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Moedas diz ter discordado "muitas vezes" da troika
O comissário português indigitado, Carlos Moedas, disse esta terça-feira, durante a audição no Parlamento Europeu, que muitas vezes discordou da troika, mas considera que, enquanto um dos principais responsáveis pela implementação do programa de ajustamento, mostrou que sabe apresentar resultados.
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Na audição que decorre na comissão de Indústria, Investigação e Energia, a eurodeputada portuguesa Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, perguntou a Moedas por que razão destacou a sua experiência como um dos principais responsáveis do governo português por monitorizar o programa de ajustamento, quando respondeu ao questionário escrito que lhe foi previamente dirigido pelos eurodeputados, relativamente às qualificações para exercer o cargo de comissário da Investigação, Ciência e Inovação.
"Eu, sinceramente, não me parece que isso seja um bom cartão de visita, até porque o que se espera de si como comissário está nos antípodas do que se fez em Portugal no programa de ajustamento da troika, onde se asfixiou o sistema de investigação, onde se forçou investigadores a abandonar a ciência ou o país. Em que é que isso o qualifica? Sinceramente não percebo", questionou Marisa Matias.
Carlos Moedas retorquiu que destacou essa experiência ao longo dos últimos três anos pois o trabalho que levou a cabo mostrou que é capaz de "concretizar" e "apresentar resultados", embora reconhecendo os sacrifícios enormes que o programa de ajustamento representaram.
"Foram sacrifícios enormes e eu conheço-os bem, porque os conheço ao nível familiar, ao nível dos meus amigos, e a senhora deputada também [conhece]. E eu sempre reconheci a dureza e o sacrifício que esse programa foi. Mas Portugal estava num momento em que precisava de dar a volta à sua credibilidade e mostrar àqueles que nos emprestaram dinheiro que era um país credível", começou por referir.
Carlos Moedas sustentou que aquilo que referiu nas suas respostas escritas ao questionário é que, "como a pessoa que geria em diferentes perspectivas, em diferentes ministérios", a implementação do programa de ajustamento, teve "a capacidade de concretizar".
"Eu sou uma pessoa que apresento resultados. E eu penso que no ‘Horizonte 2020’ (o programa-quadro de investigação que irá gerir enquanto comissário), especificamente, é importante ter um comissário que seja uma pessoa focalizada nos resultados", disse.
No entanto, admitiu que, durante esse período, foram muitas as vezes em que não concordou com a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
"Eu muitas vezes estive em desacordo com a troika. Muitas vezes estive em desacordo com a troika", insistiu, acrescentando que concorda com a posição adoptada pelo Parlamento Europeu, e já defendida pelo presidente eleito da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, no sentido de que, se no futuro, Estados-membros precisarem de novos programas de resgate, estes devem ser feitos "na Europa, só com a Europa" (ou seja, sem FMI), "e com maior escrutínio democrático".