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EUA adoptam novas sanções contra a Coreia do Norte
Barack Obama decidiu apertar o cerco à Coreia do Norte com um novo pacote de sanções. A decisão tem lugar na sequência das sanções adoptadas pelas Nações Unidas contra o país este mês, e da condenação do norte-americano Otto Warmbier a 15 anos de trabalhos forçados.
A Casa Branca anunciou esta quarta-feira, 16 de Março, um novo pacote de sanções contra a Coreia do Norte com o propósito de penalizar o país depois dos testes balísticos conduzidos este ano à revelia das regras da comunidade internacional.
A decisão executiva de Barack Obama dá sequência às sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas ao país no início deste mês, mas vai mais longe, escreve a BBC.
Entre as medidas, está o congelamento de bens detidos pelo Governo norte-coreano nos Estados Unidos, a proibição das exportações de bens para o país liderado por Kim Jong Un e quaisquer investimentos na Coreia do Norte. As sanções permitem ainda que o Governo norte-americano incluia numa "lista negra" todos os indivíduos, sejam ou não nacionais, que mantenham relações com os grandes sectores da economia norte-coreana.
O reforço das sanções tem lugar depois dos testes nucleares levados a cabo pelo país a 6 de Janeiro e do lançamento de um foguetão com tecnologia míssil balística a 7 de Fevereiro, actos entretanto condenados pelo Estado português.
A 2 de Março, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas adoptou, com a provação dos seus 15 membros e o apoio da China, as mais fortes sanções alguma vez impostas ao país.
Na altura, Barack Obama classificou a resolução como "uma resposta firme, unida e apropriada da comunidade internacional" apos estes balísticos levados a cabo pelo país.
"A comunidade internacional, falando a uma voz, envia a Pyongyang uma mensagem: a Coreia do Norte tem de abandonar estes programas perigosos e escolher um caminho melhor para o seu povo", afirmou Obama numa declaração então divulgada à imprensa.
Agora, Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca que deu a conhecer as novas medidas, reforçou esta ideia.
"Os Estados Unidos e a comunidade global não vão tolerar as actividades nucleares e testes balísticos ilícitos, e vamos continuar a impor custos à Coreia do Norte até que comece a agir em conformidade com as suas obrigações internacionais", disse.
Barack Obama acrescentou que as sanções "não visam atingir a população norte-coreana", atribuindo a Pyongyang a responsabilidade pelo impacto negativo que possa resultar daí.
Escreve a BBC que não são conhecidas as propriedades que a Coreia do Norte detém nos Estados Unidos, e as relações comerciais entre os dois países são muito pequenas, mas expansão da dita "lista negra" é um passo significativo no reforço das punições de Washington ao país.
Explica a Reuters que apesar de décadas de tensão, os Estados Unidos não tinham um embargo pleno nas relações comerciais com a Coreia do Norte. As autoridades consideravam que a medida não seria eficaz sem o apoio da China, principal parceiro comercial do país. No entanto, com apoio da China ao pacote de sanções adoptado pelas Nações Unidas, este obstáculo parece começar a dissipar-se.
Lembra a BBC que este mês os Estados Unidos e a Coreia do Sul levam a cabo os seus rotineiros ensaios militares, o que normalmente gera tensão na Coreia do Norte.
Ao divulgar as novas sanções, a Casa Branca também "encorajou" a Coreia do Norte a conceder um perdão e a libertar o jovem norte-americano Otto Warmbier, de 21 anos, condenado a 15 anos de trabalhos forçados por tentar roubar um cartaz de propaganda política do hotel onde estava instalado.
Warmbier é apenas um dos vários casos recentes de detenções de cidadãos estrangeiros no país. A BBC recorda alguns.
O caso de Hyeon Soo Lim, cidadão do Canadá e de origem sul coreana, condenado em Dezembro a fazer trabalhos forçados pelo resto da sua vida por "crimes contra o Estado".
Kim Dong Chul, um empresário que fazia viagens frequentes ao país foi detido em Outubro de 2015 por "espionagem".
Sandra Suh, uma norte-americana detida e expulsa em Abril de 2015, acusada de produzir propaganda anti-regime.
Matthew Todd Miller foi condenado em Setembro de 2014 a seis anos de trabalhos forçados por "actos hostis", mas libertado em Novembro desse mesmo ano.
Kenneth Bae, preso em Novembro de 2012, condenado a 15 anos de trabalhos forçados em Maio de 2013 por tentativa de derrubar o Governo, mas entretanto libertado na mesma altura que Miller.
Jeffrey Fowle, detidos por cinco meses e acusado de "crimes contra o Estado", e libertado em Outubro de 2014.