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Samaras acusa oposição de provocar "terror" nos mercados com ameaça de eleições antecipadas

O primeiro-ministro grego Antonis Samaras responsabiliza o partido de extrema-esquerda Syriza pela incerteza e preocupação criada nos mercados e diz que os cidadãos "não querem" eleições antecipadas.

Bloomberg
11 de Dezembro de 2014 às 10:14
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O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, acusa o Syriza de ter provocado o "terror" entre os investidores esta semana e insiste que os gregos não querem eleições antecipadas. Isto depois de a bolsa de Atenas ter registado, na terça-feira, um deslize de quase 13% - a maior queda dos últimos 27 anos - devido aos receios em torno da situação financeira e política do país.

 

"Nós não temos que dizer nada; o terror que causam fala por si só ", disse Samaras numa conferência realizada ontem à noite, em Atenas, citado pelo grego Ekathimerini, dirigindo-se ao partido de extrema-esquerda Syriza, liderado por Alexis Tsipras.

 

"Eles estão a tentar interromper o progresso do país, com a ameaça de eleições antecipadas, usando a eleição presidencial como o seu veículo e indo, assim, contra o espírito da Constituição", acrescentou Samaras. "Algumas pessoas, no exterior, estão a ficar preocupadas com a instabilidade política e a incerteza".

 

O primeiro-ministro grego insistiu que a maioria dos gregos quer um presidente eleito pelo Parlamento e não deseja eleições legislativas antecipadas. "Os cidadãos não querem eleições e os mercados também não", reforçou.

 

Na Grécia, é o parlamento quem elege o presidente da República. Para tal, é necessária uma maioria robusta que não está garantida pela actual coligação governamental.

 

Segundo o jornal grego Kathimerini, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, já expressou certeza de que o candidato do governo para a presidência, Stavros Dimas, não será eleito em nenhuma das três votações no Parlamento. Dimas teria de reunir 200 ou mais votos nas duas primeiras votações e 180 na votação final.

 

A escolha do candidato presidencial foi aplaudida em Bruxelas. "A escolha de Stavros Dimas envia uma forte mensagem para a Europa já que é ex-comissário e um europeu convicto", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Annika Breidthardt.

 

Grécia só terá acesso a linha de crédito cautelar se concluir o programa com êxito, diz Schäuble

 

Esta quarta-feira à noite, o grupo de trabalho que representa o Eurogrupo aprovou o pedido de extensão do programa de resgate grego por dois meses, que Atenas formalizou no mesmo dia de manhã. O ministro das Finanças alemão, Wolfganag Schäuble, já sugeriu que não será alcançado nenhum acordo sobre uma linha de crédito cautelar até que o actual programa seja concluído com sucesso.

 

Após a aprovação pelo grupo de trabalho, a extensão terá que passar por vários parlamentos, incluindo da Finlândia, Holanda e Alemanha. O prolongamento técnico do programa significa que o país não terá, para já, que devolver os 11,5 mil milhões de euros reservados à banca e que não perderá a última tranche do resgate, no valor de 1,8 mil milhões.

 

Em Berlim, onde o ministro do Negócios Estrangeiros Evangelos Venizelos esteve reunido com Schäuble, o governante alemão garantiu que Atenas só terá acesso a uma linha de crédito cautelar se concluir o actual programa sem problemas. "Esse é um passo após a conclusão bem-sucedida do programa", sublinhou o ministro alemão.

 

"A Grécia tem de continuar neste caminho. Os êxitos alcançados até agora são animadores para todos nós", acrescentou. 

 

O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, estará de visita a Atenas na próxima segunda e terça-feira.

 

"Estarei de visita à Grécia na segunda e terça-feira. Estamos solidários com a Grécia e o seu povo à medida que avançam com as reformas na área do emprego e crescimento ", escreveu Moscovici na sua conta no Twitter esta quinta-feira.

 

 

 
Cronologia das presidenciais gregas:

1. A 17 de Dezembro os deputados gregos vão realizar a primeira votação, de três possíveis, para a escolha do presidente helénico. Todos os partidos representados no parlamento têm direito a apresentar um candidato, podendo essa escolha ser alterada no decorrer do processo. Para garantir a eleição do presidente nesta primeira votação é necessária uma maioria de dois terços, ou seja de 200 parlamentares. Se esta não for alcançada ter-se-á de realizar uma segunda votação no prazo de cinco dias;

 

2. A 23 de Dezembro terá lugar uma eventual segunda votação que, no entanto, também requer uma maioria qualificada de 200 deputados. Se não for alcançada a maioria necessária haverá então lugar a uma terceira e última votação no prazo de cinco dias;

 

3. Nesta última votação é exigida uma maioria de três quintos, bastando apenas os votos de 180 parlamentares para eleger o presidente grego. Se o actual governo não conseguir eleger o seu candidato (Stavros Dimas), o parlamento será dissolvido e será anunciada a data de realização de legislativas antecipadas no prazo de dez dias. As hipotéticas eleições parlamentares teriam de acontecer até 21 dias após o dia em que forem marcadas as legislativas antecipadas;

 

4. Assumindo as regras eleitorais gregas, que também obrigam a que as legislativas sejam realizadas num domingo, surgem os dias 25 de Janeiro e 1 de Fevereiro como datas mais plausíveis para as eleições parlamentares gregas caso não se consiga eleger um presidente da república nas três votações já referidas;

 

5. Terminadas as votações parlamentares, se o partido mais votado tiver alcançado maioria, o líder desse partido recebe mandato para formar governo até ao terceiro dia após as eleições. Se não houver nenhum partido maioritário, é o líder do partido mais votado que tem três dias para formar o Executivo, cuja formalização requer posterior aprovação em sede parlamentar;

 

6. No caso de insucesso destas tentativas de formação de governo, é atribuído um prazo de três dias ao líder do segundo partido mais votado para que este forme governo. Caso esta opção não valide um Executivo, surge a última tentativa ao ser atribuído novo prazo de três dias para que o líder da terceira força partidária mais votada forme Executivo governamental;

 

7. Por fim, falhadas todas estas tentativas, e à imagem do sucedido em 2012, os líderes partidários terão de reunir-se com o presidente grego, que no caso deverá continuar a ser Karolos Papoulias, que assumiu funções em 2005, de forma a tentar ser encontrada uma coligação estável de governo. Se tal não for possível, serão agendadas novas eleições legislativas.

 

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