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Varoufakis: Perdão parcial de dívida à Grécia sairia "mais barato" aos credores

O ministro das Finanças grego considera que o perdão parcial seria uma melhor opção para os credores do que estender o actual programa. O presidente do Eurogrupo disse estar "muito pessimista" sobre as negociações com a Grécia. Yanis Varoufakis já começou negociações "ao nível técnico" com o BCE, FMI e Comissão Europeia.

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A Grécia defende que um perdão parcial da dívida sairia mais barato aos credores do que alargar o actual programa de ajustamento.

 

Os parceiros europeus defendem que Atenas deve alargar o actual programa, mas o Governo de Alexis Tsipras está relutante em assinar uma extensão do acordo para além de 28 de Fevereiro.

 

"Todos sabem que, sem um novo acordo, a dívida actual da Grécia não é sustentável", começou por dizer o ministro das Finanças em entrevista à revista alemã Der Spiegel, citado pela Reuters.

 

"Eu percebo que o Governo alemão quer evitar a palavra perdão da dívida ("haircut"). Mas de facto funcionaria melhor e de forma mais barata para os credores do que uma extensão do programa", defendeu Yanis Varoufakis.

 

O perdão de dívida era uma reinvidicação inicial do Syriza, tal como defendido no "programa de Salónica", o guião da coligação de esquerda radical para os próximos quatro anos.

 

Recentemente, Atenas pediu uma reestruturação da dívida (renegociação dos juros e dos prazos de pagamento dos empréstimos), no que foi apontado pelos analistas como um recuo do Governo de Alexis Tsipras face às suas intenções iniciais. 

 

Entre as propostas apresentadas por Yanis Varoufakis ao Financial Times a 3 de Fevereiro constam também obrigações com juros indexados ao crescimento económico e a troca de obrigações do BCE por obrigações perpétuas.

 

Ao mesmo tempo que Varoufakis defendeu que a renegociação do valor nominal da dívida grega é a melhor opção para Atenas, o presidente do Eurogrupo veio a público dizer que está "muito pessimista" sobre o alcançar de um acordo para a Grécia.

 

"É muito complicado. Só podemos gastar dinheiro quando o temos", defendeu Jeroen Dijsselbloem hoje em Haia, citado pela Bloomberg.

 

"A Grécia quer muito, mas tem pouco dinheiro para fazê-lo. Isso é realmente um problema para os gregos", considera.

 

Em relação a alternativas ao actual programa para a Grécia, o também ministro das Finanças dos Países Baixos considera que "as opções são, dado o estado da economia, muito limitadas".

 

Varoufakis já reuniu com BCE, FMI e Comissão Europeia, não com a troika

 

Entretanto, esta sexta-feira em Bruxelas, o ministro das Finanças Yanis Varoufakis já esteve reunido com representantes dos três parceiros que compõem a troika: Banco Central Europeu (BCE), Comissão Europeia (CE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).

 

Consubstancia-se assim o acordo alcançado esta quinta-feira entre Varoufakis e o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que deu luz verde ao início de conversações "ao nível técnico" entre os parceiros da troika e Atenas.

 

Depois da reunião extraordinária do Eurogrupo realizada na quarta-feira, Dijsselbloem anunciava que antes de se poder chegar a "uma base comum" era necessário concretizar primeiro "um acordo político".

 

O início das conversações indiciam que esse acordo político mínimo foi alcançado, esperando-se agora que o debate ao nível técnico permita estabelecer um guião a partir do qual os ministros das Finanças do euro possam começar a trabalhar no Eurogrupo da próxima segunda-feira.

 

Há ainda uma pequena ressalva a fazer. Para que o Governo grego se mantenha fiel à garantia de que não pretende negociar com a troika, a narrativa é, agora, a de que está a negociar individualmente com cada um dos parceiros. A este respeito, citado pela agência Reuters, o porta-voz do Ministério das Finanças alemão, Martin Jaeger, afirmou que Berlim "tem todo o gosto" em deixar de utilizar a expressão troika, mas garante que "estas três instituições vão continuar a monitorizar a situação na Grécia".

 

Ainda não se sabe qual o guião que será definido até à próxima segunda-feira, 16 de Fevereiro, mas a chanceler alemã Angela Merkel, segundo refere a Bloomberg, já assumiu que "gostaria que [a Grécia] requeresse a extensão [do actual programa] o mais rápido possível". O programa de assistência em curso termina a 28 de Fevereiro, sendo que o seu prolongamento havia sido inicialmente rejeitado pelo novo Executivo helénico que argumentava não pretender "prolongar um erro".

 

Mas a aproximação foi feita há já alguns dias, quando Varoufakis admitiu que Atenas estaria na disposição de aplicar cerca de 70% das medidas inscritas no segundo memorando negociado com a troika e que começou a ser aplicado em 2012. 

 

Varoufakis compara programa da troika a tortura

 

Na entrevista ao Der Spiegel, o ministro das Finanças grego criticou duramente o programa de ajustamento desenhado pela troika para a Grécia e comparou o mesmo a práticas de tortura.

 

"Somente antes da paragem cardíaca é que eles nos deixam respirar. Então metem-nos de novo debaixo de água e tudo o que está errado regressa ao início", disse Yanis Varoufakis sobre o programa do Banco Central Europeu (BCE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Comissão Europeia.

 

Contudo, deixou claro que considera que os membros da troika são pessoas decentes. "Também havia na CIA pessoas muito boas que contra a sua própria vontade faziam "waterboarding" [tortura por simulação de afogamento] e ficavam perante um terrível dilema moral".

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