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Governo grego avisa que não vai "entregar o país às exigências dos credores"

No dia em que o Governo grego enviou para o Parlamento a votação à emenda relacionada com o adiamento do aumento do IVA nas ilhas mais afectadas pela crise dos refugiados, o Executivo chefiado por Tsipras avisou que "não vamos entregar o país às exigências dos credores".

33 Grécia
19 de Dezembro de 2016 às 13:26
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Confrontado com o reacendimento das divergências que distanciam as instituições europeias de Atenas e do próprio Fundo Monetário Internacional (FMI), o Governo grego avisa que "não vamos entregar o país às exigências dos credores". Em entrevista radiofónica citada pelo jornal To Vima, Dimitris Tzanakopoulos, porta-voz do Governo grego, disse ainda que Atenas espera concluir o programa de assistência financeira na data prevista, ou seja, no Verão de 2018.

 

Apesar das crescentes dúvidas em torno da validação da avaliação periódica em curso ao cumprimento do memorando, Tzanakopoulos afiança que mesmo que esta seja novamente adiada não haverá eleições antecipadas, isto numa altura em que o Nova Democracia surge à frente do Syriza nas sondagens.

 

Estas declarações anteciparam a votação, já esta segunda-feira, 19 de Dezembro, ao prolongamento de uma excepção à subida do IVA nas ilhas mais prejudicadas pela crise dos refugiados. Já na semana passada o Governo grego enviou para o Parlamento a reposição do 13º mês aos pensionistas mais necessitados, tendo sido aprovada por ampla maioria. Uma vez mais a opção passa por garantir em sede parlamentar um maior respaldo às medidas anunciadas pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras e que levaram a Zona Euro a decidir suspender a implementação do alívio do fardo da dívida pública helénica.

 

Entretanto, adianta o To Vima, o Grupo de Trabalho do Euro deverá reunir-se, em princípio já na próxima terça-feira, para decidir sobre a suspensão das medidas aprovadas no início deste mês com vista ao alívio da dívida grega. Existe a expectativa de que a Zona Euro não acolha a recomendação de interrupção do alívio da dívida dada pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).

 

O que também se deve ao apoio recebido por Tsipras da parte de altos responsáveis tais como do presidente francês, François Hollande, do comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, ou ainda de Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu.

 

O próprio presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), Klaus Regling, apesar de admitir apreensão devido à decisão das autoridades helénicas recorrerem ao excedente orçamental primário (que exclui o pagamento de juros) projectado para 2016 para repor o 13ª mês aos pensionistas e adiar o aumento do IVA nas ilhas orientais, admite que tais medidas não deverão colocar em causas as metas orçamentais definidas para 2017 e 2018.

 

Avaliação ao memorando pode estar concluída apenas na Primavera

 

Esta mais recente divergência entre o Governo grego e os parceiros europeus chegou num momento em que estavam já a decorrer as negociações acerca da avaliação à implementação do memorando de entendimento assinado no Verão de 2015 e que poderá financiar a Grécia até um montante máximo de 85 mil milhões de euros em três anos.

 

E se a primeira avaliação, inicialmente prevista para Outubro-Novembro do ano passado, só foi concluída em Maio deste ano, a validação em curso poderá só chegar em Março ou Abril de 2017. É, pelo menos, essa a indicação dada por fontes europeias ao jornal grego Kathimerini.

 

Estas fontes reconhecem ter sido "apanhadas de surpresa" pela decisão do Governo, que a Comissão Europeia se prontificou a criticar pelo carácter unilateral, recordando que o programa de assistência pressupõe uma tomada de decisões conjunta.

 

Por outro lado, o FMI continua sem efectivar a sua participação financeira naquele que foi o terceiro resgate concedido à Grécia num período de cinco anos. Depois de na semana passada ter defendido que a austeridade imposta ao país já "foi longe de mais", o Fundo insistiu na discordância face ao objectivo imposto de um excedente primário de 3,5% do PIB grego, considerando que tal coloca em causa as possibilidades de crescimento económico do país.

Contudo, no imediato a questão mais premente para a Grécia prende-se com a validação da avaliação ao memorando, dado ser esta a permitir a libertação da próxima tranche do resgate, sem a qual a capacidade do Governo para proceder aos pagamentos de salários e pensões pode ser novamente colocada em causa, tal como sucedeu na Primavera passada. 

A enquadrar todo este cenário está a cada vez maior contestação ao Governo grego, ganhando força a especulação sobre a possibilidade de Tsipras convocar eleições antecipadas.

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