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Moedas diz ter discordado "muitas vezes" da troika

O comissário português indigitado, Carlos Moedas, disse esta terça-feira, durante a audição no Parlamento Europeu, que muitas vezes discordou da troika, mas considera que, enquanto um dos principais responsáveis pela implementação do programa de ajustamento, mostrou que sabe apresentar resultados.

30 de Setembro de 2014 às 10:25
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Na audição que decorre na comissão de Indústria, Investigação e Energia, a eurodeputada portuguesa Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, perguntou a Moedas por que razão destacou a sua experiência como um dos principais responsáveis do governo português por monitorizar o programa de ajustamento, quando respondeu ao questionário escrito que lhe foi previamente dirigido pelos eurodeputados, relativamente às qualificações para exercer o cargo de comissário da Investigação, Ciência e Inovação.

 

"Eu, sinceramente, não me parece que isso seja um bom cartão de visita, até porque o que se espera de si como comissário está nos antípodas do que se fez em Portugal no programa de ajustamento da troika, onde se asfixiou o sistema de investigação, onde se forçou investigadores a abandonar a ciência ou o país. Em que é que isso o qualifica? Sinceramente não percebo", questionou Marisa Matias.

 

Carlos Moedas retorquiu que destacou essa experiência ao longo dos últimos três anos pois o trabalho que levou a cabo mostrou que é capaz de "concretizar" e "apresentar resultados", embora reconhecendo os sacrifícios enormes que o programa de ajustamento representaram.

 

"Foram sacrifícios enormes e eu conheço-os bem, porque os conheço ao nível familiar, ao nível dos meus amigos, e a senhora deputada também [conhece]. E eu sempre reconheci a dureza e o sacrifício que esse programa foi. Mas Portugal estava num momento em que precisava de dar a volta à sua credibilidade e mostrar àqueles que nos emprestaram dinheiro que era um país credível", começou por referir.

 

Carlos Moedas sustentou que aquilo que referiu nas suas respostas escritas ao questionário é que, "como a pessoa que geria em diferentes perspectivas, em diferentes ministérios", a implementação do programa de ajustamento, teve "a capacidade de concretizar".

 

"Eu sou uma pessoa que apresento resultados. E eu penso que no ‘Horizonte 2020’ (o programa-quadro de investigação que irá gerir enquanto comissário), especificamente, é importante ter um comissário que seja uma pessoa focalizada nos resultados", disse.

 

No entanto, admitiu que, durante esse período, foram muitas as vezes em que não concordou com a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).

 

"Eu muitas vezes estive em desacordo com a troika. Muitas vezes estive em desacordo com a troika", insistiu, acrescentando que concorda com a posição adoptada pelo Parlamento Europeu, e já defendida pelo presidente eleito da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, no sentido de que, se no futuro, Estados-membros precisarem de novos programas de resgate, estes devem ser feitos "na Europa, só com a Europa" (ou seja, sem FMI), "e com maior escrutínio democrático".

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