O primeiro-ministro britânico, David Cameron, quer retomar as conversações sobre o referendo relativo à permanência do Reino Unido na União Europeia (UE) em Setembro. Cameron quer reunir-se com os líderes das instituições europeias, com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o presidente francês, François Hollande, antes do congresso do partido Conservador que se realiza a 4 de Outubro e do Conselho Europeu de 15 e 16 de Outubro.

Prometido por Cameron para 2017, o referendo sobre o "Brexit" poderá mesmo realizar-se já durante o próximo ano, razão pela qual o primeiro-ministro inglês pretende avançar com uma segunda ronda de negociações de alto nível já em Setembro. Até porque Cameron quer chegar ao congresso do Partido Conservador com um plano de reformas concretas que lhe permitam suster a pressão dos companheiros de partidos mais eurocépticos.

Citado esta segunda-feira, 27 de Julho, pelo The Guardian, Cameron revelou que as negociações ao nível técnico entre Londres e Bruxelas estão agora a decorrer "muito bem". Isto depois das críticas feitas pela França e pela Polónia às exigências feitas pelo Reino Unido e que passam, entre outros pontos, por matérias relacionadas com a imigração e a mobilidade de cidadãos no espaço europeu.

Com o objectivo de realizar o referendo já no próximo ano, Cameron pretende chegar a acordo com os restantes parceiros europeus o mais rápido possível de forma a que uma proposta detalhada de reformas possa ser formalizada na Cimeira de líderes europeus agendada para o próximo mês de Dezembro. As alterações que Cameron venha a propor terão de ser aprovadas por unanimidade pelos 28 Estados-membros da União, um factor que poderá dificultar a tarefa do governo britânico.

Após a primeira ronda de negociações com os líderes europeus que se seguiu à reeleição, com maioria, de David Cameron no passado mês de Maio, o então reeleito primeiro-ministro disse estar "satisfeito pelo facto de o processo estar a decorrer adequadamente". Ainda em Maio último, o chefe do Executivo inglês já antecipava que as negociações com os restantes parceiros europeus deverão ser difíceis, provavelmente marcadas pçor "altos e baixos", disse então. Além da intenção de recuperar alguns dos poderes delegados a Bruxelas na sequência do processo de integração europeu, David Cameron pretende limitar o acesso dos migrantes europeus ao Estado-social britânico.