelho utilizado no teste nuclear de 2013.

 

Convicção que levou o Departamento de Defesa da Coreia do Sul, citado pela Reuters, a concluir que "tendo em conta a escala" do que Pyongyang afiança ser uma bomba de hidrogénio miniaturizada, "é difícil acreditar tratar-se realmente de uma bomba H". Para Seul, a Coreia do Norte poderá somente ter testado um aparelho a "meio caminho" entre a bomba atómica (bomba A) e a bomba H.

 

Também Joe Cirincione, especialista nuclear e presidente de uma organização de segurança global (Ploughshares Fund), acredita que o teste executado pela Coreia do Norte não é relativo a uma bomba de hidrogénio. No entender de Cirincione, Pyongyang poderá ter-se limitado a misturar um isótopo de hidrogénio numa bomba atómica convencional. O que apesar de ser, "na verdade, hidrogénio", não garante a capacidade de destruição de uma bomba H, resume este especialista também citado pela Reuters.

 

O registo sísmico detectado pelos Estados Unidos na última madrugada de 5,1 é precisamente igual ao registado no teste nuclear de 2013. No entanto, independentemente de se tratar, ou não, de uma bomba H, ou somente de uma bomba que mistura capacidade nuclear com hidrogénio, a verdade é que o teste aparentemente concretizado com sucesso pela Coreia do Norte assinala uma evolução da capacidade tecnológica do país.

 

A capacidade para miniaturizar esta tecnologia de forma a ser utilizada, por exemplo, num míssil convencional, configura um crescendo da ameaça norte-coreana, não apenas para os seus rivais regionais, mas também para os Estados Unidos. Um dos primeiros a reconhecer este perigo foi o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, ao admitir tratar-se de um "grande perigo para a segurança do nosso país". E além das Nações Unidas, também França, Alemanha, Rússia e mesmo a China já condenaram a prossecução de testes que violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Pyongyang justifica a realização deste novo teste pela necessidade de enfrentar a ameaça nuclear apresentada por Washington. 

 

O New York Times oferece uma leitura adicional dos acontecimentos verificados por volta da 01:30 em Lisboa. Para este jornal norte-americano, o teste feito demonstra que a relação entre a China, o principal aliado da Coreia do Norte, e Pyongyang se está a "deteriorar". Faltando saber a resposta de Pequim ao que poderá ser uma desautorização e um desalinhamento face ao seu principal aliado regional e também no Conselho de Segurança.

 

O Conselho de Segurança das Nações Unidas reúne-se esta tarde com carácter de urgência para discutir esta questão, sendo de esperar que venham a ser adoptadas novas sanções. 

O que é uma bomba de hidrogénio?
Bomba de Hidrogénio (bomba H) ou Bomba Termonuclear é um mecanismo que produz uma explosão em duas fases, comafissão de um átomo a provocar uma posterior reacção de fusão atómica. Ao contrário da bomba atómica (bomba A), cuja reacção é provocada pela fusão dos núcleos dos átomos de plutónio ou urânio, a bomba H baseia-se na fusão de átomos que compõem o hidrogénio, resultando numa explosão nuclear.

 

Assim, primeiro verifica-se uma reacção de cisão nuclear e depois uma reacção de fusão nuclear. A primeira explosão emite raios X que acabam por provocar a segunda explosão, espoletada pela fusão do trítio e do deutério, dois isótopos do hidrogénio. Trata-se de uma tecnologia mais sofisticada do que a da bomba A e que têm um poder de destruição ainda mais devastador.

 

Apesar de, por natureza, estes isótopos se repelirem mutuamente, os raios X enfraquecem esta força repelente facilitando a sua fusão. Depois é esta fusão que provoca uma enorme libertação de energia. Este tipo de bomba nunca foi utilizado em cenário de guerra. Pyongyang garante ter começado a desenvolver esta tecnologia em 2013.

 

Bomba miniaturizada: A Coreia do Norte afiança que o teste feito concerne a uma bomba de hidrogénio "miniaturizada". Basicamente tal significa tratar-se de uma bomba termonuclear feita numa menor escala, num tamanho suficientemente pequeno que permita introduzir a referida bomba num míssil. 

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