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Bolsa e juros gregos em alta em dia de eleições presidenciais
A bolsa helénica está a subir mais de 2% no dia em que se realiza a primeira volta das eleições presidenciais. Os juros da dívida estão também a subir no mercado secundário, com a "yield" dos títulos a dez anos acima dos 9%.
A Grécia tem esta quarta-feira, 17 de Dezembro, a primeira volta das eleições presidenciais antecipadas. A bolsa helénica soma 2,02%, liderando as valorizações entre as congéneres europeias. Os juros da dívida grega no mercado secundário estão a subir. A cinco anos, as "yields" avançam 3,7 pontos base para 9,937% e a dez anos, de acordo com as taxas genéricas da Bloomberg, crescem 4,5 pontos base para 9,107%.
Devido aos receios que circundam esta eleição, vários analistas consideram que será oportuno evitar, pelo menos para já, a dívida grega. O Société Générale, de acordo com uma nota enviada aos clientes citada pela Bloomberg, diz aos seus clientes para continuarem a evitar a dívida grega dado que a incerteza vai "continuar a pairar sobre os céus helénicos". Já para o Citigroup, o mercado vai continuar apreensivo uma vez que que ainda não se sabe a coligação governamental vai conseguir os 180 lugares no parlamento para eleger o candidato apoiado pelo Governo.
Na semana passada, o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, surpreendeu os mercados com a convocação antecipada de eleições presidenciais. O escrutínio deveria acontecer no primeiro trimestre do próximo ano. Esta decisão de antecipar as eleições surge depois de a Grécia ter recebido uma extensão ao programa de ajustamento e teve efeitos imediatos nos mercados. As bolsas europeias caíram e os juros da dívida de vários países no mercado secundário subiram.
Esta quarta-feira representa a primeira oportunidade, no total de três, para que seja escolhido o próximo presidente da Grécia. Stavros Dimas é o candidato apoiado pela coligação governamental liderada por Antonis Samaras.
Na Grécia, o Presidente é eleito por sufrágio indirecto, sendo necessária uma maioria qualificada de dois terços no parlamento. Ora, a maioria no poder (conservadores e socialistas) tem apenas 155 lugares, dos 200 necessários. O Executivo de Samaras espera que o seu candidato obtenha pelo menos 161 votos dos deputados. O parlamento tem 300 lugares e estes 161 ficam aquém dos 200 necessários para a eleição.
A incerteza em torno do resultado deste acto eleitoral pode desencadear a antecipação das legislativas e redundar numa eventual vitória do Syriza e no início de um período conturbado entre Atenas e os credores internacionais.
1. A 17 de Dezembro os deputados gregos vão realizar a primeira votação, de três possíveis, para a escolha do presidente helénico. Todos os partidos representados no parlamento têm direito a apresentar um candidato, podendo essa escolha ser alterada no decorrer do processo. Para garantir a eleição do presidente nesta primeira votação é necessária uma maioria de dois terços, ou seja de 200 parlamentares. Se esta não for alcançada ter-se-á de realizar uma segunda votação no prazo de cinco dias;
2. A 23 de Dezembro terá lugar uma eventual segunda votação que, no entanto, também requer uma maioria qualificada de 200 deputados. Se não for alcançada a maioria necessária haverá então lugar a uma terceira e última votação no prazo de cinco dias;
3. Nesta última votação é exigida uma maioria de três quintos, bastando apenas os votos de 180 parlamentares para eleger o presidente grego. Se o actual governo não conseguir eleger o seu candidato (Stavros Dimas), o parlamento será dissolvido e será anunciada a data de realização de legislativas antecipadas no prazo de dez dias. As hipotéticas eleições parlamentares teriam de acontecer até 21 dias após o dia em que forem marcadas as legislativas antecipadas;
4. Assumindo as regras eleitorais gregas, que também obrigam a que as legislativas sejam realizadas num domingo, surgem os dias 25 de Janeiro e 1 de Fevereiro como datas mais plausíveis para as eleições parlamentares gregas caso não se consiga eleger um presidente da república nas três votações já referidas;
5. Terminadas as votações parlamentares, se o partido mais votado tiver alcançado maioria, o líder desse partido recebe mandato para formar governo até ao terceiro dia após as eleições. Se não houver nenhum partido maioritário, é o líder do partido mais votado que tem três dias para formar o Executivo, cuja formalização requer posterior aprovação em sede parlamentar;
6. No caso de insucesso destas tentativas de formação de governo, é atribuído um prazo de três dias ao líder do segundo partido mais votado para que este forme governo. Caso esta opção não valide um Executivo, surge a última tentativa ao ser atribuído novo prazo de três dias para que o líder da terceira força partidária mais votada forme Executivo governamental;
7. Por fim, falhadas todas estas tentativas, e à imagem do sucedido em 2012, os líderes partidários terão de reunir-se com o presidente grego, que no caso deverá continuar a ser Karolos Papoulias, que assumiu funções em 2005, de forma a tentar ser encontrada uma coligação estável de governo. Se tal não for possível, serão agendadas novas eleições legislativas.