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Bruxelas sustenta que seria "suicida" se Atenas recusasse pagamento da dívida
O comissário europeu Pierre Moscovici, que se encontra na Grécia, defendeu que uma eventual recusa das autoridades gregas em pagarem a dívida aos credores internacionais seria um acto "suicida" para o país. O Syriza continua a liderar as sondagens e o DIMAR assume possibilidade de deputados votarem em Stavros Dimas.
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No âmbito da sua visita de dois dias à Grécia, o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, garantiu que a possibilidade de um governo liderado pelo partido anti-memorando Syriza não pagar a dívida grega aos credores internacionais seria um acto suicida para o país.
"A ideia de se contemplar a possibilidade de não se reembolsar uma grande dívida é suicida", sustentou o francês Moscovici, citado pela Associated Press, após uma reunião de três horas com o primeiro-ministro grego Antonis Samaras.
Para Moscovici tal hipótese "não é possível" porque isso seria a entrada em "default e isso é aquilo que temos vindo a tentar evitar nos últimos anos". Além disso, Moscovici lembrou que apesar de "permanecer a necessidade de reformas estruturais", tal não se verifica apenas na Grécia. "Isso não apenas para a Grécia, mas para todos os países da Zona Euro", aclarou Moscovici.
Todavia, o comissário europeu reconhece que "já foi alcançado um grande progresso" na implementação de reformas estruturais na Grécia e considera que "a maior parte do esforço já foi feita". A visita e declarações de Moscovici surgem enquadradas pela contagem decrescente até às votações parlamentares, esta quarta-feira 17 de Dezembro, para a escolha do próximo presidente da República grego.
A forte possibilidade de não serem alcançados os apoios necessários à eleição do candidato da maioria governativa Stavros Dimas, poderá desencadear um processo que culminaria na convocação de eleições legislativas antecipadas já para o próximo mês de Janeiro.
Syriza permanece à frente das sondagens mas Dimas poderá conseguir eleição
Apesar dos avisos feitos por Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, relativos às consequências de uma hipotética eleição do Syriza, o partido liderado por Alexis Tsipras continua a liderar as sondagens.
De acordo com o Wall Street Journal, as três sondagens divulgadas no fim-de-semana dão a vitória ao Syriza com uma percentagem situada entre os 24,2% e os 27,6%. Recorde-se que este partido de extrema-esquerda lidera as sondagens, pelo menos desde as últimas eleições europeias em Maio deste ano.
Ainda assim, a liderança do Syriza para o Nova Democracia de Samaras para as hipotéticas legislativas caiu nas últimas semanas para uma vantagem situada entre os 2,8 e os 3,6 pontos percentuais, face aos 4 pontos percentuais de há cerca de um mês. No entanto, apesar da liderança do Syriza, que já garantiu o fim do memorando da troika caso vença as legislativas, as sondagens deste fim-de-semana indicam que a maioria do povo grego (54%-57,8%) é contrário à realização de eleições parlamentares antecipadas.
Enquanto isso, numa altura em que as negociações entre os membros da troika e Atenas estão bloqueadas, depois de prolongado o programa de assistência económica e financeira, que terminava a 31 de Dezembro, até ao final de Fevereiro, o ministro das Finanças grego, Gikas Hardouvelis, segundo refere o Ekathimerini, revelou que a troika regressará à Grécia já em Janeiro.
Está em causa o enquadramento do final do resgate financeiro à Grécia e a forma como poderão ser garantidas linhas de crédito cautelares a Atenas. Perante os temores face à não continuidade da Grécia no seio da Zona Euro, ao início desta segunda-feira, a porta-voz da Comissão, Mina Andreeva, assegurava que "aconteça o que acontecer, para a Comissão Europeia o único cenário viável, no qual estamos a trabalhar, é garantir firmemente a continuidade da Grécia na Zona Euro".
O cenário político helénico está em natural ebulição perante as ameaças de mudança de sinal político no parlamento grego. De fronte a todas as indefinições que grassam no país, o líder da Esquerda Democrática (DIMAR), Fotis Kouvelis, assumiu hoje, a dois dias da primeira ronda das eleições presidenciais, que não considerará "apóstata" se algum dos 10 deputados deste partido votar a favor de Dimas. Na semana passada Kouvelis anunciava que o DIMAR é contra a eleição de Stavros Dimas, mas a oposição à realização de legislativas antecipadas, demonstrada pelo povo grego nas sondagens, poderá contribuir para a eleição do candidato Dimas.
1. A 17 de Dezembro os deputados gregos vão realizar a primeira votação, de três possíveis, para a escolha do presidente helénico. Todos os partidos representados no parlamento têm direito a apresentar um candidato, podendo essa escolha ser alterada no decorrer do processo. Para garantir a eleição do presidente nesta primeira votação é necessária uma maioria de dois terços, ou seja de 200 parlamentares. Se esta não for alcançada ter-se-á de realizar uma segunda votação no prazo de cinco dias;
2. A 23 de Dezembro terá lugar uma eventual segunda votação que, no entanto, também requer uma maioria qualificada de 200 deputados. Se não for alcançada a maioria necessária haverá então lugar a uma terceira e última votação no prazo de cinco dias;
3. Nesta última votação é exigida uma maioria de três quintos, bastando apenas os votos de 180 parlamentares para eleger o presidente grego. Se o actual governo não conseguir eleger o seu candidato (Stavros Dimas), o parlamento será dissolvido e será anunciada a data de realização de legislativas antecipadas no prazo de dez dias. As hipotéticas eleições parlamentares teriam de acontecer até 21 dias após o dia em que forem marcadas as legislativas antecipadas;
4. Assumindo as regras eleitorais gregas, que também obrigam a que as legislativas sejam realizadas num domingo, surgem os dias 25 de Janeiro e 1 de Fevereiro como datas mais plausíveis para as eleições parlamentares gregas caso não se consiga eleger um presidente da república nas três votações já referidas;
5. Terminadas as votações parlamentares, se o partido mais votado tiver alcançado maioria, o líder desse partido recebe mandato para formar governo até ao terceiro dia após as eleições. Se não houver nenhum partido maioritário, é o líder do partido mais votado que tem três dias para formar o Executivo, cuja formalização requer posterior aprovação em sede parlamentar;
6. No caso de insucesso destas tentativas de formação de governo, é atribuído um prazo de três dias ao líder do segundo partido mais votado para que este forme governo. Caso esta opção não valide um Executivo, surge a última tentativa ao ser atribuído novo prazo de três dias para que o líder da terceira força partidária mais votada forme Executivo governamental;
7. Por fim, falhadas todas estas tentativas, e à imagem do sucedido em 2012, os líderes partidários terão de reunir-se com o presidente grego, que no caso deverá continuar a ser Karolos Papoulias, que assumiu funções em 2005, de forma a tentar ser encontrada uma coligação estável de governo. Se tal não for possível, serão agendadas novas eleições legislativas.