Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia, garante que o país não vai voltar a implementar medidas de austeridade. Em entrevista ao jornal helénico Ethnos, citada pela Reuters, o chefe do Governo de Atenas assegurou que "independentemente dos obstáculos que poderemos encontrar nos nossos esforços de negociação, não vamos regressar às políticas de austeridade". Alexis Tsipras sustentou ainda que "a chave para um compromisso honrado (com a União Europeia e FMI) é reconhecer que a anterior política de austeridade extrema falhou, não apenas na Grécia, mas em toda a Europa".

A 24 de Fevereiro, o Eurogrupo anunciou oficialmente a aprovação das reformas gregas. "Concordámos assim passar para os procedimentos nacionais com o objectivo de alcançar uma decisão final na extensão em quatro meses do actual ‘Master Financial Assistance Facility Agreement’", pode-se ler no comunicado, em referência ao empréstimo dos países da Zona Euro através do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).

Ainda que Atenas tenha conseguido assim uma extensão por quatro meses, este acordo não concedia mais verbas, pelo que, para o país obter mais fundos no âmbito do resgate, tem de concordar com mais reformas. As negociações técnicas entre as autoridades gregas e os credores arrancaram no passado dia 11 de Março. É esperado que haja acordo, pelo menos, até final de Abril. Estas negociações servem para discutir e especificar as reformas propostas pelo Governo grego.

Na entrevista ao jornal grego, Tsipras foi questionado se o Governo tinha algum plano B para o caso de os parceiros internacionais continuarem a recusar alguma margem em termos de financiamento. Para o primeiro-ministro essa questão fica solucionada na Cimeira Europeia de 19 e 20 de Março. "Não acredito que vamos precisar de aplicar planos alternativos porque a questão vai ser resolvida ao nível político até ao final da semana" antes da Cimeira Europeia "ou, se necessário, na [própria] Cimeira Europeia", assinalou.

Varoufakis pede à Alemanha para ajudar a Grécia a crescer

O relacionamento entre Atenas e Berlim conhece um novo capítulo. Na semana passada, o parlamento grego aprovou a criação

de uma comissão, formada por todos os partidos, para reclamar à Alemanha a devolução do empréstimo forçado e reparações de guerra às vítimas da ocupação nazi. Ao que a Alemanha "respondeu" dizendo que tudo estava resolvido. O porta-voz de Merkel revelou que é "firme convicção [da Alemanha] que as questões de reparações e compensações foram resolvidas legalmente e politicamente".

Este domingo, o ministro das Finanças helénico, Yanis Varoufakis participou num programa televisivo e pediu à Alemanha para ajudar a Grécia a crescer, de acordo com o The Guardian. "A minha mensagem para os telespectadores é muito simples: ajudem-nos a crescer para que assim possamos pagar o dinheiro" que pedimos emprestado, salientou. Em relação aos problemas de liquidez de Atenas, o titular das finanças da Grécia tentou atenuar os receios. "Pequenos e insignificantes problemas de liquidez não devem dividir a Europa".

Para esta segunda-feira, 16 de Março, está agendado um novo reembolso de Atenas ao FMI. De acordo com uma fonte da Reuters, citada pelo The Guardian, o pagamento de 580 milhões de euros vai ser realizado hoje. Durante este mês de Março, a Grécia tem de reembolsar ao FMI 1,5 mil milhões de euros. No passado dia 6, reembolsou 310 milhões de euros. E na última sexta-feira, 13 de Março, a Grécia deu ordem para reembolsar em mais 350 milhões de euros ao FMI. O próximo reembolso – além do de hoje – terá de ser feito na próxima sexta-feira, 20 de Março.