Ao fim de uma década em Bruxelas, a despedida tem sido feita em pequenas doses. Primeiro foi o "adeus" no Parlamento Europeu no dia em que o seu sucessor Jean-Claude Juncker obteve "luz verde" ao seu Governo europeu. Depois foi o "adeus" na sala de imprensa da Comissão onde citou, em português, Miguel Torga no seu "Recomeçar" – "enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade…".

Até que nesta quinta-feira, 30 de Outubro, o "adeus" ficou gravado na parede.

José Manuel Durão Barroso viu o seu retrato entrar para a "galeria de presidentes" da Comissão Europeia 

A foto, a preto e branco, juntou-se às dos dez anteriores presidentes do executivo comunitário, numa cerimónia discreta que contou com a presença do seu sucessor.

Conta a Lusa que Juncker sublinhou que sucede a "um grande presidente" e que Durão Barroso confessou sentir-se emocionado na hora da despedida, após 10 anos no cargo, um recorde de longevidade só antes alcançado por um dos presidentes da "galeria", o francês Jacques Delors (1985-1995).

"Sinto obviamente emoção. Dez anos é muito tempo na vida de qualquer pessoa, e sobretudo dez anos tão intensos e tão difíceis com os que aqui vivi", afirmou.

Manifestando-se "evidentemente sensibilizado" e "emocionado" com "tantas mensagens" de apreço que tem recebido nos últimos dias, bem como "tantas manifestações de carinho e de simpatia", Durão Barroso disse que lhe custa a "separação", para mais após 10 anos.

"Separar é sempre algo que é difícil, mas ao mesmo tempo é um recomeço. As minhas últimas palavras na sala de imprensa (na quarta-feira) foram de um poema de Miguel Torga, (no sentido de) que a vida é um recomeço permanente, e por isso, neste momento, sinto-me dividido entre a alegria de um recomeço e a tristeza, e eu diria portuguesmente a saudade, que já sinto da Comissão Europeia e da União Europeia", completou.

José Manuel Durão Barroso cessa nesta sexta-feira as funções de presidente da Comissão Europeia, cargo que ocupou desde 2004, sendo sucedido pelo luxemburguês Jean-Claude Juncker.